Empatia e positividade deveriam ser a prática mais intensa neste momento delicado que o mundo está vivendo. Com a enxurrada de notícias ruins, brigas políticas, índices de morte por covid-19 só aumentando a cada dia, fica difícil não entrar em paranoia. Ainda mais porque muita gente está reclusa em casa, tentando contribuir com a diminuição de casos da doença e para uma possibilidade breve de voltar a “vida normal”. E neste período muitos estão conectados nas redes sociais e apegados aos influenciadores digitais para conseguir superar a dificuldade que é estar isolado. Sem reuniões de famílias e amigos, sem abraços apertados e ainda vivendo dificuldades financeiras.
Diante desse cenário é preciso uma reflexão muito importante: qual o papel dos influenciadores em meio a tudo isso? Como podem contribuir para que seu seguidor se sinta mais acolhido, próximo e positivo? A participação do influenciador na vida de seu fã deve ir muito além de fotos mega produzidas e bate-papos aleatórios. Agora é a hora de mostrar que estão juntos nessa, de praticar a positividade.
Demonstrar apoio e o lado bom das coisas, participar de causas sociais, ser mais “gente como a gente”, mostrar a cara, incentivar as pessoas que podem a ficarem em casa, e aos que tem mais condições, a ajudar a quem precisa. Não é o momento de pensar em se vender, fechar grandes parcerias com marcas, postar com nova coleção de bolsa ou roupas de grife, fazer fotos incríveis e bonitas sem contexto. Tem que usar sua imagem para contribuir com os pequenos comércios, movimentar arrecadações, dar voz e espaço para temas sociais, ensinar de maneira gratuita algo que tem expertise, ou seja, realmente “pegar na mão” dessas pessoas que estão todos os dias ali.
Ações
Muitos já estão fazendo tudo isso. É fácil citar grandes ações nas redes, como as lives de artistas, que já arrecadaram mais de R$ 7 milhões em dinheiro. Além de toneladas de alimentos, materiais de higiene e proteção. Campanhas como a do Magazine Luiza, incentivada pela sua principal influenciadora, Luiza Helena Trajano, que tem ajudado mulheres a denunciar a violência doméstica. Para se ter uma ideia, só no período de quarentena houve um aumento de 400% de denúncias no botão de pânico do aplicativo Magalu. Ou até mesmo campanhas como a da empresa de marketing de influência Mosaico (@sigamosaico). Eles estão incentivando grandes influenciadores a adotarem causas (#MosaicoDeBoasCausas) como forma de divulgá-las e mantê-las vivas durante esses tempos difíceis.
É claro que o influenciador é um ser humano e também tem seus “perrengues”. Está isolado e estressado com a quarentena, mas é importante parar e pensar que, quando escolheram viver na internet e da internet, passaram a ter a responsabilidade de ser exemplo para aqueles que os admiram e os seguem. Portanto, o se doar neste momento só vai refletir em atitudes positivas e de acolhimento aos seus seguidores. Vai mostrar que ele não está ali só para ganhar dinheiro. Mas, sim, porque tem um propósito de vida, o que o tornará ainda mais admirado.
Creio que o mundo vai ser diferente depois dessa pandemia e, na internet, só sobreviverão os influenciadores e as personalidades que seguirem essa nova postura. Esses, certamente, serão os grandes escolhidos pelas marcas para serem sua imagem e voz daqui para frente. Pois as empresas também precisarão ser muito mais humanas e ligadas as causas sociais, se quiserem ter uma história de sucesso nos novos tempos que virão.
*Emerson Neves, jornalista e consultor de Comunicação e Marketing de Influência