Capazes de mexer com elementos sensoriais diversos por meio da audição, os podcasts ganharam relevância no Brasil e no mundo nos últimos anos, virando até mesmo fonte importante de receita publicitária e abrindo grandes caminhos em plataformas de streaming.
Hoje, o jornalismo tem se aproveitado do gênero para contar histórias ou mesmo embalar as notícias do dia de forma diferente para seu público, como comentam Paula Carvalho, gerente de conteúdo do grupo Jovem Pan, e Lucas Soares, chefe de reportagem da CBN e editor dos podcasts Vozes e Panorama. Ambos participaram do painel Notícia sob demanda: Como podcasts jornalísticos têm (re)aprendido a contar histórias, no 3º Fórum de Jornalismo Especializado, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação. A conversa contou com a mediação de Beto Estrada, produtor criativo do Spotify.
Estilos
“Durante muito tempo a gente acreditou num podcast durável, menos datado, mas com o aumento do consumo dessa mídia, acho que até depois que o Grupo Globo entrou, explicando em telejornais o ABC do podcast pras pessoas comuns, o podcast do dia também se popularizou muito”, comenta Paula Carvalho. “Tem gente que gosta de um apanhado pra terminar o dia ou até no final do dia. E até sobre assuntos como a pandemia, com as atualizações sobre o novo coronavírus, que a gente tem feito aqui na Jovem Pan.”
Apesar de tratar de assuntos “perecíveis”, o podcast jornalístico mais imediatista tem de ter trabalhos técnico, de sonorização e roteiro, por exemplo, bastante refinados e bem desenhados para os ouvintes, como aponta Lucas Soares. “Quem vai atrás de um podcast não é necessariamente aquele que liga o rádio, quer uma atenção especial, diferenciada”, explica. Ele resume: “Fazer podcast é falar no ouvido da pessoa.”
Experimentação
Por exigir atenção dos ouvidos sem contar com a visão, o podcast precisa trazer o ouvinte para perto daquele conteúdo, o que é ainda mais importante quando se está querendo contar uma história, como pretende o jornalismo. “O ambiente dos podcasts é muito democrático, porque você está concorrendo com todo mundo, experimentando ao mesmo tempo, num mesmo universo em que outras pessoas podem entrar. É o inesperado, o sair das caixinhas”, comenta Paula.
E Lucas considera que muitas produções jornalísticas acabam parecidas entre si. “E o grande barato do podcast é justamente explorar coisas que você não faria no dial”, diz. “Tem um quê de experimental. Jornalismo não necessariamente é só a síntese noticiosa ou comentários, existe um espaço, como o documental, que não é muito explorado.”
Eles citam podcasts como Praia dos Ossos, sobre um crime ocorrido na década de 1970 e inspirado numa outra produção norte-americana – Serial -, como revitalizador do gênero documental para esse conteúdo de áudio. “É revisitar assuntos que já foram tratados sob outros prismas”, diz Paula. “Quando conta uma história, o podcast também é educativo.”
A inovação atrai a audiência e, sobretudo, a troca feita entre ouvinte e produtor. Para Lucas, o podcast jornalístico vai se aproximar mais “quando você oferecer o que ele quer, porque ele é praticamente um fã, ele te segue. É deixar se aproximar.” Paula concorda. “A pessoa quer estabelecer uma troca. O podcaster não é um simples narrador, ele é intérprete dessa história. Cada podcast com sua voz.”
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