O assunto ESG costuma ser capitaneado, em grande parte, nas empresas, pelas áreas de Comunicação ou Recursos Humanos, quando não existe uma área específica com esse nome no organograma. Especialistas afirmam que o tema deve permear toda a organização, por isso, a questão depende das características e das estratégias corporativas. Entretanto, o RH tem uma afinidade natural para lidar com o pessoal interno, e é uma área mais adequada para tratar da proliferação do tema e do engajamento das equipes, segundo especialistas participantes do painel “Cadeira Verde para o RH”, no Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação. Participaram do painel os speakers: Dr. Leandro Teixeira Duarte, sócio do MCMA Advogados; Renato Acciarto, especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital; e Talita Nantes, gerente de RH – Cultura, Engajamento e Comunicação Interna da Sodimac Brasil.
Talita começa sua fala com um contexto importante: “Quando a gente fala de recursos humanos, RH, ou área de gente, setor de pessoas, é tudo uma área estratégica, que antes era apenas administração de pessoal. Há muitos anos estamos trabalhado de uma maneira mais estratégica, e sentando na mesa com a alta gestão para discutir a estratégia da companhia, e o ESG nada mais é que uma política de estratégia”. E assim, “eu acredito que o RH tem uma potência muito grande de mobilizar e engajar as pessoas”. Em sua opinião, o ESG poderia estar em qualquer outra cadeira, como a área de comunicação, “mas eu acho que o RH tem uma potência para realmente mobilizar pessoas para esse cenário. Para trazer um olhar diferenciado. Mobilizar a cultura para que isso aconteça na prática”.
A posição de Leandre Duarte também é semelhante. Advogado, atuando em consultoria de RH, ele afirma que “o fato de o RH eventualmente liderar esse processo de transformação de adaptação, de adequação para toda essa normativa, digamos assim, ESG, não exclui a possibilidade de outros setores, outros departamentos também tenham os seus executivos lidando com esse tema tão importante. Acredito, inclusive, que esse papel deve ser de todas as lideranças da companhia; e para mim é claro que o RH talvez seja a parte mais importante para esse processo”. E, especificamente: “O ESG traz uma nova moldura de comportamento corporativo, e a medida que ele traz o novo em relação a comportamento, não tenho dúvida que o grande patrocinador dessa mudança tem que ser o RH”.
Olhar humanizado
Complementando, Talita opina que “o ESG traz uma nova roupagem para o que a gente chamava de sustentabilidade. Essa nova roupagem faz parte de umm olhar estratégico, de uma organização sustentável, de uma organização que de fato se preocupa com o tema. A organização é formada por pessoas, por gente, Quando a gente fala de olhar para pessoas, essa humanização, para um olhar onde a gente começa a estabelecer processos, de governança, a importância do meio ambiente, tudo isso envolve o comportamento da pessoa dentro e fora da organização. O desafio, para todos, é a tomada de consciência do ESG dentro de toda a empresa. E também em toda a sociedade. E depois da tomada de consciência, uma tomada de decisão, e a seguir, uma mudança de comportamento”.
“Humanizar a mudança. É uma primeira premissa”, emenda Leandro. Em relação a capacitação do profissional de RH nesse tema, o advogado afirma que boa parte dos executivos, dos profissionais de RH, já estão preparados para iniciar o processo de ESG. Num segundo momento, “quando a gente fala que a mudança para ser sustentável não pode ser somente interna, ela tem que ser interna e externa, e aí é algo que já é inerente a todo e qualquer profissional de RH. Os nossos profissionais, os executivos de RH, já tem as principais ferramentas para que a gente comece a lidar com o ESG”.
Nesse contexto, Renato Acciarto comenta acertadamente que o “RH é o novo queridinho da organização, assim como os profissionais de tecnologia”, mas a questão levantada por ele é: “Temos vagas específicas para um profissional gerir o ESG?”
Cresce demanda por profissionais de ESG
Leandro responde positivamente: “É uma demanda que tende a crescer exponencialmente”, E, justifica, apontando o fato de alguns setores da economia no ano que vem começam a ser fortemente regulados por práticas ESG, como o setor financeiro, com mais de cinco ou seis normativas que já foram expedidas pela CVN e pelo Banco Central. “Vai ser muito crescente a busca por um profissional que tenha no seu currículo, na sua formação, algum tipo de especialidade ou especialização nessa parte de ESG “, recomenda. O advogado destaca o fato, que não são necessários grandes investimentos na empresa para iniciar um processo de ESG, “tudo é mais simples do que parece”.
Talita pondera que existe um certo apelo à especialização, mas “quando a gente transfere essa responsabilidade apenas para um profissional, essa história da cultura da empresa, e de isso estar pulverizado na empresa, isso se perde”. E afirma ainda existir um entendimento “do que é o ESG e que o profissional precisa estar preparado para isso. Mas não defendo a história que devemos ter um profissional só dedicado a isso. Quando a gente falar de um profissional, a gente precisa ter primeiramente a pré-disposição dele ou dela para olhar para essa tendência, para olhar o que está acontecendo no mercado. Deve ser Antenado, estando conectado e buscando aquilo que é necessário para que a organização continue evoluindo”. Por isso, do ponto de vista de formação, de fato, hoje, faltam profissionais: “Dificilmente hoje a gente vai encontrar uma gama de profissionais extremamente especializado em ESG, até porque o assunto permeia toda a organização”. A recomendação é que todos os profissionais, sejam de RH ou não, comecem a estudar as bases teóricas do ESG e participar de cursos, eventos e debates para atualização.
A respeito do engajamento necessário, Talita imagina que “quando a gente fala de propósito, as empresas tem buscado propósitos que engajem o colaborador, para a pessoa se conectar com a organização. É uma forma que você encontra de mobilizar esse colaborador, essa liderança, para que entenda para qual caminho a empresa está seguindo”. E complementa: “Quando a gente estabelece um propósito e vive esse propósito, quando é real, na companhia, a gente promove questões como atratividade, marca empregadora da empresa… e quando a gente vive a estratégia que estamos estabelecendo e o propósito, estabelecido, que é algo não só estampado em cartazes na parede, tudo isso fortalece o que é preciso fazer nesse processo”.
E, ainda, é muito importante formar o censo crítico dos executivos que lideram o tema no cotidiano, independentemente do setor. “Engajamento está diretamente ligado ao alinhamento dos valores da empresa, entre a cultura e os objetivos da empresa. E, ai mais uma vez, desembocamos no protagonismo do RH”, finaliza Leandro.
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