Relatório publicado pela Sembramidia, realizado com 100 organizações (25 no Brasil) na América Latina, revelou que as mídias digitais nativas aumentaram o faturamento apesar da pandemia do novo coronavírus. Apenas 3% de todas as organizações do continente relataram não possuir nenhuma fonte de receita. Em 2017, ano de publicação do último relatório, esse número era de 17%.
O número de organizações com faturamento anual entre US$ 100 mil e US$ 500 mil cresceu de 17% para 23% entre 2016 e 2019. Além disso, 32% dessas organizações estavam no nível mais baixo de maturidade (com receitas de US$100 a US$ 19.999) em 2016. Essa porcentagem caiu para 28% em 2019.
De acordo com o estudo, a diversificação de origem dos recursos auxiliou na viabilidade e independência desses veículos. O financiamento filantrópico, corporações privadas e governamentais é a principal fonte de renda das mídias nativas digitais (31%), seguido da publicidade (21%).
Entre o estudo divulgado em 2017 e nesse ano, apenas 23% das organizações encerram suas atividades nesse período. Durante a pandemia, as mídias que prestaram menos apoio financeiro aos colaboradores foram as brasileiras, com 35% prestando algum suporte contra 67% da Argentina e 57% da Colômbia.
Impactos sociais das mídias digitais nativas
A pesquisa revelou também que 85% dos meios de comunicação entrevistados consideram que produziram conteúdo jornalístico que gerou mudanças políticas e sociais significativas. Além disso, 25% relatam que seu trabalho colaborou para o afastamento de um membro do governo local.
O trabalho jornalístico também tem enfrentado ameaças e ataques, com 51% das organizações de mídia declarando terem sido vítimas de ataques digitais, e 40% afirmaram ter sido ameaçadas por seu trabalho — muitas vezes semanalmente, se não diariamente. Comparativamente, os veículos brasileiros relataram uma incidência de ameaças legais às suas operações 13 vezes maior do que na Argentina.
A diversidade na constituição das mídias digitais nativas também foi um ponto de destaque na pesquisa. No Brasil, cerca de 40% dos veículos possuem mulheres como fundadoras no Brasil. Nas mídias tradicionais, esse número é de 1%. 25% dos meios de comunicação ouvidos no estudo relataram que pelo menos um de seus fundadores representa uma comunidade minoritária em seu país. Além disso, 66% disseram ter pessoas que se identificam como minorias em suas equipes. Muitos dos veículos entrevistados reportam sobre comunidades carentes regionais