Mauro Salles transformou o jornalismo e a publicidade brasileira

Publicitário e jornalista faleceu sábado, aos 90 anos. Sua vida esteve ligada a mudanças profundas na comunicação no País

O nome de Mauro Salles está ligado ao desenvolvimento do jornalismo e da publicidade brasileiras, graças ao seu espírito empreendedor e pioneiro. Sua carreira é muito conhecida na área da publicidade, onde foi um líder empresarial do setor, mas teve uma importante influência também no jornalismo, ao ser um dos responsáveis pelo surgimento da TV Globo. Sua agência, a Salles Publicidade, fundada em 1966, com o irmão Luiz Salles, e que mudou várias vezes de nome e uma das maiores do País, foi uma referência no meio. Ganhou diversos prêmios e fez campanhas memoráveis, principalmente para montadoras de veículos. Desde 1997, a empresa passou a ser controlada por sócios estrangeiros com o nome Publicis Brasil.

Pernambucano, foi filho de Apolônio Sales, um agrônomo que enveredou pela vida política, como secretário da Agricultura de Recife, nos anos 1930, prefeito, deputado estadual, ministro, senador e presidente do Senado. Mauro, filho mais velho, com seis irmãos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1942. Com apenas 15 anos, ganhava seu próprio dinheiro com aulas particulares e como guia turístico. Formou-se em Direito, e logo começou a trabalhar com assistente de fotógrafo na sucursal da revista norte-americana Life. Alguns anos depois começou como repórter político no jornal O Mundo e na recém lançada revista O Mundo Ilustrado. Reformulou o trabalho visual da publicação trazendo para e equipe fotógrafos europeus consagrados.

Fotógrafo e diretor de Redação

Parecia que iria ser um fotógrafo de sucesso quando Roberto Marinho, amigo de seu pai, o convidou para criar um departamento de relações públicas na Rio Gráfica Editora. Voltou ao jornalismo em 1955 para ajudar na cobertura da posse do presidente Juscelino Kubitschek em 1955 no jornal O Globo, onde ficou por 11 anos e chegou  a diretor de redação e assessor da diretoria da rádio ligada ao grupo.  No Globo criou a primeira coluna de automobilismo no Brasil. Chegou a ter seu próprio jornal, o Latin America Daily Post, publicado em inglês, em 1979.

Teve uma breve carreira pública, no governo João Goulart, em 1961, como secretário do Conselho de Ministros do Gabinete Parlamentar do ministro da Justiça Tancredo Neves. Sua amizade com Tancredo levou-o a fazer a campanha do primeiro presidente na redemocratização do País, em 1984, e criou a “Diretas Já”. Iria ser ministro de Tancredo, se este não viesse a falecer. Em contrapartida, ajudou a erguer o memorial Tancredo Neves.

Mauro Salles, nos primórdios da TV Globo, em 1964

Depois da experiência política, voltou a Globo e foi um dos responsáveis pela implantação da TV  na empresa, ao negociar a compra da TV Paulista, de São Paulo e trazer para equipe o José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Também escreveu vários livros de poesia.

Grande nome na publicidade

Mas foi na publicidade onde dedicou a maior parte de sua vida. Foi presidente da International Advertising Association (IAA), em 1980, mesmo ano que liderou a criação do Código de Ética da Publicidade. Em 1985 ocupou o cargo de diretor do Conselho Nacional de Propaganda (CNP). Presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP), Publicitário do Ano por duas vezes, presidiu a Fundação Casper Líbero e foi membro do Conselho Curador da FGV.

Com a consolidação de sua agência, em 1990, foi muito requisitado para consultoria à empresas e participar de conselhos de administração. e participou da criação da Ambev e da Braskem.

Mauro Salles foi também cartógrafo da Comissão do Vale de São Francisco, presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo e professor de jornalismo da PUC- Rio.  Em 2005, junto com Antônio Carlos de Almeida Braga, Arnaldo Niskier e Joaquim Falcão, publicou o livro ‘Dr. Roberto’, uma homenagem ao fundador da Globo, o jornalista e empresário Roberto Marinho.

Ele faleceu sábado (11), por falência múltiplas de órgãos, devido a uma complicação neurológica da encefalite herpética, doença que o acometeu há 16 anos. Estava internado no Hospital Albert Einstein desde 4 de dezembro.

 

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