A hora e a vez do ESG na comunicação e na mídia

Tema tem crescido nas organizações e mobilizado profissionais dos veículos de imprensa e comunicação corporativa

O ESG está por todos os lados. É só você observar esse assunto publicado quase todos os dias nos principais veículos de comunicação, a profusão de fóruns temáticos e os projetos de comunicação interna focados no tema. Para tratar desse assunto importante na era das emergências climáticas e sociais, foi o tema do painel “ESG em pauta – O investimento crescente no jornalismo socioambiental”, no 6º Fórum de Jornalismo Especializado, Regional e Comunitário, que aconteceu dias 20 e 21 de maio, em evento ao vivo e com inscrições gratuitas – num oferecimento do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação, e Plataforma Negócios da Comunicação.

É crescente destaque da sigla ESG (Environmental, Social and Governance) nos últimos anos. E o o desafio de conscientizar e educar a população sobre práticas alinhadas às demandas da emergência climática e social, ao mesmo tempo em que promove essa mentalidade dentro dos veículos de comunicação.

Participaram das discussões Ilza Girardi, professora convidada no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também coordena o núcleo de Jornalismo Ambiental e é coordenadora do Grupo de Ecojornalismo do Rio Grande do Sul; Lylian Rodrigues, docente e coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá (UniFAP) e autora o podcast Fala Amazônia; e Maristela Cispim, editora-chefe na EcoNordeste e professora do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), que está introduzindo este ano a disciplina de Jornalismo Ambiental.

Para Ilza existe uma visão equivocada do que se chama política para o desenvolvimento e progresso, que costuma gerar destruição sem nenhum investimento em prevenção do meio ambiente. Ela, que vive no Rio Grande do Sul, Estado que passou por uma crise ambiental com grandes inundações, lembrou que “aconteceram diversos alertas com antecedência sobre o que iria acontecer, e aconteceu, sendo que nenhuma medida preventiva foi tomada pelos gestores públicos. E a mídia cobriu bem o que aconteceu, segundo ela, ouvindo autoridades, cientistas, pessoas da comunidade, levando informação correta para que as pessoas pudessem compreender o que estava acontecendo e tomar decisões. O jornalismo cumpriu seu papel educativo. “Todos esses movimentos do desenvolvimento sustentável e ESG precisam superar essa contradição do desenvolvimento x destruição”, foi sua mensagem final.

Meio ambiente é disciplina obrigatória nos cursos de jornalismo, lembrou bem a jornalista e professora Lylian Rodrigues, do Amapá, e disse ainda que o jornalista precisa aprender a trabalhar essa relação da natureza com o humano. E a universidade procura ter essa formação. “Esse jornalismo engajado é ser critico, dar direito a vida”, filosofa. O curso é relativamente recente na universidade, em 2011 e nasceu no currículo a proposta de uma disciplina de 30h de jornalismo ambiental, que deve ir para 60h, mais outra disciplina da formação sociocultural da Amazônia. Lilian participa ainda do projeto de pesquisa do Observatório Popular do Mar, que objetiva transformar os ribeirinhos, em observadores que coletem dados para pesquisas, analisando a erosão das ilhas, salinização das águas, aumento do nível da água. Para o jornalista observar isso, que será o fim dessas ilhas. Outro grupo de pesquisas é o Observatório do Desenvolvimento da Amazônia, dentro de um programa de pós-graduação que tem abraçado a causa da comunicação. E o podcast, que começou como programa de rádio universitária. Virou podcast na pandemia. “O desafio dos jornalistas diz respeito ao financiamento, autonomia para superar os interesses econômicos, a logística na Amazônia que é muito difícil e cara, tudo muito distante. Para enfrentar a ação predatória do Estado e do mercado e enfrentar os negacionistas, cobrando os legisladores também”.

A também professora Maristela Cispim, ressaltou o papel do jornalismo onde atuou em 22 anos, em redações de Fortaleza, para combater as fake news e a desinformação que vem de todos os lados, inclusive no meio político e de gestores públicos. Ela não comentou, mas um vereador de Porto Alegre culpou as árvores pela tragédia e colocou em pauta cortar todas as árvores da cidade, que segundo ele “pesam na terra e causam inundações”. Uma colocação não só ridícula, mas criminosamente falsa. “No nordeste também sofremos com a vulnerabilidade climática e a área de costa suscetível ao aumento do nível do mar, e ainda temos que fazer frente à desinformação”. Ela ainda destacou o fato que, em sua opinião, não precisava existir jornalismo ambiental, as pessoas deveriam, naturalmente, estar integradas com a natureza. “Mesmo diante da catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul e a possibilidade desse problema atingir outras cidades e regiões, a gente ainda vê pessoas negando tais acontecimentos, e temos esse papel pedagógico, como jornalistas. Inclusive na formação de jornalistas. Maristela informou que a disciplina de Jornalismo Ambiental começou neste semestre em sua universidade. E na imprensa hoje existem avanços. Ela cita aquela manchete rasa que dizia que a chuva matou as pessoas. Agora, diante de uma tragédia no RS as coisas estão sendo mais debatidas, com mais vozes, mostrando que não é apenas uma catástrofe natural, tem uma contribuição humana, pelas emissões de gases tóxicos, ou pelas ações locais de desmatamento e lacração do solo, e ainda devido a destinação errada de resíduos.


Assista aos dois dias de evento, clique nos links:

Dia 20/05
Dia 21/05


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