Agências de comunicação investem no metaverso

A utupia futurista que une os mundos real e virtual possibilita novos formatos para eventos, coletivas à imprensa, e branding

O trabalho home-office dos tempos de pandemia do Coronavírus trouxe novas demandas de interação digital entre as pessoas e também entre o público consumidor e as marcas. E o metaverso tomou corpo nesse contexto e surge como uma opção para tornar mais real o relacionamento além do mundo físico. Parece coisa de ficção, e na verdade é. O termo surgiu em 1992 com o romance de ficção científica Snow Crash (publicado no Brasil com o título de Nevasca), de Newal Stephenson. O autor juntou as palavras “meta” (do inglês “transcendente” ou “mais abrangente”) e “universo”. E está sendo usado no mundo corporativo na construção de ambientes virtuais imersivos baseados em tecnologias emergentes como realidade aumentada e inteligência artificial.

Ficção torna-se realidade

Em 2003 o escritor Matthew Ball, em seu livro “Metaverse Primer”, apresenta uma definição onde o universo meta se constitui tal qual “uma rede persistente, de mundos e simulações renderizadas em tempo real e 3D, que oferecem identidade contínua a objetos, histórias e direitos que podem ser experimentados de forma síncrona por um número ilimitado de usuários, cada um com sua presença individual”.

Juliana Garcia, CEO da IDEIACOMM, visualiza novos negócios com o metaverso

Diversas agências de comunicação tem utilizado o conceito para criar novos formatos de eventos, assessoria de imprensa, e divulgação de marcas.  Especializada no atendimento de empresas da área de tecnologia, a IDEIACOMM seguiu com a construção do escritório no metaverso acompanhando as tendências mundiais, em que o metaverso já movimentou o expressivo valor de US$ 38,8 bilhões globalmente, montante que deve chegar a mais de US$ 47 bilhões esse ano e crescer em um ritmo impressionante até 2030, quando pode atingir o pico de investimentos na casa de US$ 678,8 bilhões em todo o mundo.

Para Juliana Garcia, CEO da agência, a iniciativa é fundamental para o momento atual, ainda mais ao considerar o nicho de atuação da empresa. “O ambiente da IDEIACOMM no metaverso diz muito sobre o nosso período atual e sobre o que o mercado vivencia. Como estamos à frente da comunicação de diversas empresas de tecnologia, também buscamos sempre nos atualizar e inovar tanto nas operações quanto na oferta dos serviços”, comenta.

Em uma análise recente da Ernst & Young sobre as potenciais transformações do ambiente de negócios propiciadas pelo metaverso, aliás, a companhia aponta a necessidade de investimentos em infraestrutura focadas em conexão e comunicação como a primeira etapa para que uma empresa possa implementar a virtualização (e todos os seus benefícios) como uma realidade em sua cultura interna.

Com 23 clientes e funcionando há 10 anos, a IDEIACOMM irá lançar seus serviços de metaverso num evento que acontecerá em setembro.  O metaverso se trasnsformou numa uniade de negócios da agência de comunicação corporativa. São inumeras as possibiliades mercadológicas e de comunicação, segundo Juliana: podemos criar eventos com sala de produtos e serviços onde as pessoas podem entrar virtualmente  — por intermédio de um avatar — e comprar com criptomoedas ou acessar a landing page do cliente para ter acesso a um vídeo comercial” .

As reuniões da equipe da IDEIACOMM já acontecem em metaverso, pois todos os profissionais estão em home office e agora se reunem em um escritório virtual, e poucas vezes estão presencialmente na sede da empresa.. A agência irá organizar também coletivas de imprensa nesse sistema, onde os participantes entram com avatares, inclusive os jornalistas, e interagem. É algo mais criativo e eficiente do que uma apresentação online feita em algum aplicativo de videoconferencia, formato que a CEO julga estar ultrapassado e tedioso, além de limitado em termos de recursos.

Ambiente virtual no webinar

No início deste ano a Oficina Consultoria de Reputação e Gestão de Relacionamento realizou o primeiro webinar dentro desse ambiente virtual no Brasil.  O que temos visto no ambiente corporativo, que chamamos de metaverso corporativo, é a humanização. Quando mesclamos o mundo físico e o virtual, são inegáveis as novas oportunidades de comunicação que surgem, frisou a sócia-diretora da Oficina Consultoria, Patrícia Marins.

Mark Zuckerberg: o Facebook também no metaverso

Mark Zuckerberg, proprietário do Facebook, Instatram e WhatsAPP ficou tão fascinado pelo tema que mudou o nome de sua empresa para Meta em outubro de 2021. Para ele, o metaverso existe em espaços virtuais, onde você pode criar e explorar com outras pessoas que não estão no mesmo espaço físico que você, algo bem amplo para o tamanho do universo cibernético e bem vago se comparado ao propósito do mundo virtual. Zuckerberg disse que o metaverso sucederá a internet e os celulares, onde o Facebook criará uma coleção de experiências de ficção científica interconectadas e abrangentes.

Para o coordenador de conteúdo do Grupo Trama Reputale, Michel Baptista, a comunicação e a disseminação de conteúdos nesse novo ambiente deixa de ser bidimensional a fim de se tornar imersiva, onde o usuário passará a interagir com a mensagem. “A fusão entre o real e virtual possibilitará a disseminação de boas práticas para a comunicação, experiências de marca e o usuário passará a ser parte da construção da narrativa institucional. Um campo vasto para a comunicação interna”.

Metaverso agrega na comunicação corporativa

Para Adriano Zanni, Diretor de Engajamento e Comunicação com Empregados do Grupo Trama Reputale, “o metaverso é algo novo que permitirá agregar e modificar as mensagens de forma constante e, no universo da comunicação corporativa, essas ações podem ser absorvidas positivamente para a construção e posicionamento das marcas assim como também podem destruir um branding já consolidado, gerando eventuais crises”.

Marcelo Molnar, sócio-diretor da Boxnet

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet está de olho nessa tendência:”Acompanhamos a popularização das videoconferências que viabilizou o trabalho à distância. O conceito de escritório virtual teve as resistências eliminadas. Microsoft Teams, Zoom e Google Meets se popularizaram, e ganharam companheiros como o Horizon Workrooms, Spatial, Immersed e EngageVR, possibilitando experiências cada vez mais imersivas”. Além de ser a próxima geração tecnológica, “o metaverso será o próximo capítulo para o mundo corporativo”, visualiza Molnar, opinando que “a relação capital trabalho, casa escritório, assim como a vida pessoal e profissional estarão cada vez mais entrelaçadas, e estas sobreposições serão outros pontos a serem discutidos sobre o que é eticamente suportável”.

 

 

 

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