A atividade de creators atrai empreendedores de todas as idades e diferentes profissões. Até os sem-profissão. Todos entusiasmados pelos números milionários desse mercado e histórias de sucesso rápido. Somente o YouTube, anunciou que pagou cerca de 70 bilhões de dólares para produtores de conteúdo, apenas entre 2021 e 2023. Mas, cuidado, entrar, se manter, e crescer nesse segmento está cada vez mais difícil, pela profissionalização e investimentos pesados de grandes produtores de conteúdo e a grande oferta de pessoas postando conteúdos nas redes sociais. Manter um conteúdo apurado, atual e relevante faz crescer a audiência e fortalece um público fiel de verdadeiros seguidores. É isso que as plataformas e as marcas estimulam e retribuem com dinheiro.
Segundo dados da agência Youpix, o mercado de influenciadores no Brasil faturou R$ 7 bilhões em 2022. Esse valor representa um crescimento de 53% em relação a 2021. Esse número refere-se principalmente aos influencers com grande número de seguidores. Mas existe espaço para novas estrelas. De acordo com o estudo Censo de Criadores de Conteúdo do Brasil da Squid by Wake, o mercado de profissionais de influência do país conta com números expressivos de nano e micro influenciadores: 78% dos entrevistados possuem até 50 mil seguidores, sendo que 41% estão na faixa que vai até 10 mil seguidores. Sair do escambo com marcas para patrocínios e monetização adequados exige conhecimento do pulo do gato. Esse assunto foi tratado em diversos painéis no 13º Fórum sobre Marketing de Influência , evento organizado pelo Centro de Estudos da Comunicação (Cecom) e Plataforma Negócios da Comunicação, em maio
No painel “Movimentos que ensinam – Novas plataformas e ferramentas desativadas sinalizam o que os usuários querem”, participaram Josi Gamer, influenciadora e apresentadora do Mundo Maker no SBT; Izadora de Melo Barros, CEO e Líder de Comunidades na Commu; e Nayara Ruiz, consultora de Branding e MKT de Influência.
Foi discutido a necessidade de uma “curadoria” na hora de apresentar novidades, e ainda o desafio de conviver com as constantes mudanças e atualizações, as soluções e ferramentas que os usuários realmente querem na busca por experiências mais personalizadas e o que o comportamento do público dita sobre o futuro das plataformas e a saturação do mercado.
Nayara esteve no Prêmio em 2022. Ela, que tem formação em jornalismo e atuou um tempo em assessoria de imprensa até se firmar no mundo digital, aconselha a fazer uma crítica pessoal, saber que caminho trilhou, o que faz ali no momento e o que se diferencia. E faz uma critica ao setor dizendo que as ferramentas hoje das ainda chamadas redes sociais “não são mais redes sociais, não promovem relacionamentos, comunidades, se transformaram apenas em plataformas de negócios”. Também sonhava com um sistema menos centralizado, coisa que não acontece hoje com o controle total das plataformas. “Não temos noção do que acontece nos bastidores”, dispara, referindo-se as manipulações dos algoritmos, que promovem mudanças sem transparência. “E isso beneficia alguém, que não é necessariamente o público nem os criadores de conteúdo”. Nessa lógica diz ainda que a creator economy não é apenas marketing de influência, isso é um pedaço pequeno, e hoje se busca muito o que faz sentido para as pessoas. “Mas no Brasil é um pouco diferente, quando pensamos em marketing de influência só falamos em publi. “Temos que encontrar outras formas de monetização para as pessoas podeerm viver disso”
Izadora, formada em Direito, se aventurou pelo empreendedorismo e marketing, conceitua a Commu como um grupo de pessoas interessadas em formar uma comunidade intencional. E diz que as plataformas são feitas para o interesse das big techs, e não do público ou dos creators;, então surge uma falta de controle, com pessoas saindo das redes. “Sinto que estamos num momento em que as pessoas querem ter mais controle sobre suas vidas, pois ninguém tem controle dos algoritmos”. Ela fala ainda das constantes mudanças de atenção de quem vive isso, Então existem fluxos, modas, que vão e voltam. O YouTube voltou a atrair muitos creators, destaca, e agora com vídeos longos; “tem os movimentos da comunidade, e as pessoas escolhem quais comunidades querem participar, e quais temas, Então, sinto as pessoas mais conscientes com suas escolhas no digital, não deixando suas escolha exclusivamente nas mãos das plataformas”.
Para Josi, as pessoas, até os creators mais famosos, começam a desconfiar das plataformas e buscam novas formas de monetizar ou gerar recursos com patrocinadores. E também está acontecendo uma seletividade de conteúdo, de plataformas e até de marcas, pois, segundo ela “existem muitos golpes no mercado e as pessoas começam a ficar mais seletivas”.
Esse último assunto foi aprofundado no painel “Qual é a sua verdade? – No show das redes o que vale a pena mostrar”, com Angélica Consiglio, CEO da Planin; Iasmim Marques, sócia na Agência We MKT 360; e Dani Salvador , criadora de conteúdo e autora do livro Eu e Meu Cabelo.
“Hoje temos mais de 500 mil influenciadores digitais”, enumera Angélica, querendo mostrar que o mercado segue em crescimento e, agora, qualquer pessoa que participa de uma rede social também é um influenciador de certa medida, além daqueles que se organizam como uma profissão. “Um microinfluenciador muitas vezes tem mais impacto do que um grande influenciador em seu nicho”, avaliou. Mas a questão que preocupa Angélica é o nível de confiança nos criadores de conteúdo. Segundo pesquisa citada pela líder da Planin, 2/3 do público fica em dúvida se determinado influenciador está realmente indicando um produto porque usa e gosta ou se só esta fazendo isso por dinheiro. Assim, “a busca por creators reais é a grande tendência do mercado”.
Dani, que começou no tempo áureo dos blogs, concorda que o influenciador tem que ser fiel aos seus princípios e o que é mais importante hoje “é a nossa credibilidade”. Ela lembra que naquela época não existia publicidade como se usa hoje nos meios digitais, então costuma lembrar de onde veio, sua comunidade fiel até hoje e se mantém nessa conduta ética. “Falar a verdade é o que nos diferencia de um artista fazendo propaganda na TV”.
Para Iasmim Marques, sócia na Agência We MKT 360, os influenciadores devem entender sua rede até como se fosse um programa de TV. Como introduzir, então uma publicidade de forma natural, nesse contexto? E os influenciadores tem sim que “falar sobre suas dores, vulnerabilidade e suas conquistas”, mostrando naturalidade. Isso que se conecta com a audiência, segundo ela, inclusive quando estiver fazendo uma propaganda. Como atua principalmente no mercado de beleza, Iasmim diz que o influencer tem que usar, testar o produto, elogiar, falar se funciona ou não, se faz sentido, não aceitar qualquer coisa, porque os seguidores irão saber se está dizendo a verdade ou não. “Falando como marca, as coisas acontecem quando existe essa conexão!
Assista aqui o vídeo completo do evento.
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