A boa comunicação com empregados

Comunicadores precisam circular e se conectar com todos os diferentes públicos que coabitam os espaços organizacionais

Entre processos, meios, conteúdo e forma, a comunicação com empregados vive dilemas bastante particulares. Um desses dilemas é o lugar que ela deve ocupar no organograma da empresa. É parte do escopo de RH, de marketing, de operações, ou mesmo de uma área independente de comunicação?

Ao mesmo tempo em que o lugar que ocupamos profissionalmente na organização muda a forma como a vemos, precisamos ter clareza de qual é o nosso papel como comunicadores, e isso independe de em qual “caixinha” estamos inseridos. Como poucas disciplinas no mundo corporativo, a comunicação com os funcionários tem o poder de perpassar estruturas e hierarquias e a obrigação de se fazer presente e bem aceita em diferentes fóruns e nos mais variados momentos, da celebração de um recorde operacional à divulgação de uma nova estratégia ou, ainda, em momentos de crise.

Para cumprir todos esses papéis e objetivos, é fundamental saber contar as histórias das pessoas que fazem a organização alcançar seus resultados. Comunicadores precisam circular e se conectar com todos os diferentes públicos que coabitam os espaços organizacionais, mantendo de lado a vinculação hierárquica para servir as pessoas. Nesse sentido, é a capacidade de criar vínculos e relacionamentos que faz a diferença. Entender que trabalhamos para as pessoas e para as organizações e não para um líder ou uma área. Que estamos a serviço de um propósito de marca e não de uma área A ou B.

Por outro lado, a comunicação estratégica não vive apenas de histórias que conectam e emocionam. Ela precisa estar umbilicalmente calcada na estratégia corporativa e contribuir para que os resultados aconteçam. Assim, o entendimento do negócio, de suas particularidades, de suas dificuldades e a fluência no repertório de gestão são ingredientes que precisam ser adicionados cotidianamente e com precisão, da escolha dos posts que serão destaque na rede social interna à campanha de lançamento de novos valores, missão e crenças. Do e-mail de boas vindas a um novo executivo ao plano de ação para gerenciar uma mudança.

Por fim, a comunicação com empregados é comunicação. Ou seja, uma atividade humana realizada no âmbito corporativo, institucional. Uma habilidade que muitas vezes precisa de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, um conjunto de processos que precisam de planejamento, de entendimento, de inovação, de recursos, de senso de oportunidade, de fala e de ação. Sem um objetivo claro, os riscos de transformar uma disciplina altamente estratégica em uma “fábrica” de comunicados por e-mail são bastante altos.

Então, o convite para quem está na área ou é responsável por ela é para que faça uma reflexão sobre qual problema de negócio a comunicação com empregados precisa resolver. A organização está em um momento de franca expansão e tem dificuldades de encontrar talentos adequados para compor seus quadros? Entenda com quem está dentro de casa quais são as fortalezas e o que precisa evoluir, desenvolvendo embaixadores da marca. É uma empresa que precisa repensar modelos e reduzir escopo?

Desenvolva líderes que se comunicam claramente e falem com franqueza sobre o contexto e o que vai acontecer. Os níveis de engajamento ficaram abaixo do esperado na última pesquisa de clima? Escute mais as pessoas e construa as soluções de forma colaborativa. Há uma nova estratégia desafiadora para a companhia? Compartilhe, compartilhe, compartilhe e discuta de forma multidisciplinar e multi-hierárquica como ela será entregue. Existem desafios e situações críticas que colocam em risco a continuidade das operações? Mapeie esses riscos com os funcionários e dê clareza aos planos de ação que serão feitos.

Considerando e conectando a ótica dos trabalhadores, a estratégia da empresa, a expertise técnica e o conhecimento do negócio, a comunicação com empregados pode florescer e impactar profundamente uma organização, promovendo transformações positivas no ambiente, nas relações e nos resultados. E isso representa um poder que vai além do tamanho ou lugar da “caixinha” que ocupamos. É preciso vibrar, ressoar, tocar o que há de mais humano e
inspirador dentro das organizações: suas pessoas.

*Rozália Del Gáudio Soares é doutora em Ciências Sociais e diretora de
Comunicação da Divisão Brasil da Arcos Dorados
Fonte: www.revistamelhor.com.br

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