Visibilidade na comunicação interna: pertencer também é ser ouvido, visto e lembrado

Ao iluminar as vozes que sustentam a operação, a comunicação interna fortalece vínculos, inspira pertencimento e cria sentido compartilhado

Fazer parte de uma organização vai muito além de vestir o uniforme e ostentar um crachá. Tem a ver com ser lembrado e ouvido, uma combinação que leva o colaborador a se reconhecer na narrativa que a empresa constrói. Como nem todos aparecem nas campanhas e murais, a comunicação interna se torna, praticamente, uma ferramenta de justiça simbólica ao dar visibilidade a quem mantém a operação a todo vapor, mesmo longe dos holofotes. Quando a história contada inclui quem está por trás das entregas, a cultura deixa de ser discurso e ganha rosto, voz e propósito. Mostrar quem faz, e não apenas o que é feito, é o que coloca as pessoas no centro da narrativa organizacional, dando sentido ao que se faz diariamente.

Mas como garantir que todos se vejam nessa história? Em grandes operações, com centenas de colaboradores em diferentes funções, turnos e localidades, dar rosto a todos eles é um desafio que pede mais do que boas intenções. A chave está na coerência da comunicação interna, que precisa escutar mais do que simplesmente informar para transformar a potência da visibilidade em estratégia real de valorização. Conectar escritórios, campo e chão de fábrica, além de remotistas e híbridos, exige uma abordagem integrada e sensível a essas diferentes realidades. Só assim a cultura comunicada irá refletir o que acontece de verdade dentro da empresa, revelando histórias plurais e autênticas, construídas a muitas mãos.

Reconhecer é valorizar

Não à toa, quando o tema é visibilidade na comunicação interna, a palavra de ordem é valorização. Para Aline Fernanda Antunes Bensi, coordenadora de Comunicação Corporativa da Special Dog Company, o segredo está em enxergar o todo sem perder as singularidades. “Pertencimento é resultado de uma construção contínua baseada em escuta, representatividade e coerência entre discurso e prática. Nosso papel é garantir que todas as pessoas se reconheçam na história que contamos, de forma verdadeira e relevante”, reforça. Essa identificação, alimentada por uma comunicaçãoque lança luz às suas múltiplas vozes, é o que sustenta esse sentimento de pertencimento. “Dar visibilidade às pessoas e às áreas é uma forma concreta de fortalecer a cultura e traduzir nossos valores em ação”, complementa Aline.

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Aline Bensì, da Special Dog

Valorizar é reconhecer que há diferentes públicos e que suas jornadas importam tanto quanto o que produzem. Em vez de apenas reproduzir a dinâmica organizacional em mensagens institucionais, dar espaço às histórias reais de quem faz parte dela tem um impacto muito maior. Como explica Monique Alencar, diretora de Marketing da Hapvida, “a melhor forma de reconhecer é mostrar histórias reais, do cotidiano do colaborador”. Na Hapvida, essas histórias têm lugar de destaque na comunicação interna por meio de iniciativas como “Histórias de Sucesso”, editoria dedicada a trajetórias consolidadas, e “Nossa Gente”, intranet da companhia onde os próprios colaboradores compartilham suas vivências.

O esforço nosso de cada dia

A proposta é simples, mas poderosa: valorizar o esforço diário que sustenta a cultura da empresa. “Não precisa ser algo extraordinário; é contar um gesto simples, um olhar diferenciado ou um ato de muita vontade de fazer acontecer”, explica Monique Alencar, diretora de Marketing da Hapvida. São retratos do cotidiano que revelam o que a empresa realmente é, da médica que se dedicou aos pacientes durante a pandemia à equipe que celebrou a cura de um paciente com câncer. Ao dar visibilidade a essas histórias, a comunicação interna reforça o orgulho de pertencer e a certeza de que cada contribuição tem valor. “O colaborador quer se sentir representado, e nada traz mais orgulho do que ver que o seu trabalho importa”, reforça.

Na prática, exemplos como esses, de visibilidade na comunicação interna, ajudam a transformar a narrativa da empresa e a forma como as pessoas a percebem. Reconhecer quem faz parte da organização é, também, abrir espaço para vozes diversas, fortalecendo as ações de diversidade e inclusão. “Fazer com que o colaborador se sinta respeitado e valorizado é fundamental para o bom rendimento dele”, destaca Monique Alencar. Na Hapvida, essa visão se traduz em ações permanentes, como um setor dedicado à Diversidade, com grupos de afinidade que reúnem mulheres, pessoas negras, LGBTQIAPN+, idosos e pessoas com deficiência, garantindo que todos se vejam representados no propósito coletivo.

Visibilidade e inclusão

No fim das contas, visibilidade também é inclusão. Tem a ver com garantir que todos, independentemente de onde estejam ou do que façam, tenham seu papel reconhecido dentro da narrativa oficial da empresa. Entretanto, reconhecer essas trajetórias é apenas o primeiro passo. O desafio seguinte é garantir que todos sintam-se parte da mesma história.

É nesse ponto que entra a visão de Stela Fantuci, diretora de Gente e Gestão do Grupo Marilan, para quem a verdadeira missão da comunicação interna vai além da informação: está em incluir, escutar e traduzir realidades diferentes, adaptando a linguagem para que todos se sintam parte da conversa. “Assim, a narrativa deixa de ser apenas institucional e passa a ser viva, construída de forma coletiva”, afirma. E construída, sobretudo, por quem a protagoniza todos os dias. Do contrário, “é como se o seu trabalho e contribuição não fizessem parte da história e dos resultados que estão sendo alcançados”.

Da escuta à prática

Na prática, a comunicação interna funciona como um fio invisível que costura valores, propósitos e pessoas. A partir desse movimento, explica Stela, nascem pontes simbólicas e emocionais que aproximam os colaboradores da essência da empresa. Pode até soar abstrato, mas essa dinâmica pode ganhar corpo através de ações bem simples e efetivas, como uma rede social interna. Esse é o caso do Grupo Marilan, que aposta nessa ferramenta para democratizar o acesso à informação, estimular trocas e dá voz aos times em tempo real. É nesse espaço que a visibilidade comprova que há coerência entre o que a empresa comunica e o que realmente vive.

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Stela Fantuci, do Grupo Marilan

Mas, se por um lado a tecnologia ajuda a encurtar distâncias, por outro, ainda há o desafio de alcançar quem não tem acesso a esses canais. Segundo Stela, essa é uma barreira que só se vence com criatividade e presença. Ou seja, é preciso estar perto, ouvir adaptar a comunicação às diferentes realidades. “Combinar meios online e offline, adotar uma linguagem acessível e envolver as lideranças como multiplicadoras das mensagens são caminhos possíveis”, enumera a diretora de Gente e Gestão. Além disso, ela considera essencial promover momentos de troca, reconhecimento e escuta genuína, costurando essas diferentes realidades em uma narrativa plural e coerente com o propósito da companhia.

Conexão digital e presencial

Um bom exemplo de como a conexão vai além das ferramentas digitais vem da Rede de Agentes de Comunicação da Special Dog. Criada para aproximar as unidades e realidades distintas, a iniciativa atua como uma extensão da área de comunicação interna, mantendo a cultura pulsando mesmo à distância. São mais de 50 colaboradores que funcionam como pontes humanas entre os times, garantindo que cada mensagem chegue com o mesmo cuidado e significado. “O desafio está em manter a sinergia e a cultura organizacional viva, mesmo em realidades muito diferentes entre si”, destaca Aline.

Ao mesmo tempo, tecnologia e presença podem – e devem – ser complementares para garantir a aproximação entre diferentes realidades. É o que mostra o exemplo da Hapvida. Segundo Monique Alencar, embora o maior desafio seja engajar quem está na linha de frente e nem sempre tem acesso fácil aos canais corporativos, dá para superá-lo combinando o alcance digital com a força das trocas presenciais. No primeiro caso, a intranet foi desenhada como um ambiente de troca, onde os colaboradores compartilham suas experiências, criam conteúdo e interagem com a alta liderança. Para se ter ideia, o canal já alcança mais de 90% dos 70 mil profissionais da companhia, funcionando como um verdadeiro ponto de encontro entre eles.

Pontes humanas

Mas, mesmo com toda essa estrutura digital, é o contato humano que mantém o engajamento vivo. Nas filiais, os Comunicadores – colaboradores voluntários que atuam como embaixadores da cultura – fortalecem o vínculo entre os times e a área de comunicação. São eles que disseminam informações, promovem conversas e fazem com que a escuta aconteça também fora das telas. “É um trabalho de muitas mãos, com diferentes ações que visam a participação e o engajamento dos times”, resume Monique.

Do mesmo modo, conectar tudo e todos de forma orgânica não basta. É preciso gerar vínculo a partir do que as pessoas realmente pensam, vivem e sentem. Para Stela Fantuci, do Grupo Marilan, compreender as diferentes vivências que compõem a organização é o que abre espaço para o diálogo, além de fortalecer o senso de pertencimento. Não por acaso, a visibilidade na comunicação interna nasce, justamente, desse encontro entre vozes diversas e os valores da organização. “Garantir que a inclusão seja real, e não só simbólica, passa por dar espaço de verdade para escuta e participação”, afirma.

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Monique Alencar, da Hapvida

Escutar para transformar

Nas três empresas, essa conexão começa pela escuta e se transforma em ações que dão sentido à rotina. Segundo Aline Fernanda, da Special Dog, a estratégia ideal combina visão integrada com empatia, itens fundamentais para compreender as particularidades de cada público. “Entendemos que escutar é comunicar. Já a personalização é o que torna a comunicação significativa e capaz de gerar conexão emocional”, reforça.

Por lá, em vez de trabalhar de forma isolada, o time de comunicação atua lado a lado com os diferentes setores da empresa, construindo soluções em parceria e mantendo o rigor técnico que garante consistência à mensagem. “Nosso modelo é baseado em parceria e cocriação, mas a partir de um princípio claro: a técnica da CI precisa ser respeitada para que a parceria funcione e gere resultado”, explica. Naturalmente, a escuta está presente em todas as etapas, dos fóruns com os Agentes de Comunicação aos atendimentos personalizados e workshops com diferentes públicos.

Segundo ela, esses espaços de troca revelam percepções, inspiram campanhas, ajustam canais e aprimoram processos, transformando sugestões em práticas reais. “É isso que torna a comunicação um sistema vivo e confiável, onde cada colaborador é coautor da narrativa e cada área é corresponsável pela cultura que ajuda a fortalecer”, resume.

Exemplos práticos

Foi assim com o projeto da Special Dog voltado à equipe de Logística, formada por mais de 600 colaboradores que atuam nas estradas. Antes de lançar uma websérie em reconhecimento a eles, a empresa realizou um workshop colaborativo para ouvir histórias, entender a rotina e cocriar a narrativa ao lado dos próprios motoristas. O resultado foi uma comunicação com linguagem próxima e afetiva, que reflete a rotina real de quem representa a marca todos os dias. Ao se verem retratados, os colaboradores passaram a compartilhar os conteúdos espontaneamente, reconhecendo uns aos outros como parte importante da cultura da SDC. “Quando o colaborador se vê na comunicação, entende que o seu papel tem propósito e que ele é parte essencial do que construímos juntos”, reforça Aline.

A mesma lógica se estende às campanhas de lançamento de produtos, sempre pensadas de dentro para fora. Antes de chegar às prateleiras, cada novidade é celebrada internamente como uma conquista coletiva. O operador, o analista e o motorista são convidados a viver essa experiência lado a lado, reconhecendo o próprio papel em cada etapa da entrega. O gesto, que pode parecer simples, carrega um forte valor simbólico: em vez invisibilizar sua atuação, o colaborador é tratado como o primeiro cliente da marca. “Esse reconhecimento fortalece o orgulho de pertencimento e reforça a noção de que o sucesso da marca é resultado de um esforço compartilhado”, explica a Coordenadora de Comunicação Corporativa da empresa.

Visibilidade na comunicação interna
Histórias reais ajudam a fortalecer o senso de pertencimento

Comunicação que reconhece também inspira

Na comunicação interna, dar visibilidade é reconhecer a verdade de cada colaborador. Lançar um olhar genuíno sobre essas histórias é o que torna a mensagem realmente inspiradora. Quando ele entende que seu papel vai além da função que exerce, o senso de pertencimento floresce de forma natural. Nos exemplos da Hapvida, Marilan e Special Dog Company, fica evidente que a comunicação interna precisa ser humana para ser transformadora.

Na Hapvida, a força dessa mensagem está na diversidade de canais e na escolha de uma linguagem direta, carismática e acessível. A proposta, explica Monique Alencar, é fazer com que todos se sintam parte da conversa, dos profissionais que atuam nos hospitais às equipes administrativas. “São eles que fazem a empresa, nada mais justo que sejam reconhecidos como nossas maiores estrelas”, afirma. Por lá, a intranet, a TV corporativa e os murais são vitrines de histórias reais, protagonizadas pelos próprios colaboradores. A série “Histórias de Sucesso” traduz bem esse espírito ao celebrar trajetórias de décadas dedicadas ao cuidado com o outro. Nesse espaço, o orgulho de pertencer cresce junto com o senso de comunidade.

Storytelling é estratégia de cultura

Já no Grupo Marilan, o valor está na autenticidade. Para Stela Fantuci, a visibilidade precisa vir acompanhada de verdade e respeito – e não se trata, aqui, de produzir campanhas perfeitas, mas de mostrar o cotidiano de forma honesta e sensível. “Histórias reais, contadas com autenticidade, têm muito mais força do que campanhas criadas apenas para ‘mostrar’”, diz. Por isso, a área de Gente e Gestão aposta em ações que representem todas as áreas, do chão de fábrica ao corporativo, garantindo que cada voz seja ouvida e valorizada.

Na Special Dog Company, por sua vez, o storytelling é estratégia de cultura. Para Aline Fernanda Antunes Bensi, histórias reais e coerentes têm poder de gerar identificação e perpetuar valores. “A comunicação interna só faz sentido quando conecta pessoas à razão de existir da empresa”, lembra, citando Vânia Bueno. Campanhas como “Contém História” e “Por Dentro da Área” mostram o dia a dia das equipes sem filtros, revelando o operador, o motorista, o analista – gente comum, mas essencial. O formato é simples e espontâneo, muitas vezes gravado pelos próprios colaboradores, mas por trás há método: curadoria de histórias, revisão de linguagem inclusiva e alinhamento com os valores da marca.

E ponto final

Em comum, as três empresas mostram que a comunicação interna é mais eficaz quando abandona o estereótipo do colaborador idealizado e passa a enxergar as pessoas reais, com suas diferenças, rotinas e formas de contribuir. Quando isso acontece, a visibilidade se torna uma prática cotidiana de valorização estratégica. No fim das contas, é sobre construir um ambiente em que todos possam se ver, se ouvir e se reconhecer na mesma história.


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