Estar bem consigo mesmo, com os colegas, com o mundo, exige um olhar amplo de prevenção da saúde física, mental, financeira, existencial e ambiental. É o foco de programas de benefícios do RH e de campanhas informativas da Comunicação Interna. Muitos desses problemas são regulamentados por lei, e as organizações precisam mapear riscos e atuar antes, durante e depois para não comprometer o rendimento no trabalho.
Isso inclui, por exemplo, a saúde mental e financeira. No Brasil, essa perspectiva é urgente: 63% dos trabalhadores enfrentam problemas financeiros, uma preocupação que já supera a própria saúde como principal fonte de ansiedade. O estresse financeiro não fica na porta da empresa. Ele tira, em média, 6 horas de trabalho por mês dos funcionários, comprometendo a concentração e o desempenho.

As novas obrigações da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1, que estabelece as diretrizes gerais para segurança e saúde no trabalho) avaliam os impactos das políticas de bem-estar na cultura organizacional. Entre as novidades, incorpora riscos psicossociais (como burnout, assédio e estresse). Emilio Poffo Neto, gerente de Recursos Humanos na Eldorado Brasil Celulose, lembra que o risco psicossocial sempre existiu e se agravou com a pandemia. Por isso destaca que sua empresa já vinha trabalhando com esses riscos antes da legislação. “Temos um programa específico para a saúde mental que trouxe resultados relevantes para a empresa, entre eles, redução de 60% nos dias de afastamento do trabalho por transtornos mentais”. Diagnosticar, acolher e encaminhar para a área da saúde fazem parte das estratégias. A Comunicação Interna se envolveu informando a existência do programa. As pessoas participam voluntariamente ou são indicadas pelos gestores. O presenteísmo e o absenteísmo são focos dessa ação.

Carolina Pires, especialista de RH em relações industriais na Alstom, cita um programa antigo da empresa, com várias iniciativas de cuidados com a saúde mental. “O funcionário tem um atendimento por telefone, serviço disponível 24h por dia, 7 dias por semana, em que pode buscar ajuda para problemas psicológicos, jurídicos e financeiros, e ajudou muito a minimizar a questão do absenteísmo, apesar de não ser um programa de saúde mental específico, mas foi base para estruturar um programa desse tipo.” E hoje o gestor já tem esse olhar para identificar problemas na equipe, se encaixando na prevenção do risco psicossocial por conta da nova lei.
“Diagnosticar, acolher e encaminhar para a área da saúde fazem parte das estratégias”

“A saúde mental da liderança também deve estar na agenda”, complementou Beatriz Imenes, CEO da Planin. “O líder que não está equilibrado não consegue observar atentamente a equipe”. A dedicação do líder a respeito desse assunto é fundamental para o sucesso de qualquer programa e prepara esse gestor para ser cada vez mais humano. “E contribuir para o sucesso de campanhas de saúde mental”. E destaca outro ponto importante: “A saúde mental da liderança também é fundamental. O líder que não está bem equilibrado, se ele não está bem consigo mesmo, não conseguirá lidar com os problemas da equipe”. De qualquer forma, Beatriz ressalta o papel da Comunicação Interna para contribuir com as pessoas para pedir ajuda”.
Saúde financeira

Saúde, evidentemente, vai além das condições físicas e mentais. A questão financeira também promove adoecimentos, além da desmotivação, e é outro assunto que está no radar das empresas. Maria Ester Domingues de Oliveira, diretora de RH da Gooroo Crédito e vice-presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos (AAPSA), admitiu que a ansiedade financeira é um tema pouco falado dentro das organizações. “A vergonha que as pessoas têm de falar sobre a ansiedade financeira impede a discussão de um tema que é real e devastador para a saúde mental e produtividade.” Quatro em cada 10 pessoas perdem o sono por conta de dívidas. O estresse, ainda segundo a gestora, atinge 60% dos indivíduos, e uma boa parte devido a problemas financeiros, que já superam problemas de saúde. “O estresse financeiro rouba energia, foco e motivação do colaborador. São seis horas de produtividade perdida por mês, segundo pesquisas. Mais do que isso, é a perda emocional de nossos colaboradores. O problema é que a ansiedade financeira, que é devastadora, se torna algo difícil de ser admitido pelas pessoas. É um tema ao qual os RH devem prestar atenção”. E a Comunicação Interna também, pondera Maria Ester, no esforço de disseminar essas práticas na organização.

Daniel Arouca, diretor de RH na Colgate-Palmolive, com 23 anos de empresa e que começou como estagiário na organização, 19 anos no Brasil e 4 anos no exterior, concordou com Maria Ester: “É um tema relevante. Antes da pandemia, só falávamos em bem-estar físico. A pandemia escancarou esse problema e as empresas começaram a investir na área de saúde mental. O bem-estar financeiro é uma das dimensões do bem-estar e as pessoas precisam cuidar disso. O empregador pode equalizar isso com iniciativas de levar mais informações práticas, como educação financeira. Inclusive a respeito do vício de apostas, que cresce hoje. Devemos ter uma estratégia de engajamento e inclusão. Mas ter um RH forte e uma gerência fraca é um problema, por isso a necessidade de capacitação de líderes e o apoio da Comunicação Interna”.
“Ansiedade financeira é um tema pouco falado dentro das organizações”

Marina Ponce, psicóloga e gerente de RH da Temon – serviços de engenharia, disse que o feedback one-to-one entre liderança e colaborador pode eliminar essa dificuldade que impacta o dia a dia. Temos parceria com bancos, empresas de planos de saúde, entre outras organizações e ferramentas. Para trazer mais planejamento e consciência. “É um exercício diário e um desafio para as organizações. O RH não é uma área técnica nessas questões de saúde mental e financeira, mas podemos ser facilitadores, buscando bem-estar para os colaboradores”.
Esse assunto esteve presente durante o 4º´Fórum Melhor RH ESG e Comunicação
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