Depois da invenção da imprensa por Gutemberg, a maior evolução nesse equipamento aconceceu em 1886 com o uso do linotipo, que substituiu a composição manual e acelerou o processo de composição de jornais, revistas e livros. O jornal New Your Tribune foi o primero a usar a maravilha da época, em 3 de julho de 1886. E reinou até 1940 quando foi desenvolvido a fotocomposição, (ou composição a frio), que gradualmente substituiu os processos de composição “a quente” da linotipo. Mas, este último, só começou a ser utilizado em larga escala entre as décadas de 1960-70, com a popularização do processo de impressão “offset”. Mais tarde, a composição com fontes digitais e os softwares de editoração eletrônica dominaram o mercado, tornando a profissão de linotipista obsoleta com a transição para a era digital.
No Brasil, ainda se utilizam linotipos, principalmente por jornais do interior e pequenas gráficas que produzem jornais, folhetos, convites, e outros impressos artesanais personalizados. Algumas dessas máquinas estão funcionando a mais de 100 anos. Profissionais que dominam essa técnica também são raros.
Ao longo do século XIX, as prensas tipográficas avançaram e atingiram velocidades incríveis, mas a composição tipográfica continuou sendo um processo lento. O linotipo era a máquina há muito aguardada que traria velocidade a uma área totalmente nova do processo de impressão: a sala de composição.
Substituíram com muita vantagem o trabalho artesanal de escolher letra por letra, as maiúsculas na caixa de cima, as minúsculas na caixa de baixo, para com elas se ir compondo cada palavra, cada frase, cada período, até formar o artigo inteiro, a página inteira, o jornal inteiro.
Evolução
De Gutenberg até a década de 1880, as letras tipográficas precisavam ser fundidas individualmente em moldes e ordenadas à mão, de trás para frente. Embora um compositor experiente pudesse compor tipos com grande velocidade e precisão (ambas métricas que frequentemente determinavam as faixas salariais), ainda era um processo lento. E não se esqueça do tempo que levava para colocar os tipos de volta nas caixas!
Acelerar o processo de composição tipográfica era o foco de muitos inventores e editores na década de 1800. Diversas máquinas são anteriores ao linotipo, mas os linotipos, e a empresa que os fabricava, dominavam o mercado com sua funcionalidade e acessibilidade (e também com suas patentes).
Quem inventou

Ottmar Mergenthaler , um imigrante alemão em Baltimore, Maryland (EUA), é o homem mais intimamente associado ao linotipo. Engenheiro de profissão e relojoeiro por experiência, Mergenthaler fez parte da equipe contratada em 1876 para inventar uma máquina copiadora para acelerar o trabalho dos estenógrafos da corte. Em 1884, Mergenthaler havia desistido de muitos protótipos e se concentrado no conceito de fundir uma linha inteira de tipos de uma só vez. Ele encontrou a solução certa em 1886 e fundou sua própria empresa: a Mergenthaler Printing Company. Mais tarde, ela seria conhecida mundialmente como Mergenthaler Linotype Company.
Um dos financiadores do projeto foi Whitelaw Reid , editor do New-York Tribune. Portanto, foi esse jornal que primeiro testou os linotipos em 1886. Depois de alguns anos, o Tribune divulgou seu sucesso no jornal.
À medida que a máquina era continuamente aprimorada, com mais modelos e estilos em produção, outros jornais se apressavam em adicionar linotipos à sua produção gráfica. Os jornais ostentavam seus linotipos e compartilhavam a maravilha da máquina de impressão a quente com seus leitores. Chamavam-na de “A máquina do século” e “quase humana” na forma como operava semi-automatizada.
Segundo Emanuel Araújo, autor da obra “A construção do livro” (edição publicada no Rio de Janeiro pela Lexikon Editora Digital, em 2008), esse sistema apresentava algumas limitações em relação à variação de caracteres, adaptação a diagramações complexas, espaçamento de entrelinhas e correção de texto. Há de se mencionar que a mecanização da composição tipográfica fez com que muitos compositores manuais migrassem para o ofício de compositor mecânico, o linotipista, cuja produção podia atingir a de oito daqueles profissionais.
A linotipo foi um invento de sucesso, que possibilitou o alargamento da produção gráfica, a rapidez no fechamento de jornais, e foi o principal meio de composição tipográfica até meados do século XX, quando entraram em cena os processos de fotocomposição e, atualmente, a composição com fontes digitais.
Processo barulhento e tóxico
O Linotipo funde automaticamente (uma liga de chumbo, antimônio e estanho) linhas inteiras de texto em “slugs” ou “lingotes” de metal tipográfico, a partir de um teclado semelhante ao de uma máquina de escrever. O operador, o linotipista, digita o texto desejado em um teclado, que aciona a liberação de pequenas matrizes de latão (moldes para as letras) de um magazine onde ficam armazenadas. Os lingotes fundidos, uma vez resfriados, são colocados em “bastões” para serem inseridos na forma da prensa que está sendo preparada para a impressão. Depois de utilizados, os lingotes são fundidos novamente para reiniciar nova produção. É um processo barulhento, que emite gases tóxicos. O aquecimento de chumbo e outros metais gerava vapores e resíduos metálicos.

Muitos operadores adoeciam com o tempo. Era um ambiente insalubre. Além disso os operários trabalhavam sob um calor de 60º ou mais. Imagine isso em um país tropical. Ou durante nosso verão. Os operadores usavam uma toalha úmida enrolada no pescoço para amenizar o calor. “Amenizar” é um eufemismo. Eles tomavam leite (nem todas gráficas dispunham do produto) como antídoto do ao efeito tóxico do chumbo, responsável por uma doença chamada saturnismo ou plumbismo. A ventilação nesses locais era precária, o que dificultava a dispersão dos gases tóxicos, porque muitos linotipos funcionavam nos porões de jornais ou nos fundos de estabelecimentos gráficos.
Essa intoxicação pode ocorrer por diversas vias, como a inalação de poeira ou vapores de chumbo, ingestão de água contaminada ou contato com objetos que contenham o metal. O saturnismo pode afetar diversos órgãos e sistemas, causando uma variedade de sintomas, como problemas neurológicos, gastrointestinais, hematológicos, renais e reprodutivos. E hoje atinge também trabalhadores em fábricas de tintas, solventes, baterias, tintas, solda, mineração e construção civil.