Por Karin Neves
Implementar estratégias ESG vai além da disposição da empresa. É preciso ter o propósito fortalecido e, principalmente, identificar líderes que enxerguem à frente dos negócios, do core business da empresa e que tenham as habilidades necessárias e alinhadas para trabalhar em organizações focadas em ESG.
Esses líderes possuem soft skills alinhadas com as intenções da empresa em reduzir os riscos para o planeta e para as pessoas. Quando a empresa já nasce com o conceito ESG em seu DNA, a atração de ‘pessoas ESG’ que estarão na liderança acaba ocorrendo quase que naturalmente.
Isso é realidade em empresas cuja área florestal faz parte do modelo de negócios, por exemplo. Mesmo antes dessa cultura virar conceito e ganhar nome, empresas dessa natureza já conviviam com a preservação e o cultivo de forma sustentável porque é do meio ambiente que extraem seus principais produtos.
Às vésperas de sua morte, em 1942, um dos fundadores da Melhoramentos, Alfried Weiszflog, já antecipava a vocação sustentável da empresa ao definir novos rumos, a partir da produção de fibras de alto rendimento e com uma produção consciente. Em seu discurso visionário para os padrões da época, ele já reforçava os valores ESG que a empresa deveria seguir: “Terra é sempre terra. Vamos comprar, replantar e não somente usufruir. Vamos reflorestar.” Um valor que contagia e atrai pessoas com esse propósito para dentro da corporação.
Muito anos depois, os padrões e exigências chegam ao mercado para formalizar tudo aquilo que quem convive com a natureza sempre soube: o respeito e os cuidados com o meio ambiente vão garantir a existência dos nossos negócios no futuro. Com isso, o que era feito intuitivamente passou a ser regido por leis e certificações necessárias para dar mais responsabilidades e excelência aos cuidados com o meio ambiente, pessoas e nossos modelos de governança.
Com mais regras nesse jogo, o que diferencia a atuação de uma empresa e a posiciona além do que é exigido por lei é a sua disposição e a das suas pessoas.
O resultado dessa soma é um novo desenho estratégico de propósitos e valores conduzidos por quem acredita e se importa genuinamente com os caminhos que a empresa vai percorrer para alcançar cada um dos seus objetivos, alinhados a uma cultura regenerativa.
Segundo a Associação IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), o Brasil planta cerca de 9 milhões de hectares de árvores para produtos que abastecem diversos segmentos como: celulose e papel, siderurgia e carvão vegetal; painéis de madeira e pisos laminados; produtos sólidos de madeira entre outros.
Desse total plantado, essas árvores conseguem absorver mais de 1,8 bilhão de toneladas de CO2eq¹ da atmosfera. A importância de agregar esse valor às nossas estratégias vêm muito da capacidade das nossas pessoas em entender e multiplicar nossos valores por toda a nossa cadeia. Por isso, a importância delas em cargos de liderança só pode aumentar. letramento e capacitação para aprimorar uma disposição intuitiva para o ESG. Em suas competências, estão listadas a cultura de diversidade e inclusão, criatividade para inovar e extrair melhores práticas que geram impacto positivo para stakeholders, escuta ativa, além de foco no cliente e trabalho em equipe.
O resultado de engajar as lideranças para aprimorar as competências ESG é refletido nas pesquisas de estudo do clima interno da empresa e no aumento expressivo de ideias para implementação de novos projetos com foco na geração de impacto positivo.
Estamos vivendo uma transição na forma de fazer negócios em todo o mundo. Por essa razão, precisamos atuar com pessoas que tenham, além das competências formais para preencher o cargo, visão e conhecimento sobre a conexão de temas que vão desde as mudanças climáticas até a desigualdade social.
Esse novo perfil traz um mindset ainda mais focado na atuação ética, moral e íntegra das empresas e torna-se um agente de alta importância para ajudar no engajamento dos colaboradores em todos os níveis hierárquicos. É um perfil que estamos desenhando e construindo juntos, observando com mais atenção as habilidades e as reconhecendo como competências a serem aprimoradas.
Essa ‘pessoa ESG’ colabora, além de tudo para tornar nosso propósito mais fortalecido e para tornar as relações da empresa com seus públicos ainda mais humanizadas e justa. A liderança e o ESG devem sempre caminhar juntos.
Por Karin Neves, diretora Jurídica, de Pessoas e Sustentabilidade da Melhoramentos. A Companhia Melhoramentos de São Paulo é uma companhia de capital aberto que atua diretamente ou através de suas controladas, nos segmentos Editorial, Cultivo e Manejo de Florestas, fabricação de Fibras de Alto Rendimento de Celulose e Desenvolvimento Imobiliário.