A comunicação interna também se alinha aos propósitos da comunicação externa. Principalmente no trabalho de fortalecimento da cultura, que impacta na percepção positiva de marca empregadora e atrai a atenção da comunidade e também da mídia, refletindo-se muitas vezes em pautas para os jornalistas. Isso é feito no reforço dos valores, visão e missão da empresa para os colaboradores. A integração entre comunicação interna e externa, portanto, é um dos pilares da ação da comunicação corporativa.

Para Elcio Trajano Jr., diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose, “a comunicação interna da Eldorado liderou uma ampla pesquisa como parte do Projeto Nossa Gente Eldorado. O projeto envolveu milhares de colaboradores, sobre temas essenciais como felicidade no trabalho, perspectivas de futuro, motivação, saúde e bem-estar, ambiente organizacional, cultura, liderança, percepção sobre benefícios e agenda de diversidade, equidade e inclusão. Mais do que medir percepções, estruturamos esses dados e os transformamos em diagnósticos e planos de ação, influenciando decisões de liderança, priorização de investimentos e aprimoramento de políticas internas”.
Segundo o executivo, a medição de resultados é importante para a checagem do sucesso das ações e da mensagem absorvida pelo público interno que, consequentemente, chega até o mercado por diversas formas, seja na divulgação oficial da empresa ou por meio de manifestações espontâneas de colaboradores. “Adotamos uma abordagem objetiva e orientada a indicadores. Primeiro, monitoramos métricas de alcance e compreensão, acompanhando taxa de leitura, engajamento e avaliação de atendimentos feitos. Avaliamos aderência cultural por meio de pesquisas corporativas recorrentes, participação em programas internos, práticas de segurança e alinhamento às diretrizes operacionais. O foco é simples: garantir que todos entendam para onde estamos indo, por que estamos indo e qual o papel de cada um nesse caminho. A lógica é a mesma da operação: o que é estratégico precisa ser medido, acompanhado e aprimorado”.

Eventos externos também são levados para a comunidade interna, reforçando um ciclo de mensagens oficiais divulgadas para os stakeholders, mas que também retornam para dentro da companhia, fechando um ciclo comunicacional. É o que acontece na CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Claudia Müller, gerente de Comunicação Interna, Eventos e Endomarketing da CCEE, explica o processo em sua instituição: “O Instagram interno, a #nossaCCEE, aproxima ainda mais a empresa dos colaboradores ao trazer conteúdos leves e modernos, reforçar avisos e mostrar bastidores e coberturas de eventos externos. A Plugflix, TV corporativa, aprofunda temas relevantes do setor em formatos audiovisuais atemporais, como quadros explicativos sobre o mercado, aproximando o público do cotidiano da empresa. E o Comitê de Comunicação fortalece o fluxo entre áreas ao reunir representantes que compartilham novidades, trocam feedbacks e monitoram possíveis ruídos. A força desse sistema está na complementaridade: múltiplos canais e múltiplas experiências que garantem que a comunicação chegue de forma clara e ajustada aos diferentes perfis de consumo”.
Além disso, continua Claudia, “o uso frequente de fotos dos próprios colaboradores em notícias, banners e artes reforça a identificação e permite observar se o público se reconhece nas mensagens e se sente parte da narrativa institucional. Os eventos também são monitorados de forma estruturada, com indicadores de participação, satisfação, perfil dos públicos e avaliação do cliente interno. A combinação desses instrumentos permite entender se a mensagem chegou, foi compreendida e aplicada no dia a dia. Dessa forma, a comunicação interna consolida seu papel estratégico ao fortalecer engajamento, cultura e alinhamento entre pessoas e negócio”.

Na Aché, Danielle Costa Ogeda, gerente sênior de Comunicação Institucional, enfatiza que “a comunicação efetiva e relevante dentro de uma companhia é a que faz parte do negócio, entende a estratégia da empresa, conhece os competidores, os desafios do mercado e a cultura que permeia aquele ambiente”. O ecossistema de comunicação e engajamento com os colaboradores “é parte da nossa estratégia de posicionamento institucional que se sustenta em três frentes: quem a empresa é (nossa cultura), como se expressa (nossa marca e narrativa corporativa) e como é percebida (nossa reputação)”.
“Assim”, continua Danelle, “a nossa cultura é o centro dessa reflexão e os pontos de contato de comunicação com cada colaborador têm como foco ampliar o engajamento com nosso Jeito de Ser e Fazer no Aché e que tenham clareza de como a atividade feita por cada um no dia a dia importa para sermos uma organização de alta performance. Por isso, além dos tradicionais canais usados dentro das empresas, como newsletters, intranet, TV Corporativa, rede social interna e campanhas de endomarketing, no Aché colocamos o protagonismo nas pessoas por meio das conexões e trocas”.

Na Syngenta, segundo Nêmora Reche, diretora de Comunicação Corporativa, “a comunicação é um dos principais canais para transformar os valores da Syngenta em atitudes concretas no cotidiano dos colaboradores. Isso acontece de várias formas complementares, por exemplo, conectando propósito e prática (ajudando os colaboradores a enxergarem como os valores, como integridade, sustentabilidade, inovação e foco no cliente, se refletem nas suas próprias entregas)”.
Também é papel da comunicação promover diálogo e pertencimento, criando espaços de escuta, além de reconhecer e celebrar atitudes alinhadas aos valores. Isso fortalece a cultura interna que, consequentemente, é percebida pela comunidade externa. E medições comprovam isso, defende a executiva. “Medir o impacto da Comunicação Interna é fundamental para demonstrar seu valor estratégico e orientar melhorias contínuas. No caso da Syngenta (em que o foco é cultura, propósito e engajamento sustentável), essa mensuração pode combinar indicadores quantitativos e qualitativos, conectando resultados de comunicação com comportamentos e percepções reais dos colaboradores”.

Não só o cotidiano dos colaboradores é foco da comunicação interna. Na Cogna, “apenas 38% dos conteúdos são de Gente e Cultura. O restante aborda temas institucionais, estratégicos, reputacionais e de negócio, o que mostra que a comunicação interna tem buscado ser uma alavanca de awareness e aceleradora da estratégia da companhia”, comemora Deborah Rodrigues, sócia e diretora de Comunicação Institucional da Cogna Educação.
“Na Cogna, estruturamos a comunicação interna como um ecossistema estratégico de canais, que chamamos de Mundo Cogna”, detalha Deborah. “Trata-se de uma lógica integrada que conecta canal, público e objetivo, garantindo que cada mensagem seja construída com intencionalidade e entregue com precisão”.
Nos últimos meses, a comunicação interna na Cogna passou por uma transformação importante. Deixou de ser uma agenda meramente operacional, buscando se situar como uma aceleradora de cultura, negócio e reputação. Nesse novo posicionamento. Deborah diz que a comunicação “atua como ponte entre o discurso institucional e os comportamentos do dia a dia. Os valores da empresa só se tornam reais quando ganham forma nas atitudes das pessoas. E é a comunicação que ajuda a tornar isso visível, compreensível e coerente”.
A Eldorado Brasil Celulose, CCEE, Aché, Syngenta e Cogna Educação foram premiadas na 15ª Pesquisa Empresas que Melhor se Comunicam com Jornalistas.












