Os desafios e oportunidades nos ambientes corporativos foram temas centrais dos painéis do segundo dia do 3º FMRHD&I

Especialistas ressaltaram como essas práticas promoveram mudanças positivas na cultura organizacional, resultando em benefícios concretos, como maior criatividade, inovação e produtividade da equipe

No segundo dia do 3º Fórum Melhor RH de Diversidade e Inclusão, realizado na sexta-feira, dia 1º de dezembro, ocorreram debates e reflexões sobre a importância de apoiar colaboradores trans, a implementação de um programa de inclusão em passos práticos, o combate ao racismo no cotidiano, a luta contra microagressões e machismo no ambiente de trabalho, e a relevância das leis e da inclusão para PCDs.

O evento contou com a presença de especialistas renomados no assunto, que compartilharam suas experiências e conhecimentos sobre o tema. As discussões abordaram desde a importância da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho até a valorização da diversidade de gênero e raça nas empresas.

Além disso, foram apresentados cases de empresas que têm se destacado na promoção da diversidade e inclusão, demonstrando que é possível transformar a cultura organizacional e colher os frutos de uma equipe mais diversificada e inclusiva.

Painéis trataram temas atuais e importantes 

No primeiro painel do dia, “Quebrando o tabu: Como derrubar mitos e apoiar colaboradores trans, foram abordados temas como a promoção do respeito à diversidade de gênero, a implementação de programas educacionais efetivos, o oferecimento de suporte psicossocial, o papel do recrutamento e seleção na igualdade de oportunidades e desenvolvimento de carreira, a promoção de um ambiente inclusivo e a importância de estabelecer parcerias estratégicas com grupos e organizações da comunidade trans. As participantes foram Jaque Fantinelli, psicóloga e especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão, Isabella de Avila, analista de Diversidade e Inclusão na Intrials, e Gabriela Augusto, fundadora da Transcendemos.

A discussão ressaltou a necessidade de promover um ambiente corporativo mais inclusivo e preparado para receber pessoas trans e travestis, fornecendo suporte, capacitação e oportunidades de emprego. A falta de representatividade e as barreiras enfrentadas para a inserção no mercado de trabalho foram temas centrais do debate.

Segundo as especialistas, as empresas precisam estabelecer políticas claras de inclusão e diversidade para acolher pessoas trans, garantindo igualdade de oportunidades e respeito à identidade de gênero de seus colaboradores. Além disso, é fundamental promover treinamentos que preparem todos os funcionários para lidar de forma inclusiva e respeitosa com colegas transgênero.

Isabella destaca que, quando começou sua transição de gênero, a empregabilidade de transexuais era pouco discutida. Contudo, ao longo dos anos, tem notado uma mudança gradual na mentalidade das empresas, que agora estão mais abertas e dispostas a acolher e valorizar a diversidade de gênero. “Sendo otimista, começamos a ouvir mais sobre isso há cinco anos. Antes disso, nossas únicas opções eram trabalhos muito específicos, como cabelo e maquiagem, ou a prostituição”, lembra.

Jaque salienta que a falta de acesso à educação pode impactar a inserção no mercado de trabalho. Além disso, enfatiza como as empresas que estabelecem critérios rigorosos de seleção podem dificultar a entrada de pessoas que enfrentam barreiras. “As duas faces da moeda são como nos sentimos com nossa identidade e a outra são questões estruturais, de como o mundo nos acolhe, abre portas ou fecha”, enfatiza.

Em “Segurança para evoluir

Como combater microagressões e machismo contra a mulher no trabalho” Roberta Knijnik, gerente de vendas e Marketing LatAm e líder da América Latina do WIN (Women at Intel Network), Fabiana Cymrot, Consultora de Carreira na FCYM, e  Tatiana Romero, diretora de RH da Ticket debateram os desafios do combate à violência silenciosa contra a mulher no ambiente de trabalho. Foram discutidas estratégias para eliminar falas sexistas, criar canais de denúncia e oferecer apoio psicológico, implementar políticas contra discriminação e microagressões, promover uma cultura de escuta e conscientização, treinar líderes e realizar avaliações para identificar melhorias.

As executivas enfatizaram que a única forma de combater esse problema é por meio da alfabetização e sensibilização sobre o tema, lembrando situações que se enquadram em casos de agressões sutis e outros comportamentos que impedem as mulheres de atuar plenamente nas organizações. “Muitas vezes, nem percebemos que estamos sendo agredidas”, destacou Tatiana, ressaltando a necessidade de um amplo conhecimento dessas situações e formas de enfrentá-las.

Roberta destacou clientes misóginos que exigiam atendimento por colaboradoras de boa aparência. Tatiana mencionou a exigência de boa aparência em processos seletivos e interrupções durante reuniões, indicando comportamento machista. Fabiana enfatizou o preconceito contra mulheres com filhos pequenos, a ridicularização de suas emoções e a culpa associada à tensão pré-menstrual. Além disso, mencionou que esse comportamento também pode ser reproduzido por mulheres em cargos de liderança. As executivas enfatizaram a necessidade de sensibilização e conscientização para combater tais atitudes.

Painéis debateram como combater o racismo 

Durante o painel “Potencial em Foco – As oportunidades de recrutar por habilidades interpessoais”, foi discutida a importância de contratar com base no caráter e nas soft skills, priorizando o treinamento interno e superando a ênfase na formação acadêmica. Foram destacados os benefícios do investimento em programas de aprendizagem e falou-se sobre as habilidades interpessoais relevantes para o mercado de trabalho, e seu impacto em um ambiente colaborativo, positivo e produtivo. Os participantes do painel incluíram Sergio Amad, CEO da Fiter e Lucas Morais da Silva, gerente de DE&I da Dasa.

Lucas salientou que, no atual cenário, as empresas estão transformando as pautas ESG, que englobam preocupações ambientais, sociais e de governança, em apenas um “subproduto”, negligenciando a importância fundamental dessas questões tanto para as empresas quanto para a sociedade em geral. Segundo Lucas Morais da Silva, a diversidade e inclusão não devem ser apenas uma tendência ou uma estratégia de marketing, mas sim um compromisso genuíno com a equidade e a justiça social, capaz de gerar benefícios tangíveis para o ambiente de negócios e para a sociedade como um todo. “São pautas que precisam ser levadas com seriedade, mas mais profundidade do que a maneira que estamos olhando agora”.

Para ele, há debates rasos sobre o assunto e o tema da D & I dentro das companhias, que precisa ser aprofundado. “Dentro desse processo é preciso discutir o que é talento, o que é necessário para contratar uma pessoa, e o requisito técnico não é mais uma desculpa para o recrutamento e seleção”, destaca.

Estratégias para combater o racismo no dia a dia foi o tema central das discussões do painel “Conscientizar para evoluir: Além das ações: como combater o racismo do dia a dia”. Jorgete Leite Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços, Mauricio Chiesa Carvalho, gerente de Recursos Humanos e Responsabilidade Social da Tamarana Tecnologia Ambiental, e Jislaine Silva, Employee Experience Specialist da Cargill, foram os palestrantes convidados para compartilhar suas visões e experiências sobre o assunto. Durante o evento, foram abordadas diferentes maneiras de promover a conscientização e ações práticas para enfrentar o racismo no ambiente de trabalho e na sociedade em geral.

Foram discutidas estratégias que incluíram a implementação de políticas internas de diversidade, inclusão e igualdade de oportunidades, a realização de treinamentos e workshops sobre o tema, a formação de parcerias com instituições que promovem a igualdade racial e a criação de espaços seguros para que os funcionários possam compartilhar suas experiências e desafios relacionados ao racismo.

Além disso, também foram abordadas práticas para garantir a representatividade e a equidade em todos os níveis hierárquicos das organizações, a implementação de programas de mentoria e patrocínio para profissionais negros, e o desenvolvimento de campanhas de comunicação interna e externa que valorizem a diversidade e combatam o preconceito racial. Os palestrantes também ressaltaram a importância de promover uma cultura corporativa inclusiva, que acolha e celebre as diferenças, e adotar medidas concretas para combater o racismo sistêmico, tanto no ambiente de trabalho quanto na sociedade em geral.

Jislaine destacou o letramento racial como uma ferramenta fundamental para promover uma maior compreensão e consciência sobre as questões raciais, incentivando a busca por conhecimentos e reflexão acerca da realidade das pessoas negras. Ela ressaltou a importância de criar oportunidades para que todos os colaboradores possam se engajar em discussões sobre o racismo de forma aberta, acolhedora e construtiva. “O letramento ajuda a compreender o porquê ainda temos estratégias para que no futuro falemos de igualdade, por enquanto ainda estamos falando de equidade”, explica.

Em “Inclusão na palma da mão: Como implantar um programa de inclusão em passos práticos”, Renata Pache de Faria Gusmon, diretora Executiva de Pessoas da UHG Brasil/Amil, Bruna Baldo, Consultora de I&D da Accenture, e Camila Ribeiro, gerente de Atração e Diversidade da Votorantim Cimentos, compartilham experiências sobre a implementação de programas de diversidade e inclusão. 

Foram abordados temas como o comprometimento das lideranças, a definição de metas e indicadores de sucesso, a criação de políticas inclusivas efetivas, a eliminação de barreiras para candidatos diversos, e a importância do feedback e da comunicação transparente na realização de ajustes.

As speakers destacaram a importância do comprometimento das lideranças no processo de implementação de programas de diversidade e inclusão. Enfatizaram a necessidade de estabelecer metas e indicadores de sucesso para garantir a efetividade desses programas, como a criação de políticas inclusivas que promovam a equidade e a eliminação de barreiras para candidatos diversos em todos os processos seletivos.

Além disso, ressaltaram a relevância do feedback e da comunicação transparente para a realização de ajustes constantes e o acompanhamento da evolução dos programas. As experiências compartilhadas por Renata, Thamara, e Camila trouxeram insights sobre os passos práticos e as estratégias necessárias para promover a inclusão no ambiente corporativo, reforçando a importância de um ambiente de trabalho verdadeiramente diverso e inclusivo.

Thamara retoma que o letramento é essencial para que haja a inclusão de pessoas negras nas organizações. Ela também destaca que “é preciso trabalhar com os RHs” para que haja a inclusão de ponta a ponta dentro das organizações.

Além disso, foram ressaltadas a importância de políticas de diversidade e inclusão, bem como a implementação de ações afirmativas para garantir oportunidades iguais para todas as pessoas, independentemente da cor da pele. As speakers acreditam que é fundamental criar um ambiente onde as pessoas negras se sintam representadas e apoiadas, o que contribui não apenas para a equidade social, mas também para o crescimento e a inovação das empresas.

A inclusão de PCDs e neurodiversos não deveria representar um desafio para as empresas

As estratégias de adaptação e construção de um ambiente acolhedor, as possibilidades do trabalho remoto e o uso de avatares, os treinamentos voltados para a empatia e para o combate ao preconceito, e a integração da acessibilidade como um valor da empresa no contexto dos desafios e oportunidades da inclusão de pessoas com deficiência nas empresas, foram temas do painel “Sensibilidade na abordagem: Como ir além da Lei na inclusão PCD”, que contou com a participação de Leandro Corrêa, gerente de Diversidade e Inclusão na Arcos Dorados, e Tabata Contri, consultora especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão de Profissionais com Deficiência.

Tabata ressalta que a experiência que teve ao ficar fora do mercado de trabalho após adquirir uma deficiência não foi um caso isolado. Ela destaca que muitas pessoas com deficiência enfrentam barreiras significativas para ingressar ou permanecer no mercado de trabalho, devido a preconceitos, falta de acessibilidade e ausência de políticas inclusivas. “No meu antigo emprego não tinha ninguém com deficiência, e quando não nos vemos nestes espaços achamos que é impossível e as oportunidades demoram para aparecer”, lembra.

A profissional observa que a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho é fundamental não apenas para garantir oportunidades iguais, mas também para promover a diversidade e a inovação nas empresas. Ela enfatiza a importância de criar ambientes de trabalho acessíveis, promover a conscientização sobre a inclusão, e oferecer suporte e recursos para as pessoas com deficiência, a fim de garantir que elas possam contribuir plenamente com suas habilidades e talentos. “Nenhuma pessoa com deficiência deve esconder sua condição para participar de um processo seletivo, e é para isso que eu trabalho”.

No último painel do dia, “Atualização de perfil: neurodiverso – Como apoiar colaboradores frente a diagnósticos tardios”, Laís Nunes de Jesus, mentora e consultora de Acessibilidade na Comportamento e Diversidade, e Caio Bogos, CEO da aTip, debateram os desafios e oportunidades da neurodiversidade nas empresas.

Caio destaca a importância de reconhecer as habilidades que os profissionais neurodiversos podem trazer para as empresas. Ele ressalta que a neurodiversidade, que abrange condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não é uma desvantagem, mas sim uma forma diferente de processar informações e interagir com o mundo. De acordo com ele, “A maior parte dos desafios relacionados à inclusão de pessoas autistas e outros está no fato de que as lideranças precisam mudar seus comportamentos, o que já é um desafio gigantesco, pois a mudança de crenças é algo desafiador.”

Além disso, Caio ressalta a importância de promover um ambiente de trabalho inclusivo, que valorize a diversidade e as diferentes formas de pensar. Ele enfatiza que as empresas que abraçam a neurodiversidade se beneficiam de uma equipe mais criativa, inovadora e produtiva.

Laís sublinha a importância de criar ambientes de trabalho que valorizem a diversidade de habilidades cognitivas e promovam a inclusão de profissionais neurodiversos. Ela destaca a necessidade de oferecer suporte e recursos adequados, além de promover a conscientização e compreensão sobre as necessidades desses profissionais.

Acesse aqui para ver todos os painéis completos do segundo dia do 3º Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão.


Oferecimento:

                       
             

Conteúdo RelacionadoArtigos

Próximo Artigo

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email