Influenciadores impõem novo desafio à comunicação

Os influenciadores digitais são os novos protagonistas, ditando o ritmo e a forma das mensagens

Por Adriano da Silva Santos

Há quem diga que a comunicação corporativa está em plena transformação, como se a velha fórmula de anúncios e campanhas publicitárias estivesse dando lugar a um novo palco. Nesse cenário, os influenciadores digitais são os novos protagonistas, ditando o ritmo e a forma das mensagens. Se antes as marcas se faziam ouvir com grandes anúncios e propagandas em massa, agora elas têm que aprender a conversar diretamente com seus públicos, em conversas mais autênticas e espontâneas. E no Brasil, com uma das maiores audiências digitais do mundo, essa mudança se torna ainda mais intensa e eminente.

Em 2023, o Brasil movimentou impressionantes R$ 57,5 bilhões no mercado publicitário, segundo o Cenp e a Kantar Ibope Media. Mas o verdadeiro cenário está em transformação: uma parte significativa desse investimento está migrando para o digital. Estima-se que R$ 30 bilhões tenham sido alocados em publicidade online, refletindo a tendência global de apostar nos influenciadores e nas plataformas como Instagram, YouTube e TikTok. Nesse novo palco, a comunicação deixou de ser monóloga e virou um diálogo direto, onde influenciadores e audiências trocam ideias de forma mais autêntica e personalizada.

Se, no passado, as empresas dependiam somente da imprensa tradicional para veicular suas mensagens e garantir credibilidade, agora é possível observar uma mudança de paradigma. Influenciadores digitais passaram a ser protagonistas dessa nova fase da comunicação corporativa. Eles oferecem não apenas alcance, mas também uma conexão emocional com o público. Um estudo realizado pela Nielsen revelou que 72% dos consumidores brasileiros confiam mais em recomendações feitas por influenciadores do que em anúncios tradicionais. Isso reforça a ideia de que, em um mundo saturado de informações, a confiança construída por meio de uma relação mais intimista com o tem impacto direto.

Os veículos tradicionais ainda têm seu peso, como os pilares de um edifício de comunicação que resiste ao tempo. Porém, na era digital, é como se estivéssemos construindo novas pontes sobre o rio da informação – e essas pontes são feitas de cliques, likes e compartilhamentos. O tradicional ainda tem sua força, mas é fundamental abrir novos caminhos para chegar até o público, onde influenciadores digitais surgem como construtores dessas novas passagens. Enquanto a imprensa tradicional é uma fundação sólida, as redes sociais e os influenciadores são os ventos que levam a comunicação para novos horizontes.

Nos Estados Unidos, o casamento entre influenciadores e marcas já é quase um “big deal” – e no mercado financeiro, essa união não poderia ser mais natural. Em 2023, o marketing de influenciadores foi avaliado em US$ 21,1 bilhões, segundo o Influencer Marketing Hub, e essa conexão só se fortalece. A Federal Trade Commission (FTC) faz questão de garantir que o relacionamento seja transparente, com regras que impedem qualquer “drama” nas campanhas. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entrou na dança, ajustando a coreografia para que as campanhas no setor financeiro sigam o ritmo da ética e da transparência.

Mas essa história não precisa ser de amor à primeira vista entre influenciadores, marcas e a mídia tradicional. Pelo contrário, eles podem se complementar como um trio perfeito. A mídia tradicional, com seu olhar profundo e investigativo, ainda tem seu valor, especialmente quando se trata de assuntos financeiros, onde credibilidade é tudo. As empresas estão criando uma receita de sucesso, misturando influenciadores digitais com comunicação corporativa mais formal, onde o tom descontraído das redes sociais se mistura com o peso das análises detalhadas.

Esse modelo híbrido, que equilibra o rigor da mídia tradicional com a autenticidade dos influenciadores digitais, é a nova batida da comunicação corporativa. As empresas que souberem dançar essa coreografia entre o tradicional e o inovador estarão não apenas em sintonia, mas também preparadas para conquistar uma audiência mais ampla e diversificada. No final, a chave para o sucesso é saber fazer a transição entre o clássico e o moderno – e nesse passo, a comunicação corporativa tem tudo para brilhar.

*Adriano da Silva Santos é sócio da Tamer Comunicação

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