A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) publicou em seu site uma série de estudos e pesquisas com o objetivo de propor soluções para diversos impasses vividos pelo meio impresso: A Zephr, plataforma líder em experiência de assinaturas, selecionou quatro desafios em que a tecnologia pode engajar e aumentar a audiência em 2023; e ainda algumas tendências marcadas pelo comportamento do leitor, seus hábitos e necessidades, que exigem mudanças, e que a mídia deve levar em consideração; a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA, em inglês) propõe jogos de notícias para atrair leitores jovens; uma investigação da empresa de pesquisa de mercado e análise de dados Yougov sugere que, talvez, 2023 não seja um ano tão ruim para os jornais quanto se previa; outro estudo sugere que a negatividade com que a mídia por vezes retrata a realidade e a falta de utilidade das notícias no dia a dia dos usuários seriam duas das principais causas que levam as pessoas a evitarem as notícias, segundo pesquisa realizada por Benjamin Toff, professor da Universidade de Minnesota, e Rasmus Kleis Nielsen, diretor do Reuters Institute for the Study of Journalism; a International News Media Association (INMA) atuam no The Media Subscriptions Town Hall 2022, com a participação de meios de comunicação e empresas como Financial Times Strategies, Der Spiegel, La Repubblica, Google e outros, sobre estratégias de assinaturas digitais; e finalmente, a Gallup diz que conquistar a confiança dos leitores é o desafio para os jornais.
Tecnologia no centro dos negócios
Começando pela Zephr, existiriam quatro desafios tecnológicos para engajar audiência: 1) Inteligência artificial aplicada à mídia. Em um relatório recente da WAN-IFRA, mais de 75% dos editores disseram que a inteligência artificial e a análise de dados em grande escala serão essenciais para o sucesso de suas empresas nos próximos três anos. Isso tanto nas redações como nos veículos regionais. O problema é a falta e profissionais para lidar com dados. 2) Caminho obrigatório para “dados primários”. Os cookies serão em breve proibidos e os jornais devem criar outras alternativa, pois 82% dos sites que ainda dependem de cookies para exibir seus anúncios. A saída seria montar banco de dados próprios; 3) Tecnologia para apostar ainda mais no áudio. Já está claro que os podcasts é uma tendência que veio para ficar. Agora é a hora de apostar no áudio sob demanda, inclusive com assinatura paga. 4) Novas tecnologias como NFTs (certificado de autenticidade digital). Eles podem continuar sendo desenvolvidas até como meio de pagamento no futuro. A revista Time começou a leiloar capas de revistas antigas, enquanto a CNN vendeu momentos de seus arquivos como NFTs.
Outra análise da Zephr, sobre os desafios de 2023, as seis principais tendências são: 1) Conteúdo compatível com dispositivos móveis e rastreamento entre dispositivos. A utilização de smartphones para ler notícias online já é superior a qualquer outro dispositivo ou suporte, sendo que esta tendência é cada vez maior. Por isso editores precisam otimizar suas ferramentas para dispositivos móveis. 2) Publicidade nativa ou não intrusiva. A chave é garantir que a publicidade seja feita de maneira que não pareça perturbadora ou intrusiva para o leitor. 3) Tornar mais fácil para os leitores encontrarem informações. Mudanças recentes nos algoritmos do Google obrigam os editores a modificar sua estratégia de SEO, para que os usuários possam continuar encontrando o conteúdo e, em alguns casos, atrair novos leitores para retê-los posteriormente. 4) De “primeiro usuário” para “primeira comunidade”. A maioria dos usuários que fazem parte de uma comunidade de leitores passa mais tempo no site, gerando mais visitas e mais dinheiro. As comunidades podem ajudar a manter e ampliar as assinaturas. 5) Processos de inscrição sem atrito. O tempo de atenção online está em um nível mais baixo de todos os tempos. É preciso facilitar a vida do leitor ao preencher formulários para acessar conteúdos. 6) Redefinindo o que significa pagar. Por exemplo, se um usuário estiver altamente engajado com o conteúdo e obtendo uma renda alta, a agência de notícias pode oferecer mais recursos por um preço mais alto do que ofereceria a um usuário não engajado com uma renda menor.
Gameficação das notícias
Sobre o uso de jogos para atrair novos leitores, pesquisas estimulada pel WAN-IFRA, a ideia é melhorar a alfabetização das notícias, aproximando o jornalismo e o consumo de notícias por meio da gamificação. O jogo colocará os leitores na perspectiva de um jornalista e dará aos editores de notícias um meio de distribuir o conteúdo existente de novas maneiras, para buscar um novo público. Um jogo baseado em notícias reais. Está em elaboração e o projeto se estenderá por dois anos.
A Yougov pesquisou e descobriu: os leitores manterão a leitura de jornais e revistas em 2023. Yougov observa que mais de oito em cada dez entrevistados (82%) pretendem aumentar ou manter a leitura de jornais ou revistas (impressas ou online) nos próximos 12 meses. Especificamente, 17% dizem que lerão menos, 47% que lerão o mesmo e 18% que lerão mais.
Negatividade
Benjamin Toff, professor da Universidade de Minnesota, e Rasmus Kleis Nielsen, diretor do Reuters Institute for the Study of Journalism, descobriram, via pesquisas, que a negatividade das notícias e falta de uso prático das informações estão afastando leitores. Por exemplo, os entrevistados veem as notícias muito focadas em crimes e eventos, terrorismo e disputas partidárias, “o que gera não só medo, mas também sentimentos de incerteza e descontrole”. É preciso repensar a relação emocional as notícias.
Sobre assinaturas: a chave é informação de qualidade, além de moda e tendências. Ter um produto diferenciado. Internamente, capacitar as equipes, promover a colaboração, tomar decisões com base em evidências e discutir objetivos e resultados de forma transparente. Ter métricas sobre o interesse do público. engajar os assinantes: postar conteúdo realmente valioso, gerar boas newsletters e alertas por e-mail, levar as pessoas a baixar aplicativos móveis e habilitar notificações.
Confiança dos leitores
O desafio para os jornais em 2023 é conquistar a confiança dos leitores, segundo a Gallup. A confiança no jornalismo nos EUA, atingiu o mínimo histórico, desde que há dados disponíveis, em 1973, informa o Laboratorio de Periodismo . De acordo com a pesquisa Gallup, em 2022, apenas 16% dizem confiar “muito” ou “bastante” em jornais, quando os picos históricos chegaram a ficar acima de 50%. Em 2021, a soma de “muito” e “suficiente” chegou a 21%. Índice inferior ao Brasil. De acordo com o Relatório sobre Notícias Digitais de 2022, elaborado pelo Reuters Institute, 48% dos brasileiros confiam nas notícias na grande maioria do tempo. De qualquer forma , esses números requerem atenção.