O 3º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação – No limite da mudança abordou questões estruturais essenciais para a implementação bem-sucedida da agenda ESG nas organizações, destacando, entre outras coisas, o impacto ambiental. Promovido pelas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, junto ao Cecom -Centro de Estudos da Comunicação, o evento foi realizado de forma online e gratuita. Durante os debates, enfatizou-se a importância de uma formação sólida dos colaboradores, de posições estratégicas bem definidas e de uma cadeia de fornecedores alinhada aos valores da empresa. Além disso, destacou o papel de uma liderança forte e comprometida com a agenda ESG para o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais sustentável e coesa.
Um dos painéis , intitulado “Reciclagem profissional – O impacto de programas de aprendizado e atualização para habilidades verdes”, contou com a mediação de Fernanda Dabori, vice-presidente de Planejamento e Atendimento da Fundamento; Luciana Lanceroti, fundadora da Gestão e Design de Impacto; e Tavane Gurdos, CRO/diretora geral B2B da Alura/FIAP.
Luciana, com experiência em grandes multinacionais e empresas de tecnologia, compartilhou sua jornada pessoal de transformação, revelando que, ao deixar de culpar o meio ambiente e os outros, passou a assumir o protagonismo em prol da sustentabilidade. Ela afirmou que, quando se depara com a escolha entre tecnologia e uma vida mais sustentável, sempre considera a sustentabilidade como ponto de partida. Luciana também mencionou a importância de se alinhar aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, destacando que o compromisso com pelo menos uma dessas metas já é um bom começo.
Nesse sentido, Fernanda abordou a dicotomia enfrentada pelas empresas entre manter a excelência nas práticas já consolidadas e inovar constantemente.
Luciana lembrou que, para enfrentar essa questão, pensando no compromisso com os ODSs, em um nível organizacional, é preciso se atentar às transformações necessárias, promovendo agilidade e correções de rota, bem como inovação. A formação de profissionais e competências para tanto é um ponto central.
“Podemos até falar de um conceito chamado ‘ambidestria corporativa’, que consiste em aprimorar o que já é feito com excelência enquanto também se busca a inovação”, explicou a executiva.
O que precisa ser feito de olho em determidados ciclos, segundo Luciana. “A meia-vida de uma competência em áreas não tecnológicas é de 5 anos. Portanto, é fundamental adotar uma visão focada em aprendizado contínuo. Falamos muito sobre aprendizagem ágil, que é justamente a capacidade de se adaptar rapidamente a novas demandas e mudanças”, destacou.
Tavane também enfatizou a importância do aprendizado contínuo no contexto das rápidas mudanças que ocorrem nas empresas e na sociedade. Ela mencionou o conceito de “aquilo que sabemos, aquilo que não sabemos e aquilo que nem sabemos que não sabemos”, sugerindo que a curiosidade e a capacidade de fazer conexões são essenciais para o processo de evolução. Tavane também concordou com Luciana sobre a necessidade de iniciar com passos pequenos, escolhendo um dos ODSs como ponto de partida para a ação, sempre saindo da zona de conforto.
Fornecedores aliados
Outro painel, “Cadeia de valor – A importância de ter (e ser) um fornecedor alinhado às práticas ESG”, contou com a presença de Bruna Sabóia, head de Sustentabilidade da Americanas; Daniele Conrado, head de Pessoas e Organização da Naturgy; e Vera Bejatto, CEO da Avatar da Saúde.
Vera, ao refletir sobre a crescente visibilidade e importância do tema ESG, observou que, apesar dos avanços, ainda há pouca aplicação prática dessas práticas nas empresas, tanto no Brasil quanto no exterior. Ela citou o aumento dos índices de desmatamento e os dados preocupantes sobre a queda do interesse por ESG, com o Google apontando uma redução de 50% na busca por informações relacionadas a esse tema. Vera também mencionou que apenas 17% das metas dos ODSs estão em direção certa, o que reflete um quadro ainda desafiador.
Daniele explicou que, para garantir que um fornecedor esteja alinhado às práticas ESG, as empresas devem seguir algumas etapas fundamentais. Entre elas, destacou a importância de definir criteriosamente quais serão os critérios de ESG, assegurando que eles estejam em sintonia com os valores da empresa. Ela também ressaltou a necessidade de avaliar a pegada de carbono dos fornecedores, uma medida recentemente incorporada nos processos de seleção, além de estabelecer canais de comunicação contínuos para garantir o alinhamento.
“Uma empresa pode seguir algumas etapas para garantir a conformidade com as práticas ESG. A primeira delas é definir os critérios ESG, ou seja, estabelecer quais serão esses critérios, assegurando que sejam claros e alinhados às prioridades e valores da própria empresa”, detalhou. “Em seguida, é necessário avaliar a documentação, realizar auditorias e verificações, solicitar relatórios e fazer auditorias periódicas para avaliar a conformidade com os critérios definidos. Além disso, é importante realizar uma análise de desempenho e manter um engajamento constante com o fornecedor, mantendo um canal de comunicação aberto e claro. As colaborações e iniciativas de parceria entre a empresa e o fornecedor também são fundamentais para o sucesso dessa integração ESG.”
Daniele exemplificou o ponto de partida para ações na Naturgy: “A segurança e a saúde são prioridades para nós, por isso esses aspectos são rigorosamente avaliados nos nossos fornecedores. Também valorizamos a transparência e a preservação ambiental, especialmente por sermos uma empresa do setor de energia”.
Bruna complementou a discussão ao reforçar que ESG vai muito além do aspecto ambiental. Ela explicou que, ao considerar o impacto ambiental de um fornecedor, deve-se observar não apenas a pegada de carbono, mas também questões como a geração de resíduos e as práticas de descarbonização. Além disso, ela enfatizou a relevância dos aspectos sociais do ESG
.
“Além disso, a questão da comunidade local é fundamental, o que se alinha ao pilar social (S). É crucial entender onde o fornecedor está inserido e o que ele pode contribuir para a região, além de avaliar suas práticas trabalhistas”, acrescenta a executiva. “Ao olhar para diversos mercados, percebe-se que alguns são mais sensíveis a esses aspectos do que outros, o que também deve ser levado em conta na avaliação, considerando os riscos que o fornecedor pode representar dependendo do setor em que atua”, pondera Bruna.
“Outro ponto importante é o indicador de diversidade e inclusão, que, se for um valor relevante para a empresa, deve ser incluído na estratégia ESG. Isso significa que, ao adotar essas práticas, a empresa também tem um papel ativo na mudança, especialmente quando começa a exigir essas atitudes dos seus fornecedores.”
Líderes são fundamentais
O painel “Valor na tomada de decisão – Como construir lideranças social e ambientalmente conscientes” contou com a participação de Camila Moraes Rodrigues, diretora da Unidade Jabaquara do Senac São Paulo; Juliana Barreto, head de Comunicação e Sustentabilidade da SuperVia; e Márcia Alexandre, sócia da Pitanguá Consultoria.
Juliana afirmou que, embora a agenda ESG seja desafiadora, ela não é mais opcional. Na SuperVia, a área de sustentabilidade foi recentemente criada e está atrelada às estratégias de negócios, com a comunicação desempenhando um papel fundamental. Ela explicou que a sustentabilidade não é responsabilidade de uma única área, mas, por meio da comunicação, é possível direcionar as ações e garantir que elas tenham um impacto positivo e consistente.
Camila, que lidera a formação de líderes em sustentabilidade no Senac, abordou a sustentabilidade de maneira transversal, destacando a necessidade de integrar os três pilares do ESG na gestão empresarial. Ela enfatizou que, ao adotar uma visão integrada, as empresas enviam uma mensagem clara para a sociedade e seus colaboradores, de que a sustentabilidade será um critério importante nas decisões organizacionais.
“É importante destacar que as lideranças precisam reconhecer que esse é um tema complexo e que exige um esforço coletivo. Não é algo que pode ser feito isoladamente. Portanto, é essencial ampliar a escuta, fortalecer o trabalho colaborativo e discutir profundamente os temas”, pontuou Camila. “Não é possível tomar decisões rápidas ou ágeis, pois, sem envolver todos os stakeholders, colaboradores e a comunidade, as soluções provavelmente não serão eficazes.”
Após o diagnóstico de como está a empresa, ela acredita, a formação se torna essencial. “Quando temos conhecimento, sabemos como agir de forma ética. Se não temos esse conhecimento, é porque houve uma falha no acesso à informação durante a formação. Portanto, é fundamental que as lideranças e as equipes recebam essa formação “, ressalta. “O conhecimento traz consciência, e, ao compartilhar isso com todos, geramos um impacto significativo.”
Por fim, Márcia trouxe sua experiência de 22 anos no mercado, observando que o maior desafio das organizações é promover mudanças consistentes. Ela defendeu que, para alcançar uma economia de baixo carbono com justiça social, é fundamental que as decisões empresariais sejam baseadas em ciência e dados sólidos. Márcia também apontou que os líderes devem estar preparados para lidar com as incertezas do contexto atual, uma habilidade essencial para enfrentar os desafios de sustentabilidade, tanto no ambiente de trabalho quanto na sociedade.
“O progresso até o momento tem sido insuficiente, ou, pelo menos, não suficientemente alinhado aos desafios e à urgência que esses desafios impõem”, enfatizou Márcia.
“Tenho percebido, ao longo da minha experiência em diferentes empresas, institutos empresariais e consultorias, que o maior desafio que encontrei foi justamente como promover mudanças consistentes. Essas mudanças são essenciais para que possamos avançar em direção a uma economia de baixo carbono, com justiça social e maior transparência. E, para alcançar esses objetivos, é fundamental que as decisões sejam baseadas em ciência e informações sólidas. Contudo, essas decisões também precisam levar em conta as capacidades das pessoas e dos líderes, considerando como eles lidam com a complexidade dos tempos atuais.”
“Cada vez mais, as habilidades para lidar com pressões e incertezas têm sido essenciais para enfrentar os desafios que surgem tanto na vida pessoal quanto no ambiente de trabalho”, exemplifica Márcia. “Acredito que, ao capacitar os líderes nessas habilidades, podemos acelerar as mudanças dentro das organizações. O caminho para isso é investir no desenvolvimento dessas lideranças, com foco no desenvolvimento emocional, relacional e sistêmico, para que essas pessoas possam estabelecer uma maior conexão consigo mesmas, com os outros e com o mundo.”
Continue acompanhando as matérias especiais que aprofundarão a cobertura desse Fórum nas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH
Reportagem: Melhor RH
Assista ao evento completo:
Dia 1
Dia 2
————————————————————————————————————–
Apoiamos a
————————————————————————————————————–