Por Luciane Nogueira
Lembro-me da época em que a elaboração do planejamento estratégico de comunicação era pautada pela segmentação por público, ou seja, os diversos stakeholders versus as mensagens-chave, e iniciativas que, na maior parte das vezes, eram direcionadas a um determinado público.
Com base na estratégia da empresa, a Comunicação tinha o desafio de mapear as grandes oportunidades e efetivamente “comunicar” aos diversos públicos de interesse, criando a narrativa mais consistente para cada público. Certamente, isso não mudou, é válido nos dias de hoje.
Trazendo o público interno para o centro dessa conversa, nós, como profissionais de comunicação, tínhamos o dever de priorizar a entrega da informação aos colaboradores e então seguirmos com os demais públicos. Essa trajetória era mais estruturada, com começo e fim.
A grande revolução da Comunicação Corporativa veio com a chegada das redes sociais, em que o colaborador deixa de ser o receptor da mensagem e passa a ser o embaixador da marca, assumindo o papel de protagonista e dando voz às narrativas da empresa.
É a comunicação de dentro para fora, só que endossada pelo público que traz total veracidade à informação. O colaborador vibra com as conquistas da empresa, demonstra seu afeto e orgulho em pertencer à organização, quer mostrar que faz parte e, com isso, o colchão de reputação corporativa ganha muita força nas redes sociais.
Entendo que é nesse processo de comunicar as boas histórias que devemos sempre envolver o colaborador. Esse público faz parte das conquistas da empresa, então, ele deve ter voz, seja por meio de um calendário editorial com depoimentos em vídeo ou escritos, bem como, convidando esse público para interagir com os conteúdos publicados pela organização com o compartilhamento dos posts. Sempre dando liberdade para que ele traga a sua opinião sobre o que está sendo promovido.
Lançado como um canal de comunicação externa para conectar a marca prioritariamente com clientes, fornecedores e comunidades, as redes sociais assumem um papel estratégico para a disseminação de conteúdo para os colaboradores.
A tradicional intranet corporativa vem perdendo espaço há um bom tempo e, agora, serve mais com um braço para distribuição de conteúdo ligado à prestação de serviços aos empregados, atuando também como um hub que armazena conteúdos atemporais da organização.
As empresas, de uma forma geral, já perceberam isso e seguem tentando emplacar algum canal interno inovador de comunicação. Há várias redes sociais internas que dependem quase que exclusivamente do engajamento do colaborador.
Muitas têm sido positivas no objetivo de disseminar informações. Mas o fato é que o empregado, ao se deparar com a amplitude das redes sociais externas, tem a possibilidade de ver e ser visto por milhares de seguidores da plataforma. A sua voz ganha ainda mais força e o seu papel como embaixador da marca assume uma repercussão além das paredes da empresa.
Não podemos esquecer que estudos recentes revelam que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais utiliza as redes sociais e que, nós, brasileiros, gastamos mais de 10 horas diárias navegando na internet, sendo três horas e 42 minutos desse tempo para acessar as redes sociais.
Com isso, como sempre na comunicação, vamos usar esses dados a nosso favor!
Luciane Nogueira é gerente de Comunicação Corporativa do Grupo Solvay na América Latina