Os líderes da nova ordem corporativa enfatizam a importância da empatia e da justiça para o bem-estar dos colaboradores. Essa é uma prática que está nas agendas dos executivos de Recursos Humanos e ganha os holofotes quando o assunto passa pelas métricas de avaliação de liderança, desenvolvimento contínuo de habilidades interpessoais e construção de relações de confiança entre a empresa e seus colaboradores.
Foi o que se concluiu no 4° Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, durante o paniel “Chefe que me entende – Como treinar lideranças atentas à gestão de clima”, promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação.
Na presença de Camila Corá, diretora de Pessoas e ESG do Grupo Pan, Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future e Tatiana Barrocal, diretora de RH da NTT DATA, o evento abordou a importância de treinar lideranças atentas à gestão do clima organizacional e às expectativas e demandas de seus colaboradores.
Camila iniciou a conversa apresentando o resultado de um panorama da liderança de 2024, conduzido pela Humanizadas, que revela que 94% dos líderes entendem que há uma correlação direta da felicidade com o maior engajamento e a maior produtividade. Ao mesmo tempo, o estudo destacou que 71% desse público compreende que o principal fator de desenvolvimento para si é a inteligência emocional, aprimorando a capacidade de lidar com desafios do ambiente profissional e ampliando a compreensão do outro.
A executiva segue a introdução, mencionando que, na dimensão dessa compreensão do outro, a liderança empática passa por três principais pilares. O primeiro, a conexão, com uma consciência de si, para si, e a consciência do outro. Um segundo pilar é a representatividade dos valores da corporação, com a necessidade de uma compreensão dos aspectos de diversidade dentro dessa representatividade. O terceiro pilar reverbera a liderança empática não como uma liderança frágil, mas que se posiciona. Sendo assim, como equilibrar esse diálogo entre a empatia e o posicionamento assertivo?
Com esse questionamento, Camila convidou as outras participantes do painel a buscar respostas e trazer estratégias aplicadas em suas empresas para o desenvolvimento do tema e de uma liderança mais empática, humana e que consegue compreender seus colaboradores e pares profissionais.
Tatiana tomou a palavra e oferece alguns insights e exemplos práticos. Ela comentou que a NTT DATA, além de dar treinamentos, capacitações, e feedbacks – algo protocolar nas organizações –, possui um treinamento muito especial, executado em nível global: uma jornada de três dias que resgata o autoconhecimento de seus executivos.
A empresa acredita que é dessa maneira, conectando-se consigo mesmo primeiro, que o profissional consegue se conectar melhor com o outro, reforçando o aspecto de confiança e fortalecendo o relacionamento, subsidiando, de maneira humana, uma maior assertividade.
É a partir dessa metodologia, que acontece há uma década, que os padrões de comportamento são revistos, que as fortalezas dos executivos são enfatizadas e uma maior autoconsciência enriquece os resultados na vida pessoal e profissional.
Camila Corá concordou que essa metodologia reforça o grande valor humano das organizações. “Isso é imprescindível para que as pessoas possam se conectar com o propósito de uma empresa. A verdade permeia também o CNPJ”, enfatiza, acreditando que se trata de uma forma de expor fragilidades de forma construtiva, abordando-as com a honestidade e a transparência que também devem fazer parte da cultura corporativa.
As experiências vividas no Banco Pan moldaram a crença de Camila: “Além de as pessoas poderem se conectar com a sua verdade, eu precisei fazer com que a alta liderança pudesse entender qual era a verdade daquele CNPJ. Qual é a nossa cultura? Quais são os aspectos que a gente vai valorizar?”, ela contou.
“E quando a gente consegue colocar isso num papel com muita transparência e muita honestidade, os profissionais passam a entender que essa cultura não é só a frase na parede, mas também se tornam ações da alta liderança efetivamente praticadas no dia a dia”, complementou, lembrando o segundo pilar de sua apresentação no início do painel, sobre a representatividade dos valores.
Paola aproveitou o gancho e provoca as convidadas a falar como elas têm traduzido esses valores no dia a dia das pessoas dentro das empresas por onde passam.
E ainda comenta sobre movimento global anual, que ocorre na segunda semana de outubro todos os anos, sempre na segunda quinta-feira de outubro. Nesse dia as empresas no mundo são convidadas a celebrar os seus valores.
Camila voltou a falar sobre a experiência no Banco Pan: “A gente acredita em trabalho colaborativo, em trabalho em equipe mas não dava para colocar, por exemplo, que temos um ambiente amistoso. A verdade é que gente precisava colocar para o colaborador é que aqui a cultura forte é a do argumento. Então eu acho que o principal pilar que a gente precisa proteger é a honestidade intelectual”, comentou a executiva sobre valores inegociáveis da organização.
Tatiana comentou também que num relacionamento entre líder e liderado, nem sempre é fácil traduzir os princípios e valores em comportamentos. “Por isso que a governança e a tradução em um código são fundamentais”, pontua ela. E a equipe precisa, também, saber sobre os princípios e valores, até para que possa ajudar os líderes a alinhar a rota, para o caso em que a fala da empresa não esteja condizente com a sua atuação.
A respeito dessa conexão entre discurso e prática, Paola, por sua vez, afirma que as estratégias do negócio precisam estar alinhadas aos valores transparentes das corporações. Camila reforçou a noção de coerência, afirmando que a prática destes no dia a dia deve ter total relação com a transparência, a governança e a comunicação.
Assista aqui ao primeiro dia do Fórum.
Assista aqui ao segundo dia.
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