A Inteligência Artificial ainda suscita dúvidas até entre os experts no assunto. Muitos profissionais de comunicação correm para se atualizar sobre o tema e já utilizam, ou tentam utilizar a tecnologia em suas empresas. O tema “inteligência” é inadequado quando falamos de IA segundo Fernando Giannini, especialista em Tecnologia. Ele foi entrevistado no programa de estreia da JG TV, um novo podcast sobre comunicação, empreendedorismo e desenvolvimento humano, comandado pela jornalista Jussara Goyano, ex-editora da Plataforma Melhor RH, do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação.
“Aqui, converso com especialistas, trago reflexões sobre mídia e sociedade e práticas para quem vive de conteúdo, de suas ideias, sua voz e seu trabalho. Se você é jornalista, creator, profissional liberal ou pequeno empreendedor (ou alguém que ama conhecimento e podcasts) esse canal é pra você”, convida Jussara.
Fernando Giannini, falou sobre o que está por trás das “inteligências artificiais” generativas e quais as implicações do uso na mídia. Ele é autor do livro “ChatGPT e modos de pensar as relações com as inteligências artificiais” e co-fundador do Mande Bem no Enem, site que já ajudou mais de 500 mil jovens a passar no exame.
Giannini começou criticando o termo “inteligência”, no nome da IA, “porque é um sistema que reconhece padrões”, explica. “Ela imita, não é inteligência, ressalta. Entretanto, reconhece que a máquina pode superar os humanos no futuro.
E é uma discussão antiga. O avô do ChatGPT nasceu em 1969, segundo o especialista. E no futuro as pessoas vão se comunicar com prompts [texto em linguagem natural que solicita que a IA generativa execute uma tarefa específica]. Nós já obedecemos a prompts. segundo ele. “Vá para a cama, vá lavar a louça”, exemplifica, usando comparações com o nosso dia a dia, fora da tecnologia.
E a tendência do cérebro é sempre optar por coisas que gastem mais tecnologia. E com a prática do ChatGPT e outros sistemas semelhantes, iremos perder algumas habilidades, avalia. Quando escrevemos um texto, buscamos fontes e informações, e na hora de digitarmos uma questão no ChatGPT perdemos esse processo. A resposta vem pronta.
Quanto ao jornalista, Giannini recomenda, para lidar com esse novo momento, saber mais sobre SEO, XSEO (que vai aprimorar o SEO), além de todas as redes sociais, como Youtube, TikTok, Instagram… conhecer mais sobre algoritmos, um conjunto de habilidades que tira o foco de escrever. O objetivo maior será fazer com que as informações, os vídeos, os textos apareçam melhor nas redes. Escrever é outra coisa.
Um problema da IA, ainda segundo o entrevistado, é que ela esta vindo para substituição, não complementariedade, como outras revoluções tecnológicas. Tudo nela é para diminuir: produtividade, produção de texto, pesquisa, mão de obra… E isso é um problema.
Jussara lembrou o processo de uberização, ou precarização do trabalho do jornalistas, onde muitos atuam sem registro CLT e mal remunerados, e por outro lado, diz que a função de repórter, aquele que traz a informação para dentro da redação ainda é fundamental. Após isso, a checagem, edição, correm o risco de não ter mais o elemento humano na produção. “Hoje não dá para confiar em nenhuma busca em IA”, contrapõe o especialista. Como a IA pode ajudar o jornalismo? Giannini relaciona, lembrando que o jornalista deve ser mutiplataforma: cada grande grupo de comunicação deveria escolher sua LLM (LLMs são capazes de realizar diversas tarefas, incluindo tradução, resumo de texto, geração de conteúdo e resposta a perguntas) baseados na ética e na linha editorial do veículo de comunicação.
E o ChatGPT, apesar do mais conhecido, não é o único, existem hoje mais de 10 mil no mercado, entre eles o Gemini (Google), Copilot (Microsoft), Claude, Perplexity Al, Jasper, Character.AI, e muitos outros. O que não para, no jornalismo, finaliza, é a capacidade de estar sempre se renovando, e para os profissionais, ter um aprendizado contínuo. O core da profissão, agora é acrescentado no que dá mais audiência, mais cliks, e isso muda muita coisa. Mas sem perder a essência, a ética e o profissionalismo”.
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