Saúde mental no centro das atenções. Até na IA

O bem-estar físico e mental exige programas estruturados, inclusive com Inteligência Artificial. Foi um dos assuntos do 4º Fórum Melhor RH de Felicidade Corporativa

A saúde é coisa séria e afeta o trabalho nas organizações. Hoje não se discute isso apenas na perspectiva da produtividade e sim com um avanço civilizatório nas relações entre as empresas e seus funcionários. E muitos recursos tecnológicos estão sendo chamados para cumprir essa missão, inclusive a novíssima Inteligência artificial.

É um assunto do momento e esteve presente nos painéis do 4º Fórum Melhor Rh de Felicidade Corporativa – Eu em equilíbrio, organizado pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, no final de junho.

No painel “Aprendendo a relaxar – O diferencial de treinamentos para a gestão da saúde mental”, com Christiane Araujo, gerente sênior de Pessoas da Naturgy; Douglas Almeida, executivo sênior de Recursos Humanos; e Fatima MacedoCEO da Mental Clean discutiu esse assunto, esse assunto foi tratada na perspectiva da saúde integral

Fátima Macedo

Ao falar sobre o cenário de saúde mental, Fátima afirmou que muita coisa foi feita e está sendo feita pelas empresas, mas é preciso integrar melhor, virar um programa estruturado. “Estamos assistindo muito a um a pagar de incêndios, com foto no tratamento e no indivíduo. Precisamos colocar o foco na prevenção”, E lembrou que este ano, comparado ao ano passado, “tivemos 38% de afastamento do trabalho motivado por doença mental”. A solução, segundo ela, é ter gestão, um trabalho ordenado para lidar com o problema. E “olhar para dentro da organização e entender por que a empresa pode ser adoecedora ou pode ser promotora da saúde mental. Precisa do envolvimento de várias áreas, da alta liderança, do indivíduo. Há um diagnóstico tardio dos neurodiversos.

O tema tem atraído a atenção dos indivíduos e das empresas.  E questiona-se muito a origem de tais dificuldades.  De qualquer forma, aumentou a utilização dos planos de saúde e o acesso a tratamentos. E precisa ter uma gestão disso tudo. “Tem que olhar para esse indivíduo mas também para dentro da organização”. E saber se a organização pode ser adoecedora ou promotora de saúde mental. “O funcionário também precisa assumir o compromisso com o seu tratamento. E é um trabalho de formiguinha, não existe resultado de curto prazo. Precisa do envolvimento da empresa, da liderança, do indivíduo. Existem muitas ações mas tem que acompananhar, ter indicadores. É possível relaxar no ambiente de trabalho, mas tem que ter estrutura adequada e as pessoas tem que se sentir autorizadas para isso”.

Douglas Almeida

Douglas lamenta que há algum tempo esse tema era tabu, não se falava nisso. E esse assunto surgiu na pauta de muitas organizações pelo medo. Na época da pandemia, quando ir no campo, o profissional de saúde teria que se deslocar presencialmente para dentro dos ambientes gerava risco. “Uma situação sem precedentes. Foi um grande desafio. E o tema ganhou força também porque deixou de ser tabu, começou a ser visto como uma situação muito próxima de si, no ambiente de trabalho, nos lares, na vizinhança. E as empresas perceberam a importância de atuar, muitas vezes na remediação; e alguns poucos casos falando em prevenção. A boa notícia é que percebo os líderes muito mais envolvidos. Os profissionais de saúde, de recursos humanos, e pouco a pouco estamos construindo uma história, surgem profissionais e empresas que dão apoio e suporte a tudo isso no ambiente organizacional. Aí começamos a dar um pouco mais de credibilidade ao tema”.

A medida que trazemos o envolvimento das altas lideranças, as coisas também começam a progredir rapidamente esses programas. “Muitas vezes achamos que todos entendem do assunto, mas cada um tem uma interpretação diferente. Por isso a necessidade de reuniões e programas de alinhamento, envolvendo lideranças. E oferecer ferramentas para a gestão saber identificar indícios”, aconselha. Não precisa que todos se tornem profissionais de saúde, mas enquanto gestor é preciso entender que, eventualmente uma pessoa não está bem; se comportando de uma maneira muito diferente das outras pessoas, ou não está cumprindo os prazos de entregas como sempre cumpriu. Sem rotular, entender o contexto e o histórico. E se tem algo muito diferente, encontrar formas de abordar, cuidadosamente, e se fica a suspeita que tem uma questão mais séria, saber fazer o encaminhamento correto.

Cristiane Araújo

Christiane destaca que cada tipo de empresa deve ter uma estratégia. A Naturgy, que chegou a ser estatal há muitos anos hoje é uma multinacional, faz isso. A equipe no Brasil tem rotação baixa e a empresa possui diversas certificações que buscam resultados no desenvolvimento de pessoas. “Somos uma organização reconhecida como saudável”.  E a  Naturgy desenvolveu uma ferramenta que avalia mensalmente o índice de felicidade dos colaboradores. “Conseguimos mensurar o engajamento das pessoas e fazer uma pesquisa de clima. Com essas informações consigo desenvolver ações. É uma ferramenta anônima”.

E ela recomenda entender o perfil de cada empresa antes adotar estratégias. Entender o perfil de cada público, suas necessidades e características. E cada formato de público precisa de ações diferentes . No caso a Naturgy, Christiane entende que foram uma estatal durante muito tempo e hoje são uma multinacional. E o público no Brasil com uma idade média de 44 anos, temo médio de casa de 14 anos. Isso é bom, mas estando muito tempo na empresa, se perde um pouco a visão do que o mercado pratica lá fora. “Por isso mostramos sempre Às pessoas o que a empresa promove e a comparação com outras empresas. Temos os principais indicadores em relação ao nosso público para termos uma ação mais assertiva. A Naturgy tem algumas certificações que favorecem esse processo. “Somos uma organização reconhecida como saudável”, orgulha-se

Tecnologia como diferença

O painel “Fala que a IA te escuta – Plataformas e soluções na gestão do bem-estar”, com Bruno Szarf, VP Global de Gente e Cultura na Stefanini Group, uma organização de tecnologia;  e Sérgio Amad, CEO da Fiter, empresa especializada em desempenho e felicidade no trabalho, enfocou o tema no aspecto da tecnologia.

Sérgio Amad

Antes de falar de IA Amad filosofou o que é felicidade corporativa, termo que nasceu no Butão, com o FIB – Felicidade Interna Bruta, que seria outro indicador além do PIB como medida de sucesso de um país. Países e regiões que tem um PIB elevado como Europa, EUA encaram o PIB alto como um sucesso de nação. “Quando a gente fala de FIB, existe um ranking global que o Brasil ocupa a posição de 44º no mundo – já este e 38º e foi caindo… -, onde o primeiro é a Finlândia”. É uma lógica que coloca todos os países da Europa e países desenvolvidos, no topo do ranking.  Já o otimismo, segundo Amad é algo diferente, é uma programação do cérebro de energia para encarar as coisas da vida, pois problemas surgem e temos que encarar. “No início da era industrial, achava-se que o homem era o homus economicus, só pensava em dinheiro. E dando dinheiro para ele, tudo era resolvido. Essa tese funcionou durante alguns anos, mas deu um bug com as pessoas tendo bournaut, se acidentando no trabalho, e se comprovou que o dinheiro sozinho não gera sustentação. Maslow inclui uma pirâmide de necessidades humanas e nasce o RH tentando moldar as pessoas com programas de treinamento e desenvolvimento. E inventaram algo chamado de pesquisa de clima. Coisa da década de 70″.

Com a tecnologia, houve uma evolução nas pesquisas de clima, e agora ainda  mais com IA. Uma das escalas é o índice de FT que mede a felicidade no trabalho, de clima, de bem-estar, Tendência do RH em gerar dados para medir o equilíbrio entre vida pessoal e o trabalho.

Bruno Szarf

Szarf relembrou que o RH é mais estratégico, mas “tratamos sempre a média do que o indivíduo como o todo”. Então as empresas tomam muitas decisões baseada em números, em médias, mais do que em indivíduos. O que a IA vem ajudar: maior capacidade de processamento de informação, tendências, cenários futuros, que tira a gente da média. “Fazer com que as pessoas se sintam mais felizes na empresa evita que elas saiam e os consequentes custos de contratação, treinamento, onboarding”. E pesquisas recentes mostram que o turn over no Brasil foi de 46% no último ano e 51% das empresas estão dispostas a se movimentar, ou seja, sair da empresa atual e buscar novos desafios. “E por outro lado, cada vez ouço mais falar de felicidade. Então existe uma dissonância”.

A empresa é composta por indivíduos, a soma dos indivíduos. “O papel do RH é acolher os indivíduos, mas muitas vezes tomamos decisões muito mais em cima da média do que nas pessoas individualmente, para sairmos além da média, cuidar do indivíduo como uma única pessoa”, avalia. “Por isso vemos várias pesquisas recentes apontando que as pessoas estão cada vez mais dispostas a mudar de emprego. Aí podemos usar os dados, a IA, para entender um pouco esses motivos.  Com a IA, ChatGPT, mecanismos de buscas, podemos ter uma visão mais completa do que a empresa é e do que precisa fazer para melhorar. O fato de uma pessoa se dar bem numa empresa e não na outra tem a ver com a cultura corporativa.  E as vezes uma pesquisa não linkedin, por exemplo, não diz o que a empresa realmente é, e quando a empresa entra lá dentro, se frutras. Colocar a pessoa certa no lugar certa sempre foi o desafio do RH. Mas as pessoas agora estão mais criticas e com mais acesso a informações. Então cologar a pessoa certa no lugar certo agora é muito mais estratégico.

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Assista aqui ao primeiro dia do Fórum.

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