Bem-estar e qualidade de vida: os novos protagonistas das carreiras

Camila Carbornar de Souza, responsável pela Comunicação Interna na Doctoralia, mostra como o bem-estar no trabalho depende de diálogo, conexão e práticas que aproximam empresas e pessoas

Em um passado não muito distante, era comum encontrar profissionais que sonhavam trabalhar em grandes empresas por conta de benefícios consolidados, estabilidade e plano de carreira. Mas o “sonho dourado” está mudando com o desejo de encontrar qualidade de vida e bem-estar no ambiente de trabalho. As novas gerações passam a questionar a relevância do dinheiro nas etapas profissionais.

Pesquisas atuais apontam que empresas que têm a flexibilidade como pilar são mais atraentes e estão mais preparadas para enfrentar os desafios corporativos dos próximos anos. Um levantamento realizado pela Korn Ferry apontou que 83% dos brasileiros desejam os regimes de home-office integral (28%) e híbrido (55%). Já um estudo da Aon indicou que 73% dos trabalhadores brasileiros estão dispostos a negociar um novo emprego com benefícios que se adequem mais às suas realidades ou necessidades.

Aprendizado contínuo como diferencial competitivo

A pesquisa da Aon também revelou que os colaboradores se sentem mais motivados a desenvolver novas habilidades para continuarem relevantes quando comparados à média global, 44% versus 35%. Essa disposição de aprender, somada ao desejo de flexibilidade, mostra uma oportunidade para os empregadores aumentarem o engajamento, a motivação e a retenção dos talentos por meio de investimentos estratégicos.

Nesse novo cenário, vejo que a discussão sobre escolher flexibilidade ou produtividade contrapõe dois elementos que podem andar juntos. Afinal, o aumento do bem-estar tem potencial de impulsionar os resultados, enquanto melhores resultados podem elevar a qualidade de vida. Esse ciclo pode e deve se retroalimentar.

Estratégias práticas para engajar e reter talentos

Além de oferecer benefícios flexíveis, a estratégia de olhar para a saúde física e mental dos colaboradores, como oferecer sessões de terapia e consultas com nutricionistas, são alguns exemplos do que pode ser feito. Quando existe esse cuidado com quem “faz a roda girar”, o ganho de produtividade e engajamento é real.

Para as empresas que adotam regimes de trabalho diferenciados, é importante aproveitar os dias de escritório para promover treinamentos, celebrações e encontros de integração entre times, fortalecendo as conexões. É improdutivo e pouco eficiente a exigência do presencial se a dinâmica corporativa mantém todos conectados via plataformas de comunicação online.

O papel do perfil interno nas escolhas do modelo

Outro ponto que deve ser considerado é o perfil do público interno. Se a empresa tem muitos profissionais de nível de entrada, o modelo presencial deve gerar mais interação e aprendizado, já que eles tendem a ter mais dúvidas que precisam ser direcionadas. O modelo híbrido é o mais equilibrado, mas é muito importante calibrar da forma correta a quantidade de dias que os profissionais trabalham presencial. Alguns podem precisar mais, outros menos.

A pesquisa “Deloitte Global 2025 Gen Z and Millennial” revela um panorama claro de que essas gerações estão redefinindo o sucesso profissional. Longe da tradicional escalada corporativa, a prioridade para a Geração Z e os Millennials se concentra em uma tríade de dinheiro, significado e bem-estar.

A nova lógica da carreira e bem-estar para gerações jovens

Embora a remuneração seja importante, ela não é o único fator, já que propósito e um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional vem ganhando mais relevância. A pesquisa indica que apenas 6% da Geração Z considera o topo da hierarquia corporativa seu principal objetivo de carreira, preferindo o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, oportunidades de aprendizado e desenvolvimento. Essa fluidez, com 31% da Geração Z e 17% dos Millennials planejando trocar de empregador nos próximos dois anos, é vista como uma estratégia para alcançar essa tríade de prioridades, não como falta de lealdade.

Além disso, a saúde mental e a segurança financeira emergem como pilares críticos para a felicidade no trabalho, e muitas vezes estão interligadas. Apenas 52% da Geração Z e 58% dos Millennials classificam seu bem-estar mental como bom ou muito bom, com a pesquisa da Deloitte apontando que 40% da Geração Z e 34% dos Millennials se sentem estressados ou ansiosos na maior parte do tempo. Para muitos, o trabalho contribui significativamente para esse estresse.

Bem-estar e saúde mental no centro da agenda

Esses insights reforçam a necessidade de as empresas criarem ambientes onde o apoio à saúde mental, as oportunidades de crescimento e o senso de propósito sejam tão valorizados quanto a remuneração, em uma compensação total que crie maior valor para os colaboradores. A consequência dessa satisfação será detectada com maior engajamento e permanência de bons profissionais na empresa.

Personalização como caminho para o sucesso coletivo

Diante de todas essas transformações, acredito que a estratégia mais eficaz para o RH e para a liderança é a avaliação contínua e aprofundada do perfil do público interno. Não há uma fórmula única para o bem-estar; o que funciona para um grupo pode não ressoar com outro.

O entendimento dessas particularidades é o que permitirá desenhar políticas de bem-estar e modelos de trabalho que realmente engajem, potencializem e fidelizem talentos. Afinal, o bem-estar e a produtividade de cada indivíduo somam para o sucesso coletivo, e isso só é alcançável quando equalizamos as condições para que cada um alcance seu potencial máximo.

Conteúdo RelacionadoArtigos

Próximo Artigo

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email