A hora é de reflexão. É o momento de encararmos essa crise como uma oportunidade. Oportunidade de buscar soluções inovadoras e criativas que melhorem a vida das pessoas e garantam a continuidade dos negócios e dos empregos durante a pandemia e no mundo pós-COVID-19. Essa é a visão da Ketchum e de nossa direção, em todo o mundo, na qual me incluo.
Claro que muitos de nós, ao primeiro impacto do isolamento, nos vimos entre a incapacidade de lidar com a realidade que se impôs e a vulnerabilidade pessoal e profissional que a crise nos provoca. As ruas ficaram vazias, muitos negócios fecharam suas portas e as primeiras notícias desencontradas entre isolar-se ou não, trouxeram receio e até mesmo pânico. Afinal, a nossa rotina mudaria. E mudou. Passadas algumas semanas, o espírito se acalma e vamos pouco a pouco encontrando a melhor forma de seguir em frente. Do isolamento social, todos nos (re)conectamos para entender os novos caminhos para viver e nos manter produtivos.
Não por acaso, na Ketchum, vemos o ciclo dessa crise em quatro fases: impacto, reagrupamento, recuperação e o “novo normal”.
Etapas
A fase do impacto é aquela na qual parte das empresas e profissionais ainda se encontram. É um sentimento de mudança radical, impulsionado pela ideia de trabalhar em casa, não mais como uma opção, mas como regra. Aliás, não é sobre home office. É sobre tentar trabalhar em estado de quarentena e se adaptar a uma nova rotina – ou criar uma. É preciso equilibrar a si mesmo, priorizar a família e as demandas profissionais. Nessa ordem. Assistindo das janelas digitais a propagação da pandemia no mundo e no Brasil. Uma fotografia que, para nós gestores, precisa se centrar na comunicação com os nossos colaboradores e no auxílio às comunidades que representamos para garantir a segurança de todos.
Em seguida, vem a fase do reagrupamento, etapa na qual nos adaptamos a trabalhar e lidar com nossos clientes diante da realidade que se impõe. Assegurando a continuidade dos serviços e dos negócios e, sobretudo, olhando para o próximo, contribuindo com a sociedade, nossos colaboradores, parceiros e clientes em um momento tão delicado e ímpar. Nosso propósito é explícito: atuar de forma comunitária e solidária. Com empatia e inteligência. No âmbito pessoal, sentimentos como solidão e depressão devem ser abordados de forma madura e acolhedora.
É importante falar dos sentimentos e perguntar aos outros sobre como se sentem num período de tantas incertezas. Passado o impacto e a sensação de impotência, entendemos que é necessário reagir e vencer. Empresas de bebidas utilizam seu parque fabril para produzir álcool em gel, e a indústria automotiva vê potencial na fabricação dos respiradores e outros equipamentos para uso em UTIs num momento tão dramático. São meros exemplos para uma sociedade que precisa da ajuda de todos para reagir rapidamente e, então, enxergar além.
Não é hora para a inércia, e sim ação! E a comunicação é vital em todos os lugares e momentos: em casa com a família, no contato com nossas equipes, com a imprensa e a mídia e, claro, com consumidores e clientes. Ok, não temos todas as respostas ou uma cartilha pronta, mas atuar de forma honesta, sincera e transparente dentro do propósito premente de nossa sociedade é essencial para superarmos o momento.
Próximos passos?
Ao reagir, iniciamos a terceira fase, da recuperação, quando nossas práticas sociais já terão mudado. Do simples ato de limpar a casa, preparar a própria comida, cuidar das crianças e sua lição de casa, reorganizar a rotina em família etc., será inevitável reavaliar os modelos e hábitos do antes da pandemia. A partir do “novo normal” da rotina de isolamento vamos definir como queremos levar nossas vidas, empregos e viver no mundo no pós-COVID-19.
Como comunicadores, nosso papel é apoiar e aconselhar nossos clientes a entender os novos anseios, necessidades e comportamentos que serão definidos. Trabalhar de casa será mais comum e frequente? Eventos, lançamentos e exposições serão priorizados para o ambiente digital e mudando a dinâmica do mercado de eventos? Educação à distância será a primeira opção da atual e das novas gerações? E o que acontecerá com o entretenimento, como ir ao estádio ou cinema?
Os espaços vazios destas respostas e muitas outras perguntas que virão serão melhor completados por aqueles que estiverem preparados para esse novo ciclo de vida de disrupção pós-crise.
O planejamento de 2020 foi “pro saco”? Muito provavelmente. Mas, não é por isso que vamos abrir mão de estratégias de curto e médio prazos, ainda que mudem amanhã, e mais uma vez na hora seguinte. É primordial, portanto, planejamento e organização em diferentes níveis, mas especialmente ter (reter ou captar) talentos que participem dessa visão, avaliando o mercado como um todo, as pequenas e grandes mudanças no comportamento social e as novas tendências.
Algo possível com equipes especializadas, em duas frentes distintas: na retaguarda, um time para lidar com as crises, com atenção a respostas rápidas e providenciais; e, na linha de frente, para se antecipar ao próximo movimento, uma equipe de planejamento e inovação para prever novas necessidades e trazer respostas antecipadas, elaborando planos de ação, possibilidades e a evolução a partir de novos formatos e ideias. Essas duas frentes é que vão direcionar os esforços junto aos demais times, como comunicação e marketing, para realizar suas entregas em um momento de reação e, concomitantemente, criação de uma nova realidade.
Novo “normal”
Preparados ou não, vem aí a fase quatro! Uma etapa na qual o “novo normal” é consolidado e vai se estabelecer para tudo e todos. Aqui, o planejamento criativo terá que ser (na prática) fruto da nossa capacidade preditiva, do poder de imaginação, da compreensão do contexto e de empatia para entender o que os consumidores querem, desejam e precisam frente a novas rotinas.
Até lá, precisamos responder como a pandemia criará novos hábitos, e será que eles serão duradouros ou efêmeros?
A inteligência por trás da análise de dados gerados a partir das interações nas redes sociais, das tendências culturais e sociais, no varejo e e-commerce, do consumo de conteúdo e no entretenimento, será uma vantagem vital para propor novos caminhos e otimizar ao máximo as oportunidades que nascem em qualquer situação de crise.
Na realidade de pandemia, com o desencontro de informações e incertezas que vivemos hoje, somos levados a acreditar que planejamento e antecipação de cenários possíveis não fazem mais sentido, vale pensar no hoje e no amanhã. Não, engano seu. O planejamento é a chave para facilitar o processo de adaptação e transformação, num nível individual e coletivo, para vencer o desafio de amanhã, ou em três, seis ou oito meses. A empatia pelo(s) outro(s) é essencial. E a inteligência criativa, para propor novas soluções que transformem a sociedade e os negócios, é o caminho definitivo para escrever histórias de sucesso.
Abracemos a mudança! Com organização e planejamento para evoluir diante do novo mundo de desafios e oportunidades que está aí.
Até lá e boa saúde!
*Coautoria Cláudio Ferreira