Bolha nas redes sociais prejudica conteúdos dos creators

Algoritmos fazem com que usuários consumam sempre a mesma coisa, prejudicando creators criativos

O TikTok, lançado em 2016, tem sido um sucesso avassalador no mundo digital: são 775 milhões de usuários ativos e 3 bilhões de downloads. O Brasil, segundo pesquisa da empresa alemã de análise Statista, ocupa a 19ª posição no ranking de países onde os internautas passam mais tempo na rede social, com mais de 4,5 milhões de brasileiros usando a rede diariamente.

O sucesso dessa rede fez gigantes como o Facebook, da Meta, se adaptar e criar os reels, aumentar sua gama de filtros, e passar a investir cada vez mais nos vídeos curtos. Porém, para especialistas, a rede faz com que os usuários consumam sempre a mesma forma de conteúdo, criando uma bolha. A “tiktokrização” das redes sociais foi tema do painel “Batalha de algoritmos” que teve a participação das influenciadoras Malfeitona; Nanna Pretto (também Influence Lead do Nubank);  e Eduardo de Natale, diretor de Insights e Estratégia Digital da Ágora Comunicação. A discussão fez pare do 11º Fórum sobre Marketing de Influência, promovido pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e a  Plataforma Negócios da Comunicação.

Nanna Pretto

Os speakers ressaltam que, apesar das semelhanças entre as redes, elas tem seu público próprio: “Antes de entrar na rede é preciso entender o que essa galera do lado de lá está consumindo. Não adianta querer fazer trends de vídeos longos no Twitter ou textão no TikTok, não vai pegar”, afirma a influenciadora Nanna Pretto. Para ela, as redes precisam ser autênticas, pois o público espera conteúdos sinceros do criador: “O público não quer alguma coisa fake. Por mais que o TikTok seja a onda do momento, é preciso procurar uma plataforma que você se sinta bem produzido conteúdo e entendo qual público faz sentido para você”.

“É preciso entender o público, seja para o influenciador ou para uma empresa. Às vezes seu público não está no TikTok, então deve ser avaliado se vale a pena se não vai ter engajamento e não vai gerar venda. Precisamos entender a evolução das plataformas muito mais com o objetivo do seu negócio e para quem você está entregando conteúdo, seja influenciador ou empresas” pontua Nana.

Entender os objetivos

A influenciadora Nanna Pretto afirma que é preciso o creator ter delimitado bem o porquê de estar nas redes sociais e quais seus objetivos. Para a criadora, o mesmo vale para a mercado publicitário, que investe muito em influenciadores que muitas vezes não se encaixam no perfil, mas tem bastante seguidores.

“Eu sempre ressalto que a criação é o melhor caminho para o sucesso”, diz Nana, “porque ninguém sabe melhor do alcance que o próprio criador. Não adianta marcas quererem empurrar um tipo de conteúdo que não é o que eu faço; todo criador sabe que o clique no link funciona. Não adianta a marca forçar a barra naquilo que o próprio dono do conteúdo diz que não funciona. Nós não usamos apenas um feed e dois stories, é preciso usar as redes de fato”.

Malfeitona complementa, afirmando que os conteúdos precisam ser autênticos para poder engajar, além de investir em estratégias mesmo que o retorno não seja grande comparado a outros criadores. “Às vezes as marcas me contratam como criado para ação direta ou indireta. Tem que ter estratégia de pensamento, mesmo quando tem um alcance mais baixo, mas sendo conciso funciona melhor porque direciona bastante para objetivo da campanha. Outras vezes os números são pequenos em visualizações e comentários, mas funciona melhor porque direciona para o objetivo da campanha”. 

Tiktok e a bolha de conteúdo 

Eduardo de Natale

As bolhas nas redes sociais também foram bem ressaltadas pelos speakers. As bolhas são resultados dos algoritmos que estão definindo que recebemos apenas os mesmos conteúdos, ou conteúdos bem semelhantes, dos mais diferentes assuntos. O speaker Eduardo de Natale, ressalta que não é bom para as plataformas mostrar sempre os mesmos posicionamentos e as mesmas trends porque muitas pessoas deixam de ser impactadas pelo trabalho de outros criadores: “Tem muito conteúdo no TikTok que eu não vou ser impactado porque eu não curto e não me interesso, isso pode gerar um problema porque cada vez mais estamos em bolhas. O nosso trabalho como anunciantes e criador de conteúdo começa a ficar difícil, pois temos que pensar em várias bolhas e talvez não conseguimos entregar para todo mundo”. 

“O algoritmo da recomendação deveria ser feito por quem está consumindo e não pelas empresas de redes sociais”, afirma Nana. A speaker aponta que estamos nos fechando numa bolha e conteúdos diferentes e proveitosos não aparecem no feed: “Cada vez mais nos fechamos em bolhas. Eu tenho três Instagrams na mesma Nana, mas o público é completamente diferente. Eu paro de seguir algumas coisas porque não quero ficar apenas em um conteúdo. Se começar a pesquisar só sobre um assunto, o algoritmo só vai mostrar só aquele conteúdo”.

Malfeitona

Malfeitona aponta que a maioria das decepções e cansaço com as redes é sinal da saturação de conteúdo que sempre são os mesmos: “Isso gera um cansaço no próprio usuário, ver um algoritmo que não está mudando. Sinto que estou sempre recebendo o mesmo conteúdo. Quando procura no “for you” acha outros criadores fazendo a mesma trend. Isso prejudica a própria plataforma, pois os usuários começam a se cansar e as marcas também”.

Nana concorda e afirma que para ela os mecanismos de buscas nas plataformas têm um papel positivo, porque consegue encontrar outras formas de conteúdos. ” O ‘for you’ e o ‘destaque’  tem um papel positivo para quem está caçando outros conteúdos; ele é um artifício que usamos para procurar outros conteúdos, temos que ficar sempre na busca do que está dando certo”, finaliza a influenciadora.

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