Nesta sexta-feira, dia 7, comemora-se o Dia do Jornalista . A data homenageia os profissionais que atuam hoje nas mais diferentes mídias pesquisando, investigando, entrevistando pessoas e interpretando dados e fatos para que a população tenha acesso a informação de qualidade.
“Celebrar o Dia do Jornalista, é reconhecer um profissional fundamental para a construção da cidadania e para a consolidação de um país verdadeiramente democrático e com mais justiça social. São esses profissionais que garantem à sociedade o acesso à informação de qualidade em um mundo cada vez mais complexo e marcado por constantes mudanças”, opina Ana Gabriela Dias Cardoso, diretora Corporativa de Comunicação e Responsabilidade Social da Usiminas.
“A imprensa desempenha um papel essencial na democracia, e a construção de um relacionamento de confiança entre jornalistas e empresas traz benefícios para todos: organizações, mídia e sociedade, legitimando narrativas, fortalecendo credibilidade e reputação de todo ecossistema de comunicação”, explica Malu Weber, vice-presidente de Comunicação do Grupo Bayer Brasil.”
Fernanda Dabori, CEO da Advice Comunicação Corporativa acredita tanto na importância do trabalho do jornalista que sua agência fez uma pesquisa – Consumo de Notícias do Brasileiro – para mostrar a credibilidade das diversas fontes de informação. “A pesquisa mostrou que a grande maioria (78%) utiliza as redes sociais para se informar. Apesar do uso, o índice de credibilidade é o menor entre as mídias. Apenas 6% dos usuários dizem confiar totalmente no que veem na rede, 26% confiam parcialmente e 11% desconfiam totalmente. Com isso, 39% dos respondentes têm o hábito de sempre checar a fonte da informação”, detalha Fernanda.
Os jornais, impressos ou online, são utilizados por 82% dos entrevistados. É o mais confiável, com 70% dos participantes indicando a credibilidade desse meio de comunicação, sendo que 24% confiam totalmente. Apenas 2% desconfiam das informações divulgadas pelos jornais.
Os portais de notícias são usados por 90% dos pesquisados. A confiança, nesse caso, é de 65%, sendo que 18% têm total confiança nesse formato de divulgação de notícias e apenas 1% desconfia da veracidade dos fatos retratados nos portais.
“O dia do jornalista é um dia de reflexão para quem ainda resiste nesse compromisso social. A data não serve apenas para relembrar os princípios que regem a profissão, mas para pensar — a partir dos fazeres deste ofício —- em como restaurar o conhecimento como valor, opina a jornalista Vanessa Oliveira, doutora em Ciências da Informação e da Comunicação, especialista em América Latina e professora de jornalismo internacional e político do curso de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Este é um esforço tão árduo quanto importante neste momento histórico, em que somos assolados pelas chamadas fake news, em que a velocidade das redes sociais se impõe sobre a qualidade informativa e a consequente perda de compreensão coletiva da relevância da profissão sobrepesa os balanços financeiros de uma atividade excessivamente dependente do capital privado”, complementa a professora.
História da data
O dia foi instituído pela Associação Brasileira de Imprensa, 1931, em honra à memória do médico e jornalista italiano Giovanni Battista Badaró, morto por inimigos políticos durante o império. Badaró, que hoje é nome de rua do centro de São Paulo foi o primeiro caso de assassinato de um membro da imprensa, na história do Brasil, por sua profissão.
Dono de um jornal, na então pequena capital da província de São Paulo, Líbero Badaró tecia críticas ao governo de D. Pedro 1º e sua forma de conduzir o País, incentiva ideias liberais, defendia a liberdade de imprensa e o rompimento com os representantes lusitanos.
Por suas posições contrárias ao governo imperial, o jornalista foi morto a tiros em 1830, quando voltava para casa na rua São José (hoje rua Líbero Badaró) por quatro homens a mando de Cândido Japiassú. A morte do jornalista causou comoção na população, o que somada a impopularidade do governo levou o imperador Dom Pedro 1º a abdicar do trono e voltar para Portugal.
Séries de ataques à liberdade de imprensa
Quase cem anos depois, a perseguição aos jornalistas continuam. Nos últimos quatro anos jornalistas de renome no cenário nacional foram alvos principais de políticos de extrema-direita e seus seguidores. Os alvos preferenciais foram: as jornalistas Míriam Leitão, da GloboNews (8 casos), Vera Magalhães, da TV Cultura (8), Daniela Lima, da CNN Brasil (6), e Juliana Dal Piva, do UOL (5).
Não podemos deixar de citar os jornalistas que deram a vida ou a sua liberdade pelo exercício de sua atividade profissional e para defender a informação precisa, a verdade, e o interesse público, encontrando sempre desafetos na sociedade. Leia aqui matéria sobre o repórter americano Evan Gersshkovich, preso na Rússia sob a contestável acusação de espionagem. Outros, continuam arriscando suas vidas no front de guerras, caso do repórter freelancer brasileiro Yan Boechat. Infelizmente, alguns não escapam da intolerância de criminosos. como o jornalista inglês Dom Philips.
Pesquisas confirmam que jornalistas em todo o Brasil continuam sendo ameaçados. Ou presos, e sequestrados, caso do jornalista americano Olivier Dubois, que ficou quase dois anos em cativeiro por jihadistas na Africa, e felizmente, foi libertado.
Foram lamentáveis os episódios de agressões a jornalistas durante as invasões na Praça dos Três Poderes em Brasília, no início do ano. E, depois, a tentativa de intimidação de jornalistas do Estadão, que cumpriam seu dever de bem informar e denunciar omissões do poder público em tragédias, nos deslizamentos e inundações no Litoral Norte.
Outros (as) profissionais conseguiram sobreviver na luta diária pela boa informação, como a saudosa Glória Maria.
E muita gente continua acreditando em mentiras. Principalmente nas redes sociais, território do vale-tudo. O Brasil continua sendo um dos países com maior polarização politica refletida dos discursos de ódio na internet. A objetividade do jornalismo começa a ser contestada, como meio de combater com mais afinco as fake news.
Quatro anos contra à imprensa
Os ataques à imprensa, que assistimos mais ou menos passivos, foi a marca do governo Jair Bolsonaro. A imprensa, vitima da ideologia de extrema esquerda, demorou para dar os verdadeiros nomes aos bois, conforme lembrou o professor de Direito Constitucional da USP, Conrado Hübner Mendes, membro do Observatório Pesquisa Ciência e Liberdade – SBPC, em artigo na Folha: Jornais hesitaram em usar as palavras certas para reportar o que viam. Extremistas eram “manifestantes”, mentir equivalia a “declarar”, delinquência se parecia com “polêmica”, violação passava por “excesso”, crime por “controvérsia jurídica”. Tentaram assegurar voz ao “outro lado”, mesmo que esse lado fosse imune à experiência sensorial da Terra redonda e do vírus, ou à experiência moral da violência e da indignidade radical. Tudo em nome de um pluralismo às cegas que vai corroendo as condições de possibilidade do próprio pluralismo. De uma tolerância sem critério que vai exaurindo sustentabilidade da tolerância”.
Felizmente, existem empresas que apoiam e defendem o jornalismo profissional. Também as assessorias de comunicação corporativa, PR, tem feito sua parte. Muita coisa está mudando na relação entre imprensa e seus leitores, que merece reflexão. E as perspectivas do jornalismo ainda são positivas, apesar dos inúmeros desafios. Algumas empresas estão na vanguarda das mudanças, oferecendo novas perspectivas e abordagem do negócio jornalismo, caso da Exame, UOL, Trip, As big techs também tem se esforçado para oferecer novos recursos e facilidades para o trabalho da imprensa. Mas o desafio é combater as fakes news com mais efetividade.
Alguns veículos de imprensa lembraram a data com mensagens institucionais, entre eles o Grupo RBS: “Nós do Grupo RBS temos o compromisso de levar aos gaúchos, um jornalismo profissional, independente, e plural. Para chegar na verdade checamos os fatos, apuramos e ouvimos diferentes vozes. Através de nossas plataformas seguimos informando e conectando 11 milhões de pessoas diariamente”>
Esta matéria faz parte das homenagens ao Dia do Jornalista (7 de abril) é um oferecimento de: