O engajamento que transforma o futuro

Práticas de ESG, incluindo atividades voluntárias de colaboradores podem transformar a sociedade

O envolvimento do público interno com questões do ESG, seja em programas estruturados da empresa ou no voluntariado, foi tema de dois painéis do 3º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação – No limite da mudança, que aconteceu dias 23 e 24 de setembro – evento online e gratuito. Promovido pelas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH e pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação, com discussões sobre as melhores práticas de ESG.

O painel “Comunidade à favor da mudança – O papel da diversidade e do pertencimento no engajamento interno”teve como participantes Bruna Reis, gerente de Gente e Gestão da Zuppani Industrial, Douglas Almeida, CHRO de Pessoas e Cultura/ESG e Transformação; e Sheila Ceglio, diretora de RH da Pfizer.

Bruna Reis

Bruna iniciou com a fala de que diversidade não é apenas preencher cotas ou seguir tendências, e sim reunir pessoas, com diferentes perspectivas, diferentes experiências, diferentes habilidades, criando assim equipes com um olhar mais distinto e mais complementares. “E com esse senso de pertencimento nós da área de gestão temos um papel primordial que faça com que esse engajamento seja genuíno, inclusivo e mensurável”. E falar de ESG não importa o tamanho da empresa, ressaltou Bruna, “se você tem cinco colaboradores ou 15 mil, o que muda é só o grau de complexidade pelo tamanho da organização, porém,  sempre tem um caminho para começo. É preciso colocar gente na agenda para conseguir trabalhar na diversidade, e o gestor tem que aprender isso. E hoje estou numa companhia que valoriza a diversidade e inclusão de uma forma muito genuína. Quando vem de cima pra baixo conseguimos espelhar para toda a organização. E não forçar a barra. Começar por onde vier mais adesão. É preciso conscientização e um processo educacional interno”.

Sheila Ceglio

Sheila disse que na Pfizer chamam o tema de Diversidade, Equidade e Inclusão. “O desafio sempre é ter pessoas dedicadas para dirigir essa agenda”. Na sua empresa, explicou, a fórmula que encontrou foi trabalhar com grupos de colegas engajados e que decidiram atuar na pauta, não exclusivamente  de liderança ou RH. “Fizemos quatro subgrupos: gênero, LGBTQIA+, colegas com deficiência e racial. Baseados nas prioridades da Pfzer com uma agenda desses temas nos próximos cinco anos, de médio prazo definindo objetivos. Temos um líder para cada um desses grupos e equipe para fazer as coisas acontecerem. É importante engajar o maior número possível de pessoas, colocando métricas para alcançar”. Em 2010, ela recorda, não tinha nenhuma mulher sentada no time de liderança da Pfizer. “Hoje, 64% de nosso time de liderança é composto por mulheres, o que comprova que algo mudou e deu certo. Não só mulheres, mas também negros e pessoas com deficiência foram promovidos, acelerando a equipe interna”.

Ela destacou ainda a importância da cultura, pois s líderes mudam, as pessoas passam, pelas organizações e deixam ou não um legado,  E isso efetivamente tem que fazer parte da cultura de uma organização. “Eu estou numa organização multinacional que temos um pouco da raiz cultural que não está só no nível do país, isso vem de fora. E ajuda quando você tem a liderança sênior da companhia envolvida. Por isso grandes progressos que fizemos em equidade e diversidade foi quando colocamos na pauta estratégica da organização isso como ponto relevante. E lá fora, não no Brasil. E quando temos líderes de fora olhando para isso, fazendo perguntas, querendo entender o que acontece em cada um dos países dos quais eles são responsáveis, isso fortalece a agenda. Então para mim, isso tem a ver do quanto faz parte da cultura, o quanto a companhia quer colocar na agenda estratégica e na agenda de cultura”. Uma reflexão importante que faz é que muitas vezes “tentamos colocar isso como resultado de negócios; conectar isso dizendo que quando temos uma estrutura diversas resolvemos melhor os problemas…tudo isso é verdade. Mas temos que entender que isso é o correto a fazer. Não estou mais preocupada e mostrar para o meu CEO o quanto isso está trazendo de retorno financeiro. Estou fazendo porque é o correto a fazer. Apesar de termos todas as evidências que isso traz retorno financeiro. Se entra na agenda estratégica a coisa flui melhor”. Ela sugere: “Não tem formula mágica, cada empresa deve começar por onde se ache mais preparada.  Além de definir um plano que seja factível para sua empresa, é extremamente relevante aprender durante essa jornada. Aprender com os erros e acertos e ir aperfeiçoando. Não se frutrar com os resultados se não forem os resultados e sim ir perseverando’.

Douglas Almeida

Douglas trouxe bons exemplos que refletem muito de sua jornada pessoal. O tema tem ganhado relevância nas empresas, e o grande aprendizado, ele destaca, “é entender que a diversidade, inclusão e equidade fazem parte da cultura da empresa. Mais que um projeto ou iniciativa. As empresas estão entendendo que isso é mais que cota ou obrigação. Os mercados são diversos e aí as empresas precisam se espelhar nisso e ter melhores práticas para o seu consumidor final. Ações tem inúmeras, mas tem que começar de alguma forma. É algo que é parte do negócio, não é algo que tem inicio, meio e fim e para toda a organização. Também é importante o apoio da alta gestão, que precisa apoiar o time”. O processo não é fácil, ele admite, mas “fomos, com o tempo, aprendendo com nossos erros e acertos e encontramos formas mais ousadas de dar intencionalidade em nossas ações”.

Para organizações menores, Douglas recomenda garantir um envolvimento da alta liderança. Se acontece um movimento e não tem real apoio de quem está no poder, quem toma decisão, essa agenda se perde. Aí fica realmente frustrante para quem está tentando implementar isso. Quem adota ESG faz porque gosta, porque entende e compreende a importância. Mas as pessoas precisam se sentir apoiadas. Ate conseguir chegar num Comitê Executivo de Diversidade e Inclusão. Fazendo sua parte os diretores e dirigentes de cada área.

Empatia

Já o painel “Uma mão lava a outra – Crescimento e empatia: o poder do voluntariado corporativoteve a presença de Carolina Prado, diretora de Comunicação da Intel para América Latina; Leandro José Soares, gerente de Recursos Humanos da Schulz; e Thamires Pedra Rica, diretora de Responsabilidade Social da ALLMA Hub.

Leandro Soares

Soares citou o Programa de voluntariado na Schulz, que começou dentro do programa de ESG, iniciando com inclusão de pessoas deficientes, dentro das entidades como APAE. “Isso é conectar empresas com o amor. E o engajamento vem disso Palavras movem, mas exemplos arrastam. Quando a liderança começa a fazer isso de forma espontânea, de fazer o bem, as coisas acontecem”. Ele começou com uma capacitação pessoal em 2015 de .. com o britânico Richard Barret, que trabalha com  tema “organização dirigida por valores”, e autor de vários livros. E ele coloca a pirâmide dos sete níveis de consciência, parecida com a pirâmide motivacional de Maslow, olhando do menor para o principal: sobrevivência, relacionamento, autoestima, transformação, coesão interna, fazer a diferença e serviço.  Este último nível é o de servir. Os três primeiros são muito ligados ao Eu, a busca pela sobrevivência, o lado do indivíduo apenas. Depois no quarto o de transformação, e a partir daí as questões de pertencimento, de significado, de fazer parte; e o ultimo o nível do servir, que amplia nossa consciência para fazer bem ao outro, sem querer nada em troca. “Quando estamos nesse nível, vibramos numa frequência mais alta, do amor, da caridade e fazendo isso fazemos nosso grupo organizacional vibrar melhor também. contagiamos as pessoas através dessas vibrações positivas. Por isso a importância do voluntariado”.

Falando de sua realidade, disse que começou na empresa com um forte trabalho de inclusão, e colaboradores que tinham filhos autistas. Conseguimos atrair 15 famílias e durante um pouco mais de tempo surgiram 26 famílias para esse trabalho. Tudo feito por voluntário, com três profissionais especializados, psicólogos, que atuaram de forma voluntária. Os relatos foram surpreendentemente positivos. As famílias aprenderam a lidar melhor com esse tipo e criança e elas tiveram um desempenho comportamental melhor. Em outra empresa fez a atividade “adote uma gentileza” Começou simples, uma caixa com várias gentilezas escrita em papéis, as pessoas pegavam três e escolhiam uma. Objetivo: todos os dias alguém na empresa praticava uma dessas gentilezas.

Thamires Pedra Rica

Thamires afirmou que, quando se fala de voluntariado, deve-se entender os valores da companhia que desejamos deixar como legado para os colaboradores. Ela começou com voluntariado cedo, na Fundação Bradesco e sempre atuou no terceiro setor em outras organizações. Ela acredita no voluntariado corporativo, que conecta as pessoas aos propósitos das empresas e lembra que o RH abraça essa causa. “E o caminho é o desenvolvimento das pessoas, grandes soft skills são desenvolvidos com o voluntariado corporativo, empatia, escuta ativa, respeito por outra realidades, os benefícios de diversidade e inclusão”.

Ela afirmou que foi através do voluntariado que conseguiu se encontrar e disse que é interessante reconhecer esse nível de conexão. “Vivência de minha pessoa física junto com a pessoa jurídica, É conectar os valores da empresa através do voluntariado, porque o público final de qualquer organização é sempre um ser humano. E se desenvolve a escuta ativa, a capacidade de se identificar, e todos os benefícios que trazem a sustentabilidade em termos e ambiente justo, diverso. No voluntariado as pessoas vão muito despidas de cargos, de questões sociais,

Carol Prado

Carol disse que o voluntariado é parte da cultura da empresa. E como impactar as comunidades envolvidas?  “Muitos funcionários lecionam gratuitamente, oferecem mentoria focada no mercado de trabalho, como fazer currículo e se preparar para entrevistas, dirigida ao ensino fundamental e médio”. Muitas iniciativas surgem por parte dos colaboradores. E une outras iniciativas como diversidade e inclusão com o voluntariado. O programa de voluntariado da Intel tem 25 anos. “As pessoas novas que entram na empresa, já conhecem o programa e se engajam!”. E um dos objetivos é fazer com que o colaborador seja tocado pelas coisas boas que cercam o voluntariado.

“E todas essas iniciativas olhamos os valores da empresa e como se encaixam nisso: educação, tecnologia e fazemos ações de ESG em conjunto com outras áreas da empresa.”


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