Marcas aderem à boicote e cortam anúncios milionários de redes sociais

Campanha online garantiu que Coca-Cola, Univelever e mais empresas deixem de anunciar nas plataformas enquanto não houver combate contra grupos que espalham discursos de ódio

Uma campanha iniciada a partir dos protestos antirracistas nos EUA ganhou força com a participação de grandes empresas. Com a #StopHateForProfit (Pare de lucrar com ódio, em livre tradução), nomes como Unilever, Ben and Jerry’s Coca-Cola, Verizon, entre outras 160 marcas deixarão de anunciar nas redes sociais nos próximos meses, até o final de 2020.

A campanha foi lançada seguindo os protestos pela morte de George Floyd, morto por um policia em Minneapolis, e tem como organizadores a Free Press e a Common Sense, juntamente com os grupos de direitos civis dos Estados Unidos Color of Change, Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) e a Liga Antidifamação judaica. O objetivo é fazer com que as redes desenvolvam uma melhor regulação dos grupos que incitam o ódio, o racismo e a violência em suas plataformas.

Twitter, Instagram e Facebook perderão a mídia destes negócios enquanto não apresentarem melhores políticas contra estes grupos e seus posicionamentos, atualmente explícitos pela falta de ação. Organizações como a Liga Anti-Difamação (ADL) e a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) pediram aos anunciantes que boicotassem o Facebook como forma de pressioná-lo a verificar melhor o conteúdo dos grupos que usam a rede social para incitar ao ódio, ao racismo ou à violência.

O Facebook já sentiu o golpe do boicote, ao cair cerca de US$ 7 bilhões de dólares em apenas um dia, no sábado (27) – desde o dia 22 de junho, o valor de mercado da companhia já caiu US$ 74,6 bilhões -, após as manifestações ganharem força e o movimento prometer que a pressão se tornará global. Na Europa, a Comissão Europeia informou que exigirá novas diretrizes para as empresas de tecnologia, como o Facebook. Elas deverão enviar relatórios mensais sobre como estão lidando com o fluxo de desinformação a respeito do coronavírus. O próximo passo é endurecer as regras de postagem de anúncios nas plataformas digitais.

No domingo (28), o Facebook, por meio de um comunicado oficial, admitiu que precisa de melhorias em suas políticas para mídia digital e garantiu que está se unindo à especialistas para desenvolver as ferramentas necessárias para combater os discursos de ódio, além de contar com a consultoria dos grupos de direitos civis. De acordo com a plataforma, os investimentos garantem que as ferramentas desenvolvidas até o momento conseguem identificar 90% dos discursos de ódio antes mesmo de haver denúncias pelos usuários.

O Facebook lucrou cerca de US$ 17,7 bilhões no primeiro trimestre de 2020, sendo que 98% deste lucro têm origem na publicidade. Ainda assim, a rede social garante que o movimento anunciado recentemente de endurecimento das regras não está relacionado com a pressão feita pelas empresas. Ao contrário do que vai acontecer com outras marcas, que deram um período para que as redes se adequassem, a Coca-Cola anunciou que irá parar de anunciar nas plataformas pelos próximos 30 dias.

“Não há lugar para o racismo no mundo e não há lugar para o racismo nas redes sociais”, disse James Quincey, diretor-executivo da marca, em um comunicado emitido na sexta (26). A Coca-Cola aproveitará este período para “fazer um balanço sobre (suas) estratégias publicitárias e checar se precisa revisá-las”, explicou o Quincey.

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