Jornalistas das mais variadas editoriais foram convocados a integrar núcleos de cobertura da pandemia de Covid-19 pelas redações do Brasil afora. O domínio da pauta nos noticiários escancarou a importância do jornalismo e, sobretudo, da editoria de saúde nos jornais.
Essa é a experiência de Fabiana Cambricoli, repórter de saúde do jornal O Estado de S.Paulo há sete anos, e de Adaílma Mendes, editora-executiva de cidades do Jornal O Povo, de Fortaleza. Elas contaram o caminho da cobertura da pandemia ao longo destes últimos dez meses num bate-papo mediado pelo jornalista Luís Artur Nogueira, da revista IstoÉ Dinheiro, durante participação no painel “Saúde em pauta: A retomada da importância do jornalismo na era do novo coronavírus”, do 3º Fórum de Jornalismo Especializado, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação nos dias 1, 2 e 3 de dezembro.
Núcleo de cobertura
“De fato, não se tem uma equipe muito robusta para cobrir a saúde, e é um tema importante, que desperta o interesse das pessoas”, considera Fabiana Cambricoli. “Eu estou nessa cobertura do coronavírus desde janeiro. Em março, foi mobilizado um núcleo de cobertura da covid-19 com repórteres de outras editorias que, hoje, deve chegar a umas 50 pessoas. Mesmo com tantos reforços, a gente não dá conta de abordar tudo, é um ritmo insano.”
No jornal O Povo, a articulação também se deu de forma muito rápida, sem contar os desafios individuais dos membros da equipe. “O medo de morrer, de perder alguém próximo da família, pico de ansiedade, estresse”, recorda Adaílma. “E outro ponto crítico da cobertura era garantir a segurança da equipe e ao mesmo tempo ser o olho da população. Foi um grande trabalho de preparação emocional todos os dias. Absolutamente ninguém ficou imune ao medo.”
Informação precisa e clara
Fabiana Cambricoli e Adaíma Mendes seguem em home office, sem se dirigir à redação dos jornais. Entretanto, a pauta segue na rua. “Eu saí umas seis vezes, e todas para ir em hospitais lotados de casos de covid-19”, conta Fabiana. “Foi a primeira vez em que eu chorei numa entrevista, com a mãe de um rapaz de 28 anos que morreu e não tinha nenhum outro problema crônico. Você vê as pessoas ali, internadas, intubadas e pensa que atrás daquela pessoa tem uma história, uma família. É muito pesado. Sem falar do negacionismo: ver tudo aquilo e ter de ler comentários nas redes sociais de que é mentira.”
Por outro lado, as redes sociais também servem como termômetro para identificar pontos de melhoria na cobertura, termos que precisam ser melhor explorados etc. “Como a gente leva a informação de uma forma simples?”, pergunta Adaílma. “A regra era pensar se daquela forma uma criança recém alfabetizada ia entender aquilo. Quando a gente fala da pandemia, a gente tem que falar para todo mundo mesmo.”
E a cobertura precisa ser humanizada, afinal por trás dos boletins epidemiológicos há sempre pessoas, com famílias e sentimentos. “Às vezes é necessário fazer matérias novamente, porque o questionamento continua lá”, completa Adaílma. “E a narrativa que você escolhe é importante também, sempre com histórias, e não só números, porque aquilo vai impactar na vida de cada uma das pessoas.”
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