Revistas impressas segmentadas transcenderam seu caráter de impresso e se transformaram em marcas valiosas que devem apostar suas fichas nisso. Este é o caminho apontado por Daniela Falcão, ex-diretora de redação nas Edições Globo Condé Nast, e Felipe Gil, diretor de conteúdo da Revista Trip, durante participação no 3º Fórum de Jornalismo Especializado, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação nos dias 1, 2 e 3 de dezembro. A conversa do painel O papel do impresso: A transição das revistas segmentadas para a cobertura digital foi mediada por Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos.
“A gente era veículo, hoje é um título, uma marca, e não só revistas. Na verdade tanto a Trip, quanto a Pais e Filhos e as edições do grupo Condé Nast são impressas, mas tem uma marca digital forte”, defende Daniela Falcão. “Mas manter o impresso como uma boutique não é para todo mundo, é para marcas que tem um carinho, um cluster, uma comunidade. As pessoas têm que se identificar com ela.”
Produção de conteúdo e credibilidade
A partir de sua experiência na revista Trip ao longo de mais de 15 anos, Felipe Gil considera que o ambiente digital ainda está em formação. “Às vezes a gente fica muito de olho no que o algortimo diz, do que vai melhor, mas não podemos esquecer da nossa comunidade, do porquê nós estarmos aqui”, completa.
Neste cenário, o principal ativo com que lidam as marcas jornalísticas é sua credibilidade, até porque a concorrência com outros produtores de conteúdo se acirra a cada dia. “Eu não acho que o jornalismo esteja com tudo”, frisa Daniela. “Eu acho que a gente tem uma produção de outros produtores de conteúdo, como os influencers, que falam diretamente com seu público. Eles são seu o próprio veículo. E muitas vezes eles podem ser tão ou mais relevantes que o veículo.”
Futuro
“Eu acho que nós comemos um pouco de grama no início, porque nós não éramos nativos digitais e foi um revolução quase a ferro e fogo. Tivemos um grande delay nisso”, aponta Daniela. “As redações eram extremamente aferradas ao impresso, e é um valor que a nova geração de audiência não tem, e não adianta esperar que tenha.”
Ela ressalta que a marca forte pode ser geradora de receita importante às publicações. “Não sei se vocês sabem, mas a principal fonte de renda da The New Yorker é a venda de memorabilia com cartoons, mouse pad, xicrinhas etc.”, diz. “O amor à marca vai nos levar a outras formas de monetização.”
E esse é o grande desafio, sair dos lugares conhecidos e buscar novos caminhos e possibilidades. “A gente tem que ir fazendo, sentindo, aprendendo”, adverte Felipe Gil. “É identificar qual o momento da vida das pessoas em que você é relevante. E hoje o leitor também tem muito espaço para falar e a gente ouvir. O que não dá é para ficar se segurando numa onda que veio, tem que achar sua prancha e surfar.”
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