Comitês e políticas de inclusão: mecanismos para promover o bem-estar no ambiente corporativo

Estresse, depressão e ansiedade são as principais causas de afastamento no trabalho; nos últimos anos diversas empresas têm agido para mudar esse cenário e tornar o ambiente melhor

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de afastamento do trabalho em todo o mundo. No Brasil, estima-se que a depressão seja responsável por cerca de 40% dos afastamentos do trabalho, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Outro problema que está aumentando no ambiente corporativo são a ansiedade e o estresse. Segundo pesquisa da plataforma recrutamento Empregos.com as maiores causas de problemas no trabalho são: estresse (31,9%), depressão ou síndrome do pânico (26,7%) e burnout (9,2%). 

O excesso de trabalho, falta de suporte emocional, a necessidade de cumprir regras rígidas e a busca incessante por resultados muitas vezes podem levar a situações de excesso de trabalho e estresse, que podem impactar negativamente a qualidade de vida dos trabalhadores.

As imposições rígidas que precisam ser seguidas na empresa também podem ser uma fonte de problemas para os trabalhadores, sem levar em conta as necessidades individuais  e a flexibilidade quanto à realização de tarefas, acabam se tornando ainda mais estressados e infelizes com seus trabalhos.

Os problemas de saúde mental no ambiente de trabalho são uma preocupação cada vez mais crescente. Nos últimos anos,  empresas têm adotado esforços para garantir que suas metas e suas regras temporais não impeçam que seus funcionários tenham uma qualidade de vida adequada e se mantenham saudáveis tanto física quanto mentalmente.  

O tema foi discutido no painel “Para manter o foco” do 2º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores, organizado pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH,  com participação de Daniel Arouca, diretor de Recursos Humanos da Colgate-Palmolive; Daniela Bortman, head de Saúde Ocupacional da Bayer e Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços.

Os especialistas, líderes de RH, debateram os desafios do cenário atual no cuidado com o bem-estar psicológico dos colaboradores, a oferta de recursos e ferramentas mais eficazes voltadas para a prevenção e diagnóstico.

É preciso reconhecer o problema 

Daniela, da Bayer: investimento pesado em comitês e benefícios

Nos últimos cinco anos os afastamentos por transtornos mentais aumentaram mais de 50%, segundo o Instituto Nacional de Seguro Social, INSS. Outro dado do Instituto aponta que apenas em 2020, ano que marcou o início da pandemia da Covid-19, mais de 300 mil pessoas foram afastadas do trabalho, entre psicológicos. No pós-pandemia, a busca pelo bem-estar dos funcionários tornou-se prioridade dentro de muitas empresas, como é o caso da Bayer e da Colgate-Palmolive, ambas empresas têm investido pesado em comitês e programas que trazem benefícios a seus funcionários.

Daniela conta que na Bayer a preocupação com a saúde física e mental dos funcionários sempre foi preocupação dos gestores. A profissional lembra que a empresa tem há mais de 10 anos programas preocupados psicológica, física, financeira e jurídica dos colaboradores. 

No grupo Colgate-Palmolive, Arouca acredita que houve um divisor de águas antes e depois da pandemia. Anteriormente a empresa era preocupada apenas com a saúde física dos colaboradores, incentivando os funcionários à prática de exercícios físicos, não focando na saúde psicológica e no bem-estar emocional. No pós-pandemia, a empresa passou a investir em comitês e programas que incentivam o bem-estar físico e psicológico dos funcionários. 

Arouca, da Colgate Palmolive: caminho sem volta

Atualmente na Colgate-Palmolive há o programa Viver Melhor, que conta com a participação de 60 funcionários. Treinados com técnicas para promover mensagens de bem-estar e serem os auxílios para quem precisasse de ajuda.” Tudo que estamos fortalecendo no ambiente de trabalho é um caminho sem volta”, explica Daniel. 

O profissional considera que a pandemia trouxe por parte das empresas a preocupação com a saúde psicológica dos funcionários.” A pandemia foi ela foi sofrida para todos, mas talvez é por meio dessa experiência negativa seja uma oportunidade da gente fortalecer cada vez mais a saúde mental dentro das empresas”, vislumbra Daniel.

Líderes precisam se preocupar também

Jorgete: da Jorgete Lemos: tudo começa com as lideranças

A saúde mental dos funcionários tem sido um tema cada vez mais discutido nas organizações. Nesse cenário, o papel dos líderes e gestores torna-se ainda mais importante. Cabe a esses profissionais criar um ambiente de trabalho seguro, respeitoso e acolhedor, que valorize a saúde mental dos colaboradores.

Uma das principais responsabilidades dos líderes e gestores é promover uma cultura organizacional que incentive a busca por ajuda e apoio em casos de problemas de saúde mental. É fundamental que os funcionários tenham consciência de que a empresa se preocupa com a sua saúde mental e que existem recursos disponíveis para ajudá-los em momentos de dificuldade.

Para Jorgete Lemos a cultura do bem-estar e do apoio psicológico aos funcionários começam na preparação dos líderes, muitos deles não sendo preparados para reconhecer os problemas dos colaboradores e focar apenas em entregas e metas: “Muitos líderes foram contratados para gerenciar processo e esquecem que teria que ser corresponsável por gente”. 

A especialista credita a  sobrecarga de trabalho, que é um dos principais motivos do esgotamento no pós-pandemia, quando muitas empresas passaram a exigir mais dos colaboradores do que eles conseguiam. “A pressão que é atribuída a essas pessoas por resultados, as reuniões e mais reuniões, muitas vezes sem necessidade desrespeitando o horário de trabalho, não consegue fazer as suas entregas nos horários estabelecidos elas se esgotam”, avalia a pesquisadora.

Daniele acredita que a empresa que não entendeu a necessidade de criar grupos e benefícios para a saúde dos funcionários fatalmente vai ficar para trás em relação às outras companhias: “No mercado de forma geral existe uma onda que todas as empresas estão surfando, mas é preciso de ferramentas para as pessoas se cuidarem, sem perder o olhar para organização do trabalho”.

Comitês contra o preconceito e para engajar 

Os comitês de diversidade e inclusão estão se tornando cada vez mais importantes dentro das empresas. Mesmo a discriminação e a intolerância ainda serem um dos principais problemas do ambiente de trabalho, causando danos emocionais e psicológicos aos funcionários e afetando a produtividade da equipe como um todo.

Os comitês de diversidade e inclusão trabalham para combater a discriminação e promover a inclusão através de uma série de iniciativas, que vão desde a sensibilização até políticas e práticas de contratação justas e igualitárias. 

Priscila, da Saint Gobain: comitês discutem o tema D&I

Durante o painel “Construindo a mudança”, Priscila de Freitas, gerente de Transformação Organizacional da Saint-Gobain Produtos para Construção; Alexandre Pessôa, gerente de Comunicação e Marketing da Synergia Consultoria Socioambiental e Cássia Monteiro, gerente de Comunicação Interna da Kavak, debateram como criar ambiente seguro e confortável para os colaboradores, pensamos sempre em estrutura e estabelecimento de parâmetros, para que não haja desrespeito ou quebra de limites.

Na Saint-Gobain, a empresa trabalha para o bem-estar dos funcionários com comitês e grupos de Diversidade e Inclusão. Nos grupos de D&I, lideranças de RH e de outros setores procuram soluções para melhor o ambiente de trabalho”. Atuamos com o tema junto com comitês, o RH está ali para dar apoio, mas a liderança envolve as pessoas das diferentes áreas da empresa”, esclarece Priscila.

Cassia, da Kavak: todos os funcionários podem participar de comitês de D&I

Na Kavak, os trabalhos de D&I são trabalhados por cinco comitês que envolvem temas como LGBTQIAPN+, etnia, PCD. Todos os funcionários da empresa podem fazer parte de algum comitê, o que “faz toda a diferença no engajamento no senso de pertencimento de todos”, acredita Cássia. Os funcionários contribuem com discussões e opiniões sobre estratégias para a comodidade dos trabalhadores.

Alexandre, da Synergia: fortalecimento da marca

Na Synergia, a comunicação e o D&I é feita pelo time de fortalecimento da marca, onde você tem várias outras áreas envolvidas trazendo o tema da diversidade através de campanhas para despertar a conscientização. “A partir dessas campanhas, a empresa chegou no momento em que ela inclui no seu planejamento estratégico ações metas de diversidade de produção, então eu acho que no nosso caso aqui foi muito rico ver o resultado”,  observa Alexandre. 

O Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores é um co-branding entre as plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação. Quer conferir todos os debates e conversas do evento?

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