O mercado da criação na Internet pode até parecer saturado; em uma pesquisa rápida encontramos diversos canais e influenciadores tratando dos mais variados assuntos, e são muitas as ofertas de conteúdo de música, cinema, games, culinária e DIY. Até por conta de tanta variedade, é um mercado aquecido do ponto de vista do marketing e muitas marcas continuam procurando criadores de conteúdo para divulgar seus produtos.
A relação entre marcas, agências de publicidade e influenciadores foi tema do painel “Quem sou eu para inventar moda”, no 11º Fórum sobre Marketing de Influência, promovido pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e a Plataforma Negócios da Comunicação. Participaram Andressa Griffante, consultora de Estratégias em Marketing de Influência da Side3 Propaganda; Bruno Bock, influenciador do Canal Pipocando e Nina Braz, influenciadora do Canal Tu Organizas.
O apresentador do Canal Pipocando e influenciador afirma que nos dez anos em que está trabalhando como creator viu muitas mudanças na produção de conteúdo para internet, uma delas foi no enxugamento das equipes: “Antes nós gravávamos com 15 pessoas, hoje gravamos com apenas uma; hoje os cargos estão acumulados, o cinegrafista precisa saber gravar, tem que saber pegar o cartão e editar um pouco, tem que saber produzir e nós vivemos essa loucura que é trabalhar com a inovação. É algo que pode ser muito rentável, mas também é muito difícil”.
Para Andressa Griffante, a redução nas equipes de criação tanto dos creators e das agências fez com os influenciadores se adequassem ao mercado e as novas necessidades que o meio da criação de conteúdo impõe: “O processo de criação não está só na criação de conteúdo, mas em formas de monetização. A diversificação fez com que os influenciadores ao longo do tempo fossem se profissionalizando cada vez mais, foram criando outras formas de renda”.
A estrategista de marketing acredita que com menos pessoas o trabalho pode fluir melhor: “Facilita muito mais quando eu falo com uma equipe menor, ou direto com o influenciador, às vezes mudamos toda uma campanha só conversando direto com eles. Enxugar uma equipe e ter menos pessoas neste processo melhora o resultado de uma campanha”.
Porém, muitas vezes há dificuldades na comunicação sobre o processo de produção entre um criador de conteúdo e as marcas. A youtuber Nina Braz lembra que já teve experiências boas e ruins trabalhando na criação de roteiros e conteúdos para o seu canal: “Eu tive ótimas experiências e nem tão boas. No primeiro contato, a empresa pede um orçamento e vejo se a marca está alinhada comigo. Escrevo o roteiro, aprovo e a pessoa consegue visualizar como vai sair no vídeo. Porém, já teve um caso de uma marca que me procurou e eu fiquei super feliz, pois já era uma marca que eu conhecia e admirava. Porém, não aceitava nenhum roteiro que eu enviava, na quinta tentava eles aceitaram, mas eu não curti muito porque pareceu muito uma propaganda e não uma criação de conteúdo”.
Ser influenciador também custa dinheiro
Assim como Nina, outros influenciadores relatam que geralmente as marcas não querem seus produtos na criação de um conteúdo, mas sim, mera publicidade. Bruno Bock aponta que geralmente é muito procurado para divulgar produtos e pouco para criar conteúdos que envolvam marcas: “O que o Youtube paga cobre somente os custos da equipe. Eu vivo de patrocinadores há quase dez anos. Todos os anos nos propomos coisas muito legais, mas a crítica que eu faço é que eu gostaria apenas de fazer publis de projetos que eu acredito, mas a realidade é que as marcas e as agências não estão tão comprometidas quanto a gente. Geralmente eles querem um “story” e um “post”, mas com isso não fazemos nada de incrível. Eu quero fazer uma campanha com começo, meio e fim, com métricas e resultados. “Vai acontecer o que nós estamos vendo, muitos influenciadores, mas poucos conseguindo monetizar. As grandes marcas não querem fazer uma grande parceria, é bem complicado. Eu estou há dez anos no mercado e não tenho um cliente parceiro”, lamenta Bock.
Para criar conteúdos muitos creators precisam de agências e marcas que apostem neles, afirma Andressa. No entanto, a estrategista de marketing afirma que muitas empresas de marketing não têm a mentalidade da criação de conteúdo: “Para o canal do Youtube fazer coisas incríveis, tem um custo. Hoje poucas marcas têm a mentalidade de criação de conteúdo, muitas tem grana, mas o problema principal é a mentalidade. Na nossa agência existem campanhas de diferentes níveis, campanhas bem nichadas com nanos e micro influenciadores e passamos por essa mesma questão de ter uma marca que quer um combo, ou seja, posts mais stories, além dos restaurantes que querem levar um prato de comida. Muitos reclamam que não tem retorno, mas precisa de uma cultura dentro das empresas de cocriar conteúdo”.
Bruno complementa afirmando que muitas agências pequenas de criação de conteúdos estão desenvolvendo projetos mais interessantes para influenciadores: “O que eu tenho percebido é que em agências menores saem projetos mais legais. Tem muito relatório que não diz nada, somente números. Muitos fazem os projetos e não sabem se teve o resultado, não tem o pós-venda, muitos clientes querem o resultado em três dias, mas demoram mais de 15 dias para ver o resultado, fico em dúvida se estão atrás de verdade ou é tudo de mentira”.
Vale a pena investir em conteúdo
Se, por um lado, a relação entre creators e agências de publicidades pode parecer tensa, nas plataformas digitais a busca é por monetização. Alguns criadores afirmam que somente com as plataformas não conseguem monetizar os conteúdos, como afirmou Bruno Bock, do Canal Pipocando. Por isso, as redes sociais acabam se tornando vitrines para a marca conhecer mais os creators e um meio de divulgação de publicidade. O assunto foi tema do painel “Como ganhar dinheiro nas plataformas” com a participação de Rick Ordonez, sócio-fundador e diretor de conteúdo do Eu Criando (Canal Dany Martines); Gustavo Almeida, diretor de relacionamento da Mfield e Angélica Consiglio, CEO da Planin.
“Os criadores de conteúdo tem que estar em todas as plataformas, ser transmídia, aconselha Ordonez. “Algumas plataformas monetizam mais do que a outra. O YouTube tem um modelo mais antigo de monetização então os criadores, já tem uma previsibilidade do que podem ter de retorno. O TikTok também está monetizado alguns creators, o Instagram não monetiza, mas é a plataforma que as marcas mais investem pela visibilidade e pelo retorno. O Twitter monetiza por ser real time”.
Almeida também detalha as características de cada plataforma digital: “O Instagram é uma ferramenta extremamente forte. O Facebook todo mundo acha que acabou ou que é uma rede de pessoas mais velhas, mas lá existe toda uma gama de comunidades, praticamente é a rede que mais monetiza diretamente. O Instagram dos Estados Unidos tem uma plataforma de monetização que ainda não chegou ao Brasil. O TikTok para nós colocou uma limitação, levamos alguns anos para se adaptar. Precisamos estar em todos os lugares, mas nem sempre é possível”.
Outras maneiras de monetizar
Para quem acha que monetização não é importante, é um mercado pequeno, a CEO da Planin oferece alguns números incentivadores: “Movimenta anualmente 2.9 bilhões de dólares e deve chegar a 7.3 bilhões de dólares em 2027”. Ela ainda traz outros números para reflexão: “Temos 8 bilhões de pessoas no mundo, e 5 bilhões acessam a internet e as redes sociais; no Brasil são 150 milhões de internautas, ou seja 80% da população brasileira está conectada. Conteúdos no Youtube correspondem a 82% do tráfego da Internet no Brasil, e o Youtube é o segundo site mais acessado no Brasil e no mundo, tem uma média mundial de 2 bilhões de usuários mensais, mais de um bilhão de horas de conteúdo consumida diariamente, mais de 80 idiomas, mais de 100 países, e mudou a audiência da TV aberta e TV paga. Mais de 3,5 bilhões de buscas no Google por dia. Mais de 1,2 bilhão de sites no mundo, e pessoas passam mais de 100 dias por ano conectadas, uma média de 6h43 conectadas por dia. Brasil é um dos países que mais usam internet e redes sociais.
Angélica ressalta que a publicidade não é a unica forma de ganhar dinheiro na internet. Creators podem investir em diversas formas de faturamento: “Monetização não acontece apenas na produção de conteúdo, pode ser através do marketing de influência, venda de produtos, cursos, geração de leads, venda de produtos físicos, venda de softwares, patrocínio indireto, campanhas, postagens patrocinadas, anúncios… é uma combinação enorme e é muito difícil conseguir adaptar esses conteúdos para todos os canais. Muitos tentam segmentar um conteúdo e perde sua identidade”.
A produção de vídeos não é a única forma que Rick Ordonez consegue monetizar na Internet. O diretor de canal lembra que produz conteúdo para outros Instagram’s. “Nós percebemos que podemos lucrar criando conteúdo para outras pessoas. Fazemos o nosso, colocamos em nossas redes e depois criamos para outras pessoas que querem não só ganhar visualizações ou dinheiro, mas deixar o feed mais bonito. Monetizar vai além da produção de conteúdo”.
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