Palavras para encantar e engajar

A comunicação tem um papel importante no apoio à marca empregadora. Não basta mais informar ou convencer. O púbico interno precisa se envolver de fato com o propósito de sua companhia

O trabalho da comunicação interna, e da externa também, fica dada vez mais complexo e difícil. Foi o fim da era da comunicação unidirecional e surda, onde se comunicava  um fato, a opinião da empresa e ponto final. Os funcionários eram obrigados a cumprir como uma norma. E o público interno sempre esperava atitudes, e não promessas. A palavra de ordem agora é engajamento. As pessoas devem “comprar” a cultura corporativa e aliar seus propósitos como pessoas com os da empresa. E serem embaixadores da marca nos ambientes (principalmente digitais) externos. Só assim irão permanecer nas empresas. Contratar e reter exigem praticas mais amplas e a união entre o RH e a Comunicação.

É um desafio, mas existem caminhos e cases. O assunto foi tema do painel “Palavra que conquista – comunicação como estratégia para reter talentos”, no segundo dia do 2º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores. Iniciativa do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH.

Participaram como speakers Nêmora Müller Reche, diretora de Comunicação Corporativa LATAM & Brasil da Syngenta Proteção de Cultivos, com formação em jornalismo e pós-graduação em Planejamento Estratégico; Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais da Novelis, também graduada em Comunicação e especializações em Marketing e Liderança Organizacional; e Larissa Schlosser, estudante do último ano de RP , que trabalha em desenvolvimento, na área de Recursos Humanos do Hospital Israelita Albert Einstein.

Compartilhando experiências

Eunice, da Novelis: importância do propósito

Cada uma delas relatou suas experiências profissionais no assunto engajamento na retenção de talentos, que geram Employee Value Proposition e Employer Branding. Todo esse assunto de engajamento começa com o propósito, aliando perspectivas pessoais com profissionais e deveria ser uma preocupação do profissional quando participa de um processo seletivo, na ótica de Eunice. “E o que a pessoa quer deixar de legado na sua vida particular e em sua carreira”, complementa. O propósito da Novelis, segundo a diretora, é “juntos criarmos um mundo sustentável”. Tem a ver com seu negócio. É a maior recicladora de alumínio no Brasil. “Nosso propósito é gerar valor, não só para a empresa mas para toda a sociedade”.

Não é só comunicar o proposito, adianta Eunice. É necessário explicar o “como” e o “por que”, e medir os resultados. E mais: “O clima organizacional é o grande balizador na questão da retenção das pessoas. Ninguém quer ficar num ambiente que seja tóxico. As pessoas querem ficar num ambiente onde s sintam bem, onde tenham esse sentimento de pertencimento”.

Nêmora, da Syngenta: pesquisa balizam ações

Nêmora destaca o uso de pesquisas internas para conhecer como as pessoas se sentem no contexto da cultura corporativa. Como resultado, “nós tivemos os mais de 88% de nossos colaboradores respondendo efetivamente, isso já demonstra engajamento grande, a vontade de querer participar, dar sua opinião. E destes, 96% dizem ter orgulho do trabalho que fazem e 93% se sentem parte da Syngenta. São índices muito altos que a gente tem muito orgulho e obviamente queremos continuar fomentando essas ações”. Essas pesquisas balizam a atuação do RH e também da Comunicação. Além disso, a empresa valoriza muito o diálogo, entre os colaboradores, seus pares, e suas chefias — parte fundamental no assunto engajamento.

O velho e bom feedback

Larissa, do Einstein: feedback, esse incompreendido

Larissa acrescenta o bom feedback, palavra que precisa ser melhor explicada dentro das organizações, ela destaca, pois, “muita gente não entende seu real significado e associa a práticas de punição”.  E sua empresa tem uma fórmula: “No Einstein utilizamos o termo “diálogos contínuos”,  que mostra que diálogo é uma troca entre uma ou mais pessoas. Com intuito de chegar a um entendimento. E deve ser continuo, não esperar só momento da avaliação de desempenho”.

A relação da confiança, do diálogo franco e positivo e transparência deveriam fazer parte nesses contatos, segundo Eunice. “Algumas conversas são mais difíceis. A gente precisa encarar essas conversas de forma franca, direta, objetiva, sem agenda oculta, ninguém que ser enganado. A transparência é importante. Agora, ser direto, objetivo, e transparente, não significa ser rude. É preciso ter ambiente respeitoso, sem comunicação violenta, um ambiente inclusivo, respeitoso com todas as diferenças”. Essas questões, de confiança, transparência, respeito, inclusão e reconhecimento, são atributos básicos de uma boa liderança, enfatiza. “Tudo passa pelas lideranças“.

Uma das estratégias utilizada na Syngenta “é promover que nossos profissionais, de todos os níveis, possam contar suas histórias de sucesso. Ou de aprendizados. Criar um ambiente seguro para que as pessoas falem aquilo que poderia ter sido diferente”, destaca Nêmora.

Somos todos pessoas, seres humanos

Outra questão é da humanização, aponta Eunice: “Profissionais são pessoas, clientes, fornecedores, tudo pessoas. Importante que comunicação trabalhe de forma humanizada. Temos que unir aspectos práticos e emocionais. Questão de segurança também importante envolver famílias. Isso engaja mais os profissionais. Exemplos de como as palavras podem encantar na prática”.

A Syngenta trabalha com agrotóxicos, tema cercado de mitos e desinformações. Além de produtos biológicos, menos conhecidos do grande publico, e ambos ajudam na produtividade das lavouras e na segurança alimentar.

“Temos uma playlist sobre mitos do agronegócios, uma série que desenvolvendo desde 2017. E trazemos temas mais quente nos debate públicos, e envolvemos nossos profissionais oferecendo suas contribuições. É uma Ferramenta muito importante. Quando conversamos com candidatos ouvimos muito que eles não conheciam muito ds Syngenta”.

Eunice encerra filosofando: “Como dizia o filósofo Confucio, as palavras encantam, mas os exemplos arrastam e espiram. Devemos, portanto, praticar o walk the talk, fazer o que se fala para inspirar as pessoas e obter credibilidade. E ainda proporcionar um ambiente positivo e agradável a todos”.

 

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