Por Daniela Barros
O agronegócio é um dos pilares da economia nacional, impulsionando a balança comercial e garantindo a competitividade do Brasil no cenário global. Em 2024, o setor registrou exportações de US$ 164,4 bilhões — o segundo maior valor da série histórica, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Mesmo diante de desafios climáticos, como a seca prolongada e as chuvas irregulares em várias regiões, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma safra recorde de 336,1 milhões de toneladas de grãos para o ciclo 2024/2025, reafirmando o peso do agro na economia brasileira.
Esse desempenho extraordinário, mesmo em meio às adversidades, não ocorre por acaso. Ele reflete a capacidade de superação e crescimento que molda o setor, sustentada por qualidades como resiliência, inovação, adaptabilidade e o uso crescente da tecnologia. Nos últimos anos, essas competências ganharam ainda mais força com o aumento expressivo da participação feminina no campo. Um levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) revela que o número de mulheres em atividades agrícolas no estado — um dos importantes polos agropecuários do país — cresceu 109% entre 2010 e 2020.
Esse avanço da presença feminina representa um fenômeno transformador no agronegócio. As mulheres vêm consolidando seu espaço como líderes, agregando ao setor habilidades essenciais para enfrentar os desafios do presente e do futuro: resiliência, comunicação clara, capacidade de negociação e adaptação a cenários complexos. Tal contribuição é ilustrada por um estudo da organização Leadership Circle, que mostrou que lideranças femininas se destacam em eficácia em todos os níveis de gestão e idades, especialmente em qualidades ligadas ao capital humano, o que evidencia o valor da diversidade de perfis no agro.
Mas a contribuição feminina vai além da liderança em gestão de pessoas. As mulheres têm sido protagonistas na implementação de práticas mais sustentáveis no campo, mostrando que inovação e responsabilidade ambiental podem caminhar juntas. A dedicação ao conhecimento técnico e à atualização constante permite a adoção de inovações como a agricultura de baixo carbono, o uso eficiente de recursos hídricos, o manejo integrado e a gestão circular de resíduos — iniciativas que equilibram produtividade e preservação ambiental. Esses avanços não apenas fortalecem a cadeia agropecuária brasileira, mas também a preparam melhor para os desafios globais que se avizinham.
Nesse cenário de transformação, a comunicação surge como um elemento estratégico para amplificar a visibilidade e o reconhecimento das mulheres no agro. Redes de apoio, eventos, congressos e grupos de discussão se tornaram espaços fundamentais para promover a troca de experiências e fomentar o surgimento de novas lideranças femininas. Iniciativas como o Prêmio Mulheres do Agro (PMA) — uma parceria entre a Bayer e a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) — reforçam essa importância ao dar luz a projetos inovadores e sustentáveis. Desde sua criação em 2018, o prêmio já recebeu mais de 1.100 inscrições e reconheceu 63 produtoras rurais e duas pesquisadoras, evidenciando os impactos positivos gerados em suas comunidades.
Assim, a comunicação se torna a ponte que conecta o trabalho inspirador dessas líderes às futuras gerações. Ao plantar sementes de motivação e transformação, as mulheres do agro não apenas impulsionam a evolução do setor, mas também ajudam a construir um futuro mais sustentável, inclusivo e capaz de alimentar uma população global em crescimento — em perfeita sintonia com os propósitos do Prêmio Mulheres do Agro e com a missão do próprio agronegócio brasileiro.
Daniela Barros é diretora de comunicação da divisão agrícola da Bayer no Brasil