Influenciadores digitais não podem participar da campanha eleitoral

Prática está proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral e pode afetar também artistas

Influenciadores digitais não podem participar da atual campanha eleitoral, seja apoiando formalmente um candidato, participando de comícios, programas eleitorais na TV, ou ainda utilizando seus canais para algum tipo de menção de preferência de seu voto.  A proibição está vedada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decisão apoiada no artigo 57-C da Lei das Eleições (9.504/1997).

Em outros países isso não acontece. Pessoas famosas, como a Lady Gaga, por exemplo, participaram ativamente das eleições para presidente. Ela apoiou a campanha do atual presidente dos EUA, Joe Biden. No Brasil, muitos artistas e pessoas famosas já estiveram em palanques e comícios políticos, Durante a campanha ds Diretas Já, pedindo a volta das eleições no final da ditadura militar, artistas foram expoentes do movimento.

Por unanimidade, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou, em sessão extraordinária,  que candidatos não podem participar de lives promovidas por artistas com o intuito de fazer campanha eleitoral, ideia que tem recebido o nome de “livemício”.

Em seu voto, o ministro relator, Luis Felipe Salomão, destacou que a proibição compreende não apenas a hipótese de showmício, como também eventos assemelhados e alcança eventos dessa natureza. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, lembrou que a constitucionalidade da norma que proibiu a realização de showmício (Lei nº 11.300/2006) está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), particularmente na hipótese em que não haja remuneração.

Marcas, em geral, não se posicionam

De qualquer forma, empresas tem evitado aproximar suas marcas de candidatos e influenciadores com alguma preferência política declarada. Exceto talvez o caso icônico do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, e que apoia abertamente o atual presidente e também candidato a reeleição Jair Bolsonaro. No caso de influenciadores digitais, as marcas não gostam de misturar política com negócios.

A briga política cria leis paralelas, como denunciado pela da cantora Luísa Sonza, de apenas 22 anos, dizendo que artistas e influenciadores que apoiam publicamente o ex-presidente Lula vem sofrendo boicote de algumas marcas.

A também artista e influenciadora Anitta foi mais longe e se posicionou em suas mídias sociais, em julho, que apoiava o ex-presidente Lula e ofereceu sua ajuda para bombar o nome do candidato na internet, Tik Tok, Twitter e Instagram, condicionando seu apoio: “Se não for contra a lei eleitoral, eu farei”.

Bolsonaro também exibe uma lista de artistas que o apoiam, entre eles, Gusttavo Lima, Zezé di Camargo e Amado Batista. Mas estes mantém uma postura mais discreta agora, com a aproximação do pleito.

Influencer tem sido afetados nessa época de campanha

O medo de se posicionar afeta influencers e marcas. Pesquisa da Youpix com marcas e creators, mostra como o posicionamento político interfere no mercado de influência: o medo está presente nos dois lados, Apesar de 83,2% das empresas terem declarado que não vão mudar os planos de comunicação em geral (não só influência) durante o período eleitoral, a pesquisa aponta que o mercado de influência vai sofrer uma retração de um quinto. Pelo menos 54,6% dos creators sentiram que os jobs diminuíram esse ano e 13,2% das marcas admitem que vão diminuir as campanhas. Apesar disso, por enquanto, 8,8% dos criadores relataram que marcas ou agências pediram para que eles não se posicionassem a respeito de temas políticos este ano. muitos influenciadores admitem negar publi — 65,4% —de marcas que não se alinham com seus valores e ideologias. Na pesquisa, os creators se posicionaram da seguinte forma: 34% da audiência cobra posicionamento deles; 77,6% disseram que política não faz parte da temática; e 77,5% de creators que falam sobre questões políticas pretendem seguir se expressando no período de eleições.

Preocupada com essas questões, o centro de pesquisas InternetLab e a organização de educação midiática Redes Cordiais, atualizaram este ano o Guia para Influenciadores Digitais nas Eleições, publicado originalmente em 2020.  O documento reúne princípios a serem seguidos por influencers e informações sobre proteção de dados, censura, desinformação e violência política.

Desinformação nas eleições

Boatos sobre a sala secreta do TSE já foram desmentidos pela mídia profissional

A desinformação também está entre as preocupações do TSE, que convidou um grupo de 30 influenciadores de todo o país para visitar a sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, e conhecer de perto a famosa sala de totalização, local em que são somados os votos do eleitorado. A visita dos influencers ao Tribunal, iniciativa da Secretaria de Comunicação e Multimídia do Tribunal, é fruto de uma parceria com o projeto de educação midiática Redes Cordiais firmada no âmbito do Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação.

Influenciadores aproveitam a visita ao TSE para fazer lives no local

Alvo de inúmeras teorias da conspiração que povoam a internet, a sala de totalização, descrita como escura e secreta por notícias falsas que buscam atacar a credibilidade do processo eleitoral, foi mais um dos locais visitados pelos influenciadores, que ficaram surpresos com o que encontraram.

O jornalista Alexandre Borges brincou sobre o assunto e disse que a expectativa era a de se deparar com um verdadeiro “mundo invertido”, habitado por criaturas míticas dignas de um bom conto de ficção — uma alusão à série norte-americana Stranger Things, da Netflix. “A ideia [dos boatos disseminados pelas redes sociais] que tentam vender para a gente é a de que você está indo para outro mundo”, disse.

A realidade, porém, difere da fábula que ganhou força na rede mundial de computadores. “Achei interessante conhecer a tal sala secreta, a sala escura que todo mundo fala e que, na verdade, é clara, é tranquila”, comentou Ana Girassol, influenciadora participante da Embaixada da Paz, na capital federal.

Em julho, o influenciador digital Ivan Rejane Fonte Boa Pinto foi preso, em Belo Horizonte, acusado de ameaçar ministros do Supremo Tribunal Eleitoral. Ele chegou a resistir à prisão. Em vídeo, Rejane, que concorreu a uma vaga de vereador em Belo Horizonte, em 2020, mas não foi eleito, falou em pendurar magistrados “de cabeça pra baixo”.

 

 

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