É evidente que estamos enfrentando o maior desafio das últimas décadas, um evento sem precedentes na história moderna. Estamos passando por uma pandemia em que mais de um terço da população mundial está em reclusão e absolutamente todas as economias do planeta foram afetadas de alguma forma.
Mas estamos vivendo também um momento único por outros motivos: pela primeira vez, o mundo inteiro está unido por uma causa em comum, e nunca se falou tanto em cooperação, empatia e trabalho em equipe como agora. E nas organizações não é diferente, pois, somente unidos, empresas e seus funcionários conseguirão superar esse enorme desafio que nos foi imposto pelo COVID-19.
Algo que, para mim, está completamente evidenciado nas crises empresariais é o poder da Cultura Organizacional e da Comunicação Interna. Cultura nas organizações não é algo novo, mas, hoje, com o cenário em que estamos vivendo, tornou-se extremamente importante, diria até essencial. O grande problema é que não é algo simples de implementar e que seja possível trabalhar da noite para o dia. Por isso, arrisco dizer que as empresas que vêm trabalhando esse tema nos últimos anos e atualmente apresentam uma Cultura fortalecida acabam saindo na frente nessa batalha da crise do Coronavírus.
Em meio a tantas notícias sobre a pandemia, como ações de prevenção, impactos na economia mundial, abalos nos setores, orientações de saúde, determinações dos Governos, medidas trabalhistas e tantas outras informações importantes, a comunicação também nunca se fez tão necessária. Nas empresas, a Comunicação Interna absorveu um papel fundamental para enfrentar os cenários desafiadores com as drásticas quedas nas demandas.
Com informações tão delicadas e que impactam significativamente a saúde financeira e o futuro das empresas, que refletem paralelamente na vida de tantos colaboradores, seguir uma linha de comunicação ágil, transparente e humana é fundamental. Muitas empresas estão tendo que informar reduções de jornadas e salários, suspensões de contratos de trabalho, férias coletivas e demais ações necessárias e desafiadoras para ambos os lados. Para isso, também é importante que os funcionários tenham compreensão do contexto em que a empresa se encontra, as demais estratégias que estão sendo adotadas e qual o papel de cada um neste momento.
Fazer com que essas mensagens cheguem a todos os colaboradores também é um desafio para as grandes organizações. Por isso, ter canais de comunicação consolidados e com audiência comprovada também é uma grande vantagem neste momento. E-mails, portais corporativos, newsletters físicas ou digitais, redes sociais internas e até mesmo murais são veículos relevantes dependendo de cada segmento ou tamanho de empresa. O importante é fazer com que a comunicação realmente chegue a todos os colaboradores, principalmente agora que grande parte dos times está trabalhando em modelo home office.
As empresas que já haviam implementado rede social interna estão percebendo um grande ganho neste momento. Além do aumento nas visualizações e interações, o canal também se tornou um grande aliado na gestão de crise. A ferramenta dá voz ao colaborador, trazendo um termômetro em tempo real para avaliação da efetividade da comunicação e do clima interno, possibilitando agir de forma rápida e assertiva.
Outro ponto que se torna decisivo no sucesso de uma comunicação interna é a Liderança. Ter um CEO próximo e porta-voz principal da comunicação é sim um grande diferencial. Um líder confiante, seguro e principalmente humano se torna uma referência para time e uma inspiração para a busca da superação.
Na GOL, por exemplo, nosso Presidente, Paulo Kakinoff, está desde o início do COVID-19 muito presente nas comunicações com os Colaboradores. Além do seu canal semanal já existente, ele também tem gravado vídeos frequentes ao Time e realizado Lives com a liderança no Workplace, nossa rede social interna.
Um dos riscos das grandes crises é as áreas de RH acabarem absorvendo um papel de protagonista da comunicação, papel esse que seria dos gestores. Por isso, o segredo está no empoderamento da liderança como um todo. Este é o momento em que o gestor deve se tornar um dos principais disseminadores da comunicação, o tão falado Líder Comunicador.
O COVID-19 trouxe inúmeros pontos negativos e imensos desafios, mas também estamos tendo a possibilidade de grandes ensinamentos. Nunca foi tão importante falar de saúde, segurança, equilíbrio emocional e financeiro. Por isso, o líder deve ser mais do que um comunicador, ele deve ser um ponto de apoio para a sua equipe, mantendo sempre um canal aberto e próximo para assuntos profissionais e também pessoais.
Nunca imaginamos viver algo tão grandioso, intenso e incerto. Mas, como tudo, essa crise também tem seu lado positivo. Por ser uma crise generalizada e muito noticiada, boa parte da população e dos funcionários das empresas estão informados e conscientes da situação que abalou a grande maioria dos setores e a economia de uma forma geral. Isso deve ser levado em consideração no momento de trabalhar a Comunicação Interna.
Não sabemos se estamos no início, no meio ou na reta final dessa crise. Tampouco sabemos sua proporção e seus impactos nas organizações. Mas a certeza que adquirimos com o COVID-19 é que calma, união e confiança são essenciais para enfrentarmos essa turbulência. O importante também é ter a consciência de que com a velocidade e a dinâmica dessa crise, erros poderão acontecer nessa comunicação interna. O segredo está em não perder a estratégia e seguir trabalhando com agilidade, transparência e de forma humanizada.
Letícia Cabrera, Gerente de Comunicação Corporativa na GOL Linhas Aéreas