Renata Saraiva iniciou carreira no mundo analógico, cresceu profissionalmente na era da transformação digital e hoje ajuda a construir um futuro melhor para seus clientes, no contexto do trabalho, cultura e economia híbridas. Há dois anos ela fundou a Truly, uma agência que nasce com expertise de gente grande. Foram 30 anos de carreira, sendo líder de agências de PR do porte do The Jeffrey Group, TV1 Brand PR e Ogilvy PR Brasil, da qual foi diretora geral por 10 anos. E, anteriormente, esteve nas redações de O Estado de S. Paulo e Valor Econômico — jornal que ajudou a fundar.
“Achei que estava na hora de sair do intraempreendedorismo para o empreendedorismo”, comenta, bem humorada, destacando que o mercado de comunicação continua em franca transformação, acompanhando as mudanças do próprio ambiente econômico e tecnológico. E as empresas procuram também se adaptar. Agora, segundo ela, as marcas querem cada vez mais falar com nichos. A pandemia ajudou a dar essa guinada de percepção e o meio digital ganhou grande relevância. O ambiente de negócios ficou híbrido. Não só o trabalho está híbrido, com a maioria das companhias atuando em part-time no home office. O ambiente da comunicação corporativa passou a dialogar com os dois mundos: os veículos tradicionais de imprensa e os influenciadores digitais.
Marcas querem atender nichos
O primeiro grande cliente foi a Alcon, empresa médica suíça americana especializada em produtos oftalmológicos com sede em Genebra, Suíça. Outra prova que o mercado mudou. Há alguns anos era impensável uma pequena agência conquistar a conta de clientes multinacionais, não sendo ligada a nenhuma rede de PR internacional. Renata, que já fez parte dessas redes, sabe muito bem disso, de experiência própria.
“O mercado hoje está muito ampliado”, explica, “não existe mais aquela necessidade, que era imperativa há 20 anos, de estar ligada a uma rede internacional para entender a dinâmica das multinacionais”. Os protocolos de atendimento mudaram e foram absorvidos pela realidade brasileira. “Hoje as marcas querem atender especificidades e diferenciais de públicos específicos”. Ou seja, nichos. E por isso buscam agências bem brasileiras, que entendem a realidade local. Os influenciadores entram nesse olhar e toda agência de PR deve aprender a se relacionar com esses empreendedores que possuem grande audiência. A Truly, inclusive, desenvolveu um trabalho para ensinar ou aperfeiçoar o trabalho de CEOs a serem porta-vozes nas redes sociais, com seu programa de social media training. O público interno também precisa aprender como falar de sua empresa no ambiente digital, e o treinamento da Truly enfoca também esse público.
Comunicação hibrida
E o jornalismo tradicional continua importante, destaca Renata. Sobretudo nos últimos anos com a instalação da cultura da fake news e a diversidade dos meios de comunicação — nem todos de boa reputação e com credibilidade. “Nosso papel de relações públicas é valorizar os veículos de comunicação e ajudá-los na busca da verdade, colocando nossos clientes a disposição, com informações fidedignas”. A cocriação de conteúdo patrocinado por marcas também está em alta. “Acreditamos muito no branding e na atitude de marca”, ressalta.
Parece incrível que uma empreendedora resolva abrir um negócio em plena pandemia. Na verdade um pouco antes, porque Renata Saraiva, como todo o mundo, foi pega de surpresa com uma realidade de crise sanitária que colocou as equipes em regime de confinamento em suas casas e muitos negócios foram paralisados. “A pandemia trouxe lições importantes e eu vi esse momento como uma oportunidade do ponto de vista operacional”, lembra, e ainda comenta com propriedade: “A empresa nasceu virtual”.
Por isso que nesses dois anos apenas um prospect perguntou a Renata onde era o escritório da Truly. E o escritório existe. Fica no Itaim, próximo da residência da empreendedora. Mas sua equipe não está lá. Ou só algumas vezes. Uma de suas profissionais, por exemplo, reside em outro estado. O importante são as entregas, os resultados, e não a presença física no ambiente de trabalho. Os clientes, executivos e suas equipes, também passam a maior parte do tempo, no home office. Inclusive jornalistas e influencers.