Num universo de possibilidades de interações e comunicação, o velho modelo unidirecional, top down, para disseminar as mensagens e conteúdos internos da empresa não funciona mais.
Comunicação e RH buscam formas mais eficazes de comunicar o que é preciso e engajar o time, e um caminho tem sido descentralizar as ações de ambas as pastas, que ficam sob sua gestão estratégica, mas são executadas por líderes e colaboradores.
De meros receptores das informações a porta-vozes da empresa e influenciadores da equipe, eles se tornam protagonistas de todo o processo comunicacional, motivacional, peça-chave na disseminação da cultura.
Toda essa mudança vem sendo percebida como um meio mais transparente e eficiente de envolver o público interno. Melhor ainda se ocorrer de forma lúdica, leve, tornando essa missão mais fácil e seus resultados, permanentes.
O tema foi discutido no painel Criatividade e leveza na rotina, do 2° Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores, que abordou o lúdico e a criatividade a serviço do engajamento e dos temas sensíveis nas empresas.
O evento foi promovido em abril pelas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, ambas do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação .
Participaram do debate Ana Paula Ulir, especialista em Comunicação Corporativa da Siemens; José Luís Ovando, sócio-diretor de Estratégia da Supera Comunicação, e Fernanda Dabori, CEO da Advice Comunicação Corporativa.
Níveis hierárquicos sem distinções
Durante as discussões, Ana Paula mencionou, como exemplo do tema proposto, o case da Siemens inscrito no Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores – a campanha “Sem surto”, que contou com diferentes estratégias para levar informação sobre a pandemia emergente de forma suavizada ao público interno da companhia.
Gamificação e ludicidade se tornaram parte da rotina na Siemens durante esse período, sem perder de vista a consistência do conteúdo e das mensagens a serem transmitidas, além do impacto no clima organizacional. Mesmo comunicada de forma leve, “precisamos de uma narrativa consistente, para não perder o foco”, lembrou a executiva.
Certa de que o futuro da Comunicação Interna passa pelo colaborador influenciador, Ana Paula comentou, ainda, o projeto “Dropx” da empresa, cujo conteúdo é produzido pelos colaboradores, principalmente por meio de vídeos curtos sobre suas ações na companhia.
Na Siemens, eles se tornam provedores de informações que circulam em todos os níveis hierárquicos e áreas da empresa, o que promove identificação do público interno e engajamento.
O CEO da empresa é um dos principais produtores de conteúdo sobre as decisões que afetam o dia a dia de seu trabalho e dos negócios. O formato neste caso e em outros conteúdos protagonizados fora das estruturas da comunicação é o mesmo: informal, espontâneo, leve.
Estratégia integrada e papel da liderança
Ovando, por sua vez, lembrou que a responsabilidade da comunicação sobre o clima não é algo novo, embora tenha se ampliado durante a pandemia, estreitando cada vez mais os laços com a gestão de pessoas.
“A criatividade sempre fez parte das entregas, na perspectiva da comunicação e das agências do setor”, mencionou, também, o executivo, sobre outra constante no universo corporativo.
O Sócio-Diretor de Estratégia da Supera Comunicação ressaltou, porém, que as soluções do tema vêm sendo desenvolvidas sem que ninguém tenha conhecimento do que é melhor – tempos de incerteza pós-pandêmicos levam os gestores a tentativas e erros sucessivos. Seria, ainda, uma época sem precendentes no que diz respeito à forma como nos comunicamos.
“Entendo que estamos vivenciando um momento atípico na forma como a sociedade se utiliza da comunicação”, destacou Ovando. “A modo como nos comunicamos é leve, permeado de memes, mas ocorre um distanciamento de como as empresas tratam a comunicação interna.”
O executivo lembrou, nesse contexto, o papel do líder na propagação correta da mensagem organizacional, atento ao fato de que formar uma liderança comunicadora ainda é um desafio para as empresas, a despeito, ainda, de qualquer modernização ou leveza.
Para Ovando, a base da ludicidade corporativa é composta dos níveis de confiança e bem-estar encontrados pelo colaborador nas empresas.
Sobre formar colaboradores e líderes comunicadores, nesses termos lúdicos e sob a demanda de influenciadores internos, “quanto maior a empresa, maior o desafio”, entende o executivo.
Bem-estar na mira
Já Fernanda, da Advice Comunicação Corporativa, responsável por mediar o debate e direcionar as reflexões dos participantes, lembrou o papel da ludicidade na promoção de bem-estar organizacional.
A executiva reforçou o impacto positivo obtido nesse sentido pela Siemens, em suas campanhas que lançaram mão de linguagem lúdica e meios mais fluidos e leves de comunicar temas complexos.
Fernanda mencionou, contudo, estudos sobre a alta recente de ocorrências negativas de saúde física e mental entre colaboradores, relacionando-as à digitalização dos processos e relações nas organizações.
A CEO da Advice Comunicação Corporativa indagou se, ao se tornarem mais lúdicas e incorporar cada vez mais recursos tecnológicos, incluindo gamificação e redes sociais corporativas, as estratégias de comunicação atuais não poderiam contribuir para uma piora do bem-estar corporativo.
A preocupação, em geral, recaiu sobre o tempo de tela dos colaboradores, ao que os demais participantes responderam com sua experiência em equilibrar ferramentas e ações on e off-line para evitar o problema, além de atentar-se para as reais demandas e dinâmicas internas para criar e implantar soluções sob medida para o bem-estar geral.
Reportagem: Melhor RH
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