Por Sandra Teschner
Recentemente, falar sobre saúde mental no ambiente corporativo parecia restrito a campanhas pontuais. Em 2025, essa realidade mudou. A inteligência artificial, antes associada apenas à produtividade e automação, começa a desempenhar outro papel: apoiar o equilíbrio emocional das pessoas — quando usada com ética, propósito e consciência.
Um estudo publicado em 2022, “A Survey of Passive Sensing in the Workplace”, mostrou como tecnologias de sensoriamento passivo — como sensores em celulares, relógios inteligentes e computadores — podem monitorar sinais de bem-estar no trabalho sem exigir interação dos colaboradores. Entre os dados analisados estão padrões de digitação, variações na frequência cardíaca, tempo sentado e até a forma de se movimentar no escritório.
Esses sinais permitem detectar precocemente indícios de estresse e fadiga, ajudando empresas a prevenir riscos emocionais e promover ambientes mais saudáveis. Mas o estudo também alerta: se usados sem transparência e propósito, esses recursos podem gerar sensação de vigilância e perda de autonomia, prejudicando justamente aquilo que pretendem proteger — a saúde mental.
Esses exemplos mostram que a tecnologia não é, por si só, uma solução mágica. O impacto depende de como ela é implementada e da intenção por trás de seu uso.
E aqui entra um ponto que considero essencial: a autorresponsabilidade.
Não basta contar com sistemas inteligentes ou programas de bem-estar se cada indivíduo não reconhece seus próprios sinais de sobrecarga, aprende a estabelecer limites e busca espaços que favoreçam a criatividade e o descanso. Pausas reais, horários claros de desconexão e um diálogo aberto sobre expectativas são práticas tão importantes quanto qualquer recurso tecnológico.
Por que isso importa agora
Com a entrada em vigor da NR‑1 Lei 14.831/2024, em maio, empresas precisam adotar medidas para prevenir riscos psicossociais. Mais do que uma exigência legal, essa é uma oportunidade para criar culturas que unem tecnologia, ciência e relações genuínas para gerar pertencimento, engajamento e resultados sustentáveis.
Como costumo dizer: “A tecnologia pode medir emoções, mas são as relações e a autorresponsabilidade que transformam esses dados em felicidade real. Quando unimos os dois, criamos empresas que não apenas performam, mas inspiram.”
Sandra Teschner é especialista internacional em felicidade, fundadora do Instituto Happiness do Brasil e do Happiness Brasil Summit