Entre IA e emoções: o novo caminho do marketing digital

O futuro do marketing dependerá tanto da tecnologia quanto da compreensão do ser humano

Por Kaio Alves

A inteligência artificial deixou de ser promessa futurista e passou a ser o motor do marketing digital. Segundo o relatório The State of Marketing AI 2025, da Salesforce, 82% das empresas já utilizam inteligência artificial em alguma etapa de suas campanhas. A consultoria PwC estima ainda que a IA movimentará US$ 15 trilhões na
economia global até 2030, e o marketing está entre os setores mais beneficiados por essa transformação.

Em 2026, ferramentas baseadas em IA e aprendizado de máquina estarão moldando campanhas, prevendo tendências e criando experiências personalizadas em tempo real. Mas, à medida que a tecnologia avança, cresce também a necessidade de entender quem está do outro lado da tela: o ser humano.

Em meu artigo “Aplicações de Gatilhos Neurológicos na Jornada do Consumidor Online” (Lumen et Virtus, 2024), analisei como prova social, escassez, autoridade e reciprocidade influenciam escolhas e fidelização. Segundo o estudo, esses gatilhos funcionam como atalhos mentais que fortalecem vínculos emocionais entre consumidores e marcas. A emoção é o principal catalisador das decisões de compra. O desafio do marketing moderno é entender onde termina a persuasão e começa a construção de confiança.

Também defendo o uso ético do neuromarketing, evitando manipulação e priorizando o valor real para o consumidor. Ambientes imersivos, como o metaverso ampliam os estímulos sensoriais e exigem atenção redobrada às respostas cognitivas do público.

O futuro do marketing será guiado por seis grandes movimentos: campanhas personalizadas em escala; conteúdo orientado por intenção de busca; foco na experiência do cliente; uso responsável de dados; fortalecimento do vídeo e da interatividade; e o avanço de marcas com propósito e compromisso social.

Observo que entender o comportamento humano é tão essencial quanto dominar métricas. O marketing do futuro não será sobre vender mais, mas sobre entender profundamente o comportamento do cliente para entregar o melhor resultado.

Ressalto ainda que, com o fim dos cookies de terceiros, as empresas precisarão investir em dados primários (informações coletadas diretamente do consumidor) para criar experiências mais personalizadas e éticas. Quando uma pessoa sente que uma marca a entende e respeita, o vínculo se fortalece. Isso é comportamento humano puro, a mesma lógica quesustenta as relações sociais desde a evolução da espécie.

Integro uma geração de pesquisadores brasileiros que levam o pensamento científico para o centro do debate sobre o futuro do marketing digital, um futuro em que compreender o ser humano será o verdadeiro diferencial competitivo.

O sucesso das marcas no novo ciclo do marketing dependerá de uma combinação inusitada: tecnologia com propósito, dados com empatia e ciência com sensibilidade. A tecnologia pode prever comportamentos mas compreender pessoas continuará sendo um trabalho profundamente humano.

De acordo com o relatório Adobe Digital Trends Report 2025, 84% dos consumidores afirmam que a experiência oferecida por uma marca é tão importante quanto seus produtos ou serviços — um lembrete de que, mesmo na era da inteligência artificial, o fator humano continua no centro de tudo.

 

Kaio Alves é especialista em neurociência e marketing

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