A Comunicação Interna (CI) está alocada em várias posições nos organogramas das empresas. Algumas vezes é uma área independente; em outras está unida ao setor de comunicação externa; em determinas situações está vinculada ao marketing; e o mais comum é estar atrelada aos Recursos Humanos. Já divulgamos aqui no Portal Negócios da Comunicação, as experiências da UHG Brasil (marca Amil) que recentemente passou a CI para a
gestão de Talentos Humanos; e a Faber-Castell, um caso que fez o movimento inverso, um pouco mais incomum, transferindo CI do RH para o setor de Marketing.
Duas outras empresas exemplificam a posição da CI em RH: Pfizer e Leão Alimentos e Bebidas. Na Pfizer, Sheila Ceglio, diretora de Recursos Humanos, informa que o movimento de trazer Comunicação Interna para o RH aconteceu há dois anos e “tem sido uma experiência bem interessante”. Um desafio para engajar um público interno de 1.600 funcionários.
Áreas precisam operar com a comunicação de forma independente
Fabiano Rangel, Head de Desenvolvimento Organizacional e Institucional da Leão Alimentos e Bebidas, diz que em sua empresa a comunicação é feita de forma integrada, com Comunicação Interna e Externa operando de forma conjunta. E as áreas de comunicação, hierarquicamente, respondem para Desenvolvimento Organizacional e Institucional.
Com 700 funcionários diretos, 70% deles lotados nas áreas operacionais, 20% no setor comercial em todo o Brasil, e 10% em atividades administrativas de suporte, a empresa está investindo fortemente em comunicação digital. E Fabiano destaca que a Leão estimula que todas as áreas assumam o protagonismo de forma direta para comunicações cotidianas, sem que tenham a dependência da área de comunicação.
Endomarketing contribui com estratégias para áreas de Comunicação e RH
Nos anos 80 surge no Brasil uma tendência de unir as estratégias de marketing e de RH para a gestão da comunicação interna, ganhando a denominação de endomarketing. O marketing contribuiu com o conceito de funcionário como cliente interno, que precisa ser reconhecido, valorizado, motivado e receber informações do que acontece na empresa antes da divulgação para o público externo. Autora de livro sobre o assunto — Endomarketing Estratégico, como transformar líderes em comunicadores e empregados em seguidores —, a consultora Analisa Brum, explica que com “a evolução das áreas de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas (como é chamada na maioria das empresas), o endomarketing passou a ser uma das suas responsabilidades. A pandemia intensificou ainda mais essa evolução e, consequentemente, a preocupação com a comunicação interna, pois acredito que o RH foi uma das áreas mais desafiadas com as mudanças que aconteceram em decorrência do que vivemos nesse período”.
Ainda na opinião de Analisa, o mais adequado é a Comunicação Interna estar no RH, exatamente pela evolução dessa última área. “Quando estava na área de Comunicação Corporativa ou Marketing, o endomarketing era relegado a um segundo plano. Hoje, é prioridade na agenda dos executivos e nas atividades de RH”, ressalta. Em sua empresa de consultoria e assessoria, a HappyHouse, com sede em Porto Alegre, atende 32 empresas e “em 80% delas a Comunicação Interna e o endomarketing estão na área de Recursos Humanos”, confirma.
Analisa complementa dizendo que “na minha opinião o endomarketing deve fazer parte dos esforços de RH de uma empresa, até porque a maioria está trabalhando o seu employer branding para ter a sua marca considerada “empregadora” no mercado. E o employer branding nada mais é do que técnicas e estratégias de endomarketing utilizadas em todas as etapas da jornada do colaborador: atração, seleção, contratação, integração, retenção e desligamento”.