Muito além do compliance

ESG consolida a necessidade de conter riscos e criar valor. “Beyond Compliance” agrega no protagonismo dos movimentos empresariais

Com atuação direta do compliance no pilar “G” de Governança, a área também é importante aliada, ao apoiar a realização de processos seguros e efetivos e garantir a ética nas organizações. Mais recentemente, o que se traduz como “Beyond Compliance” agrega no protagonismo dos movimentos empresariais e, principalmente, produz sinergia entre as áreas da organização e promove uma melhor concretização de boas práticas, sob o que se nomeou “ética estendida”.

Lays Pompiani, coordenadora de Sustentabilidade da Signify; Ana Cristina da Costa Dias, gerente de Auditoria Interna e Compliance do Grupo Baumgar; e Claudia Pitta, fundadora da Evolure Consultoria

Tema integrou painel do Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, promovido no início deste mês pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação. Participaram da discussão Lays Pompiani, coordenadora de Sustentabilidade da Signify, Claudia Pitta, fundadora da Evolure Consultoria, Ana Cristina da Costa Dias, gerente de Auditoria Interna e Compliance do Grupo Baumgart.

História

Claudia lembrou o Fórum Econômico Mundial, que disseminou a expressão “capitalismo de stakeholders“, que se relaciona com o compartilhamento de valores entre todas as partes envolvidas no negócio: empresas, consumidores, sociedade, público interno, investidores, entre outras. O que se trata de um compromisso ético ampliado para além do compliance, mas que parte de questões primordiais de conformidade legal e ética principalmente nos processos internos das companhias. A partir disso, “Entramos num momento em que o papel da empresa é muito mais ‘sofisticado’”, entende a executiva. Um papel que traduz o “avanço ético e ambiental da sociedade”.

Demanda em questões de meio ambiente, saúde, segurança e responsabilidade social, a ISO sistematizou práticas, melhorando a gestão de riscos e trazendo as lideranças para dentro desses temas. Compliance estendido a essas questões seria também um reflexo disso, acredita, por sua vez, Lays. Para a executiva, esse foi uma espécie de ponto de virada na estruturação das áreas de compliance e possíveis integrações entre departamentos e propósitos nas organizações.

Já Ana Cristina lembrou o caráter de novidade, ainda, do tema. Mas reconhece os avanços. Na história do compliance no Brasil, ela recorda, companhias genuinamente brasileiras (diferentes das multinacionais cujas regras seguiam leis internacionais já estabelecidas sobre o tema) tinham suas áreas ligadas a essa agenda muito pequenas, muito pouco estruturadas. “Hoje, 10 anos depois da legislação brasileira, vemos as empresas com suas áreas de compliance bem mais robustas”, analisa.

Questão de cultura

Cláudia relaciona o início do compliance a uma pequena parte relacionada ao “G” da sigla ESG (governança), mas entende que todo o histórico de avanços nessa questão, incluindo o “Beyond Compliance” nas empresas cria uma importante cultura de responsabilidade que impacta de maneira geral em outras estratégias da agenda, e mesmo no negócio, em si.

“Ter esse olhar disseminado na organização leva a dois caminhos: mitigação de riscos e geração de oportunidades”, entende a executiva. Como exemplo desta última via, cita a seguinte situação: “Quando a sustentabilidade e a ética se tornam estratégias do negócio, todo o resto da organização passa a prestar atenção no que antes não prestava”. Um campo fértil à descoberta de novos negócios. “Onde existe um gargalo ambiental existe uma oportunidade de negócios”, entende a executiva.

Sobre a primeira via, Cláudia ressalta a quantidade de riscos novos a que as empresas estão sujeitas no âmbito ESG, e no escopo do “capitalismo de stakeholders”, e que precisam ser mapeados e evitados, tais como multas e, mesmo, repercussões negativas, que tenham a ver com a sustentabilidade do planeta, seja social seja ambiental, e sejam definitivas na longevidade das companhias.

Lays concorda, e lembra que a abordagem das questões sob esse olhar vai variar de acordo com a natureza de cada negócio, mas é inevitável a preocupação com a diversidade, a sustentabilidade, entre outras ligadas ao tema. “Cada dia mais a gente percebe essa mudança e como as empresas estão trazendo isso para o negócio”, destaca.

Contexto que estimula equipes a “pensarem fora da caixa”, acredita por sua vez, Ana Cristina, que vê cada vez mais áreas operacionais estimuladas a ter essa atitude e elevar o grau de comprometimento das empresas às questões ESG . A integração em torno da mitigação de riscos e de soluções criativas e éticas para o desenvolvimento do negócio se torna, assim, definitiva.

Acompanhe o evento no primeiro dia e no segundo dia. 

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