Tudo na medida certa, e o menos pode ser mais. Essa lógica funciona também no mundo corporativo, quando a comunicação interna informa sem sobrecarregar as pessoas com dados. A infotoxicação é um dos desafios do atual mundo tecnológico. O tema foi debatido no painel “Papo que interessa – O papel da CI na construção de um ambiente seguro”, durante o 4º Fórum Melhor Rh de Felicidade Corporativa – Eu em equilíbrio, organizado pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, no final de junho.
Participaram das discussões Bruno Borges Sciammarella, gerente de Ambientes e Plataformas de Comunicação da Petrobras; Igor Gavazzi Vazzoler, CEO da Progic; e Leonardo Wollinger, diretor de Criação da Clima Comunicação. “Quando falamos de felicidade corporativa parece que estamos romantizando o assunto”, pontuou Vazooler, colocando em discussão o conceito de felicidade corporativa. É um assunto que surgiu nesse contexto de grandes transformações que chegam no mundo corporativo, continuou. “O objetivo da felicidade corporativa é construir ambientes de trabalho felizes. Mas é preciso desmistificar o assunto pois felicidade é algo difícil de obter. E quando temos, geralmente é algo momentâneo”. E nesse mundo corporativos costuma-se desenvolver ideais do que deve ser alcançado e se isso não acontece gera ansiedade e frustrações. “Aquela sensação e impotência que, por mais que a gente faça, não conseguimos, como profissionais, trabalhando numa empresa, conseguir alcançar a tal de felicidade”. E recomenda que profissionais de comunicação não divulguem objetivos que sejam difíceis de alcançar numa organização, quando trata da temática. De qualquer forma, “felicidade corporativa é um movimento que pretende que o ambiente de trabalho seja menos infeliz”. Isso porque, a cultura do trabalho de uma forma geral, está num nível muito abaixo em comparação com outros países, e precisamos evoluir bastante.
Bruno arriscou dizendo que questiona o uso da palavra felicidade corporativa. “Felicidade é muito individual, e me preocupa transformar isso num padrão para todos serem felizes. Outro ponto é esse momento de saúde mental, porque está gerando pessoas mais ansiosas pela busca de felicidade corporativa, e as pessoas se sentem cobradas num local onde passam 8h, 9h, longe de quem realmente gostam, se vestindo como um personagem… então eu questiono isso. Aí gera frustração para quem não consegue essa felicidade dentro do trabalho”. Ele gosta de usar o termo bem-estar. E informa que a Petrobras adota várias iniciativas nesse sentido.
Leonardo concordou, não tem como uma organização garantir toda nossa felicidade, mas essa busca tem a ver com as relações do trabalho, onde passamos 1/3 de nossas vidas. “Se nos sentimos mal no domingo antes de trabalhar na segunda, tem algo errado”. Para ele, felicidade tem a ver com satisfação, e esse sentimento deve estar em equilíbrio e tem a ver em quanto a pessoa pode se desenvolver dentro de uma empresa, ser valorizado, reconhecido. “São várias caixinhas pessoais”. Leonardo também define que o conceito bem-estar é melhor, pois tem a ver com a saúde integral do ser humano, e a felicidade depende disso. E devemos saber, recomenda, se as lideranças tem ideia desses objetivos numa organização. E coloca o papel do líder e da comunicação no papel de enviar a mensagem correta para a equipe.
Como profissionais de comunicação contribuem? Bruno disse que, na Petrobras, com mais 100 mil empregados e prestadores de serviços, a comunicação interna não está dentro do RH, e sim na Comunicação e próxima da Comunicação Externa, tendo RH claro, como parceiro. “Procuramos primeiro, não atrapalhar, com infotoxicação, que traz ansiedade. O desafio é o empregado se sentir informado e não sobrecarregado com informações. Temos o programa Petrobras Bem-estar, e como comunicação temos o dever de dar visibilidade a isso. Leonardo diz se preocupar com as informações chegam dia a dia nos colaboradores. Ouvir o líder, mas ele deve repassar informações e também ouvir seus liderados. Vazzoler destaca trabalhar num local onde não se tenha medo de fazer as coisas e ter população diversa dentro. “É desafiador para a área de comunicação interna fazer o líder se engajar”, complementa . “Temos aqui um programa de líder comunicador, que capacita líderes, inclusive no digital”, informou Bruno. Aquele conceito antigo que trabalhar mais de 8h por dia engaja mais, estamos vestindo a camisa da empresa, precisa ser refeito na cabeça das pessoas, e também das lideranças que fazem a cobrança. Adaptar conceitos de felicidade com as pressões de resultados do dia a dia é um desafio ainda a ser transposto.
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Assista aqui ao primeiro dia do Fórum.
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