Em um mundo onde a inteligência artificial edita textos, emula pensamentos e automatiza até as nossas vírgulas, é bom lembrar que, embora a tecnologia viabilize uma infinitude de coisas, ela não substitui propósito. E quando falamos de comunicação interna na era digital, bem sabemos que não basta apenas compartilhar mensagens com mais agilidade – é preciso construir conexão, diálogo e pertencimento. Engajar exige mais do que tecnologia de ponta, mas, com os recursos certos e bem aplicados, é possível ir longe. Foi o que fizeram a Atlas Eletrodomésticos e a Petz, destaques na categoria Digital da 3ª edição do Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores (PEMCC). Com empatia e muita estratégia, as empresas mostraram que o digital, quando alinhado à realidade das organizações, amplia o alcance da comunicação interna e confere ao colaborador o protagonismo que ele merece.
Ainda que com propostas diferentes, os dois cases têm em comum um mesmo propósito: tornar a comunicação mais próxima e participativa, a partir do uso inteligente do digital para gerar pertencimento e visibilidade. De um lado, a Atlas, empresa brasileira com mais de 65 anos, encontrou nas redes sociais uma forma de valorizar o trabalho na fábrica e reforçar a interdependência entre as áreas. Do outro, a Petz, um dos principais ecossistemas do segmento pet brasileiro, criou uma plataforma robusta e intuitiva, capaz de conectar colaboradores espalhados por diferentes unidades e realidades.
Atlas Eletrodomésticos – no digital, a comunicação interna é feita por que quem vive a operação
Imagine pegar o celular e, entre um vídeo e outro, se deparar com um colega descendo de rapel de uma caixa d’água, enquanto apresenta o setor onde trabalha. Na Atlas Eletrodomésticos, uma das formas encontradas para colocar o colaborador no centro das atenções foi criar o quadro “Um Dia na Prática”, dentro do perfil @mundoespecialista no Instagram. Ao valorizar a espontaneidade das pessoas e evidenciar o papel de cada uma delas no funcionamento da fábrica, o projeto conseguiu traduzir em linguagem digital aquilo que a Atlas tem de mais especial: a colaboração entre os times. Para Celso Palagi, head de Recursos Humanos da Atlas Eletrodomésticos, o ponto de partida foi reforçar a empatia entre as áreas. “Queríamos mostrar que nenhum setor caminha sozinho”, conta.
Imagine pegar o celular e, entre um vídeo e outro, se deparar com um colega descendo de rapel de uma caixa d’água enquanto apresenta o setor onde trabalha. Na Atlas, foi justamente essa espontaneidade do dia a dia que serviu de ponto de partida para criar o quadro “Um Dia na Prática”, exibido no perfil @mundoespecialista no Instagram. A proposta era simples: colocar o colaborador no centro da narrativa e mostrar como cada função se conecta à outra, traduzindo em linguagem digital a engrenagem que sustenta a cadeia produtiva. “Queríamos mostrar que nenhum setor caminha sozinho”, reforça Celso Palagi, head de Recursos Humanos da Atlas Eletrodomésticos.
da Atlas Eletrodomésticos
Mas, para isso, era preciso ir além do WhatsApp e do e-mail, e buscar novas formas de conversar com o público, interno e externo (e por que não?). Com a empatia como ponto de partida, a Atlas fez das redes sociais um canal potente de comunicação digital, onde o conteúdo informativo seria construído por quem faz a empresa acontecer. Um espaço que funcionaria, na prática, como uma extensão viva da fábrica, construída no dia a dia.
De dentro para fora, com a voz de quem faz
Com isso em vista, a curadoria dos vídeos buscou representar cada pedaço dessa grande engrenagem produtiva de forma espontânea, conferindo ao colaborador não só visibilidade, mas liberdade para contar sua história com a própria voz – do seu jeito. “A escolha dos setores sempre foi pensada para garantir que todos se enxergassem no projeto, sem distinção de área, cargo ou tempo de casa”, explica Celso. Em vez de uma vitrine institucional “plastificada”, que poderia parecer roteirizada demais, o projeto se tornou um espaço legítimo de fala, com diferentes histórias e sotaques. “O que garante a autenticidade é o brilho no olho dos próprios colaboradores ao mostrarem seus setores com orgulho. Nada é ensaiado.”
Não por acaso, a repercussão foi imediata e para além do Instagram. Celso conta que o quadro “Um Dia na Prática” provocou um movimento espontâneo dentro da empresa, com impacto direto na cultura organizacional. “Começamos a ouvir comentários nos corredores e até pedidos para que o projeto fosse até determinados setores”, lembra. A valorização de uma área reverberava em outras, como se, ao ver o colega ganhando visibilidade, o colaborador reconhecesse ali, também, o próprio valor. Esse sentimento não ficou restrito à operação: chegou às lideranças, que passaram a enxergar no projeto uma forma legítima de reconhecer o público interna e fortalecer vínculos. “Isso gera uma onda de reconhecimento que vai além da comunicação: ela se torna parte do clima organizacional”, reforça o porta-voz da Atlas.
Simples, direto e profundamente humano
Mas, talvez, o maior acerto da Atlas tenha sido não tentar sofisticar demais o projeto. Em vez de apostar em algo complexo, o time de comunicação escolheu um caminho mais simples, direto e, justamente por isso, muito genuíno. “Aprendemos que humanizar é mais eficaz do que tentar ‘embelezar’ a rotina”, diz Celso Palagi. Ao mostrar o colaborador em ação, do jeito que ele realmente é, o @mundoespecialista deixou de ser apenas um perfil para se tornar um espaço digital de cultura, alicerçado pela comunicação interna. “Quando fazemos isso com respeito e escuta, o digital vira uma ponte, e não uma barreira. Percebemos também que grandes resultados não exigem grandes investimentos, mas sim sensibilidade e intenção”, reflete. No fim das contas, o Instagram se revelou uma ferramenta potente de comunicação – totalmente conectada com o time da Atlas.
Hoje, com o projeto consolidado e figurando entre os destaques do PEMCC, o desafio é expandir a lógica do “Um Dia na Prática” para outros formatos e unidades. “Queremos explorar novos quadros, mais participação das unidades de Escada (PE) e São Paulo (SP)”, afirma. A ideia, segundo ele, é manter o canal cada vez mais colaborativo, com sugestões vindas do próprio time. Quanto aos próximos passos, o porta-voz é enfático: “a comunicação interna vai continuar apostando em projetos que cabem no bolso, mas que tocam o coração”. Haja fôlego!
Petz – comunicação interna digital para quem está na linha de frente
Se a Atlas apostou no Instagram para dar visibilidade ao dia a dia da fábrica, a Petz resolveu criar sua própria plataforma de comunicação interna digital para conectar quem está espalhado por lojas, centros de distribuição e unidades administrativas em todo o país. Destaque na categoria Digital da 3ª edição do PEMCC, o Conecta Petz nasceu com o propósito de transformar a tecnologia em ponto de encontro. Antes dela, apenas 19% dos colaboradores tinham acesso às mensagens institucionais. Mas, em apenas dois meses, esse número saltou para 50%. “A comunicação foi de fato democratizada e passou a ser acessada diretamente pelos colaboradores por meio de uma plataforma digital que une intranet e rede social corporativa”, explica Flávia Pontes, diretora executiva de RH e Serviços.
A porta-voz da Petz conta que, até então, a comunicação chegava aos times das lojas e centros de distribuição de forma fragmentada, muitas vezes dependendo do repasse informal dos gestores ou de murais nem sempre atualizados. A falta de padronização e de indicadores tornava difícil acompanhar o que funcionava e, principalmente, o que não funcionava. Com a nova plataforma, esse cenário mudou, o que, segundo ela, permitiu ao time de comunicação acompanhar e gerir o processo de ponta a ponta, com mais precisão. “Além de receberem os conteúdos em tempo real, os colaboradores passaram a interagir com as publicações, e essas interações se tornaram um importante termômetro de engajamento e clareza”, destaca Flávia.
Segmentação, participação e cultura
Não à toa, com o Conecta Petz, a comunicação interna expandiu sua presença no dia a dia, e não apenas como um canal digital, mas um meio de se conectar com a empresa. Nesse sentido, a segmentação dos conteúdos por grupos, temas e unidades ajudou a personalizar a experiência e ampliou o engajamento. Para Flávia, essa estrutura foi decisiva para o sucesso do projeto, já que possibilitou direcionar as mensagens de forma segmentada, conforme o perfil, o local e o cargo dos colaboradores. O resultado foi uma experiência mais próxima e relevante, como ela bem pontua.
“Temos um grupo principal, o Fique por Dentro, que concentra os conteúdos institucionais mais relevantes e serve como base da estratégia de comunicação em todos os canais da empresa”, conta. Além disso, espaços como o #JuntosnaPetz, em que os próprios colaboradores compartilham momentos do dia a dia, contribuíram para reforçar o sentimento de pertencimento, valorizando as vozes que fazem parte da organização. Ao combinar estratégia com espaço genuíno de troca, a Petz conseguiu transformar a plataforma em um ambiente mais próximo, acessível e conectado à cultura do time.
Leveza, interação e reconhecimento
Também merece destaque a forma como a Petz conseguiu unir conteúdo institucional e leveza, sem perder engajamento. Os quizzes mensais, por exemplo, tornaram-se uma ferramenta estratégica para reforçar mensagens importantes de um jeito mais dinâmico, com direito a ranking e premiação. A ideia era engajar sem parecer obrigação. “Reforçamos o aprendizado, incentivamos o acompanhamento contínuo dos conteúdos e ainda promovemos reconhecimento interno, tudo de forma divertida”, conta Flávia. A mesma lógica se aplica ao PodPetz, canal de vídeo que convida lideranças para conversas descontraídas, com perguntas dos colaboradores e bastidores compartilhados. “O PodPetz tem se tornado um espaço simbólico de conexão entre quem está na ponta e quem lidera a companhia, quebrando barreiras hierárquicas e fortalecendo a cultura de forma autêntica e afetiva.”
Segundo Flávia, desde o início, a empresa sabia que lançar a plataforma exigiria mais do que tecnologia. Era preciso despertar curiosidade, envolver as equipes e transformar o cadastro em uma experiência coletiva. Ações como o Baú da Conecta e a Caixa Misteriosa, espalhadas por lojas e escritórios, fizeram exatamente isso: geraram “burburinho” e movimento em torno da novidade. “Isso gerou competição saudável, mobilização em equipe e colocou a plataforma no centro das conversas do dia a dia”, lembra Flávia. Em dois meses, já eram mais de 4.280 cadastros e uma taxa de acesso de 93%. “O objetivo era mostrar que a plataforma não era só mais um canal, mas uma nova forma de se conectar com a Petz”, completa. Hoje, com 77% das lideranças ativas, a Conecta consolidou seu lugar como ferramenta de comunicação interna digital — acessível, participativa e com a cara do time.
Quando o digital transcende o formato
A experiência da Petz mostra que o digital não precisa ser impessoal, como diz o senso comum. Muito pelo contrário. Quando bem estruturado, ele pode conectar mais do que distanciar – e foi exatamente isso que a Conecta conseguiu fazer. Ao permitir que colaboradores de diferentes setores, funções e lugares interagissem entre si, a plataforma transformou a comunicação interna, mesmo digital, em cultura compartilhada. “A Conecta mostrou, na prática, o poder da tecnologia quando ela é usada para incluir e aproximar, e não apenas para informar”, destaca Flávia. Comentários, reações, postagens, reconhecimento entre colegas, tudo isso passou a fazer parte da rotina. E o sentimento positivo foi se espalhando.
Ao mesmo tempo, Com dados em tempo real, o time de comunicação ganhou agilidade para ajustar o que fosse preciso e clareza para tomar decisões com base no que o time realmente vivia. “Esse movimento gerou não apenas engajamento, mas pertencimento”, finaliza.
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