Como diversas agências de comunicação, a Blue Chip também sentiu um baque nos negócios durante a pandemia. Mas as dificuldades acenderam novas ideias e despertou ainda mais o espírito empreendedor da jornalista Denise Carvalho e do publicitário Felice Tancredi, sócios e fundadores da empresa. Há alguns anos eles vem testando um novo modelo de negócios, a organização de eventos presenciais e online. Depois de prestar serviços na área, convidados por dois de seus clientes, resolveram promover seus próprios eventos. E no caso do ambiente virtual investiram numa plataforma própria, a Blue Chip Talks, nome já registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Os eventos, presenciais ou no ambiente virtual, são espaços para a discussão de assuntos financeiros, macroeconômicos e de negócios, que podem impactar a tomada de decisões de investidores, fundos de pensão e de investimentos, além de empresas, family offices, gestores de recursos e outros agentes do mercado. O formato básico, proposto no modelo online tem duração média de 3 a 4 horas, com até quatro painéis e intervalos de aproximadamente 10 minutos.
Em 2020 começaram os primeiros eventos online para um fundo de investidores imobiliários norte-americano que estava entrando no Brasil. Falou-se sobre investimentos no exterior. Foi um evento online de quatro horas, quatro painéis, e seis participantes em cada painel, com gente importante do mercado. Outros eventos se seguiram em 2021 sobre ESG, Startups, sempre com jornalistas participando como moderadores. “Agora as pessoas se cansaram um pouco de eventos online e planejamos para 2023 eventos híbridos, presenciais, e com cobertura online, e outros até totalmente virtuais, adianta Denise. “Fizemos um projeto e estamos correndo atrás de patrocinadores, e a ideia é ter, no início do ano que vem um evento presencial reunindo investidores, gestores de recursos, fundos de investimentos”.
“O Blue Chip Talks é um produto proprietário, não é mais para prestar serviços para terceiros”, diferencia a empresária. Em eventos presenciais, explica Denise, pode-se editar parte do conteúdo com a plataforma e disponibilizar no Youtube, como já foi feito. “A ideia central”, ressalta, “é unir fundos de investimentos, gestores de recursos a investidores. Assim, discute-se temas da atualidade que possam ajudar a trazer reflexão sobre movimentos da economia que estão no modo de investir ou em decisão de investimentos. Em várias áreas: mercado imobiliário, agronegócios, e assuntos que perpassam todos esses segmentos. ESG é um exemplo. Até startups, que tem tecnologia que podem facilitar a vida de investidores”.
Eventos abertos e fechados
Todos os eventos foram abertos para o público, mas a sócia da Blue Chip não descarta a possibilidade de cobrar ingressos para quem desejar participar em alguns dos futuros eventos.
“Será um negócio independente dentro da agência”, planeja. Uma divisão de eventos. O ano de 2022 foi da retomada da Blue Chip após um período de dificuldades com a pandemia, e coincidiu com a formatação dessa nova linha de negócios depois de algumas experiencias nos anos anteriores. “Renovamos a equipe e a carteira de clientes, com empresas maiores, e novos projetos”, relata.
Denise mostra-se otimista e acredita que esse modelo “tem potencial para ser um negócio maior que a agência Blue Chip. É um mercado que envolve uma cadeia, fundos de investimentos, escritórios de advocacia especializados em formatação de fundos, consultorias, e firmas de auditoria”, somente para citar alguns exemplos.
Agência se reinventa e aperfeiçoa negócios tradicionais
Além desses eventos, a Blue Chip continua prestando serviços de assessoria. “Hoje ainda somos uma agencia tradicional, o diferencial é o fato de conseguirmos prestar serviços muito personalizados. Fazemos redes sociais, mas estamos no desafio agora de como conseguiremos digitalizar a agência para ser uma empresa que preste serviços também de marketing para os clientes. Não temos uma divisão da agência específica de marketing digital, apesar de prestarmos serviços nessa área. Nosso conteúdo em redes sociais ainda é muito focado em reputação, quase uma extensão do trabalho de PR que nós fazemos”, detalha Denise.
“Todo crescimento que tivemos nos últimos anos se deveu a capacidade de olhar o que está acontecendo nas redes sociais e ver como as pessoas estão se comunicando de um modo diferente, para não ficarmos apenas no conteúdo tradicional que as empresas estão acostumadas em PR”, destaca. “Produzimos conteúdo em qualquer plataforma, As empresas não veem mais a comunicação apenas como PR, elas veem também a publicidade que a gente consegue pensar online e offline”.
Denise lembra nesse ponto da conversa porque começou a entrar na área de eventos: “O cliente quer se comunicar de uma forma diferente com seus stakeholders, E isso não se faz só com PR ou com redes sociais. Eventos promovem network, e conseguem ter essa conexão entre pessoas. E com a pandemia, percebemos que as pessoas estão buscando nichos. E isso vem da área de PR, da área de publicidade, da área de criação”. E também de eventos. É aí que tudo se conecta.