Finanças pessoais também é tema para o público interno

A educação financeira deve acontecer em paralelo com a divulgação da tecnologia, dos avanços na saúde, da comunicação e transporte que trouxeram diversos benefícios de qualidade de vida. O tema também foi discutido no último Fórum de Felicidade Corporativa, das Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação

Por Luiz Fernando Schvartzman, CEO da Vista Fintech 

 

Preocupação, insegurança e dúvidas são sentimentos comuns dos brasileiros com relação às finanças pessoais. Diante de um cenário inflacionário aliado a pouca educação financeira, cria-se um ambiente perfeito para oportunismos.
Se o problema fosse apenas encontrar bons investimentos, com rentabilidade superior aos 100% da taxa SELIC, seria fácil e a questão financeira do brasileiro estaria resolvida. Muitos profissionais, fundos de investimento e robôs conseguem, constantemente, superar estes resultados, mas estamos longe de resolver o problema.
Por outro lado, não basta dizer o óbvio que todos já sabem: “guarde X% do seu salário para investir”, “nunca gaste mais do que ganha”, ou “invista em ações, fundos imobiliários e outros”, além de “evite financiamentos e cheque especial”.
A simplicidade na forma de trabalhar com finanças pessoais é um caminho para prejuízos, ainda mais se tratada de forma ingênua e rasa, dizendo o senso comum. Segundo a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), na 5ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, em 2022, 82% dos entrevistados não realizaram nenhum tipo de investimento no ano de 2021.
Certamente o problema não foi a falta de boas opções ou o custo de corretagem. O problema da gestão financeira está enraizado em nossa cultura, e não é uma mazela que atinge apenas aos mais pobres (classe C, D e E), que, segundo o levantamento, representam 75% da população brasileira, embora estes sejam os mais prejudicados. Não depositamos a devida atenção em ter uma reserva de emergência, conhecer bem os gastos, poupar dinheiro para o futuro ou até mesmo se informar sobre taxas de juros e financiamentos. E tudo isso gera um prejuízo enorme a qualidade de vida dos brasileiros.

Mas qual a nossa responsabilidade, profissionais do mercado financeiro, sobre este problema?

Durante muito tempo a única preocupação das empresas foi gerar bons resultados e lucros para seus acionistas. Empresas causaram enormes impactos sociais, ambientais e econômicos, sem medir e compreender a imputabilidade de tudo isso.

Na perspectiva de pivotar e mudar de rumo, governos e sociedade se posicionaram contra, exigindo negócios mais conscientes e responsáveis. Novas leis e acordos foram criados para preservar o meio ambiente e o bem-estar social. Contudo, o mercado financeiro avançou pouco no sentido de rever o real impacto que causou.

Danificar recursos naturais e sociais é tão perverso que oferecer juros abusivos, ou aproveitar da ignorância financeira das pessoas e ofertar produtos sem responsabilidade ao comprador. Não basta dar lucros, deve atender aos anseios e preocupações da sociedade.

Uma pesquisa realizada pela gestora de ativos global BlackRock sobre o sentimento e as atitudes das pessoas em relação aos investimentos mostra que para 56% dos entrevistados o dinheiro é a principal fonte de estresse, superando saúde, família e trabalho.

O trabalho de um profissional do mercado financeiro deve – ou deveria – compreender os anseios da sociedade, criando um trabalho justo, honesto e transformador. Não falta mercado para isso. São milhões de pessoas que precisam de ajuda com suas finanças, seja investindo seu imenso patrimônio, ou reorganizando suas pequenas finanças pessoais, bem como melhorando suas dívidas ou tomando melhores decisões financeiras.

Na vanguarda desta transformação estão os planejadores e educadores financeiros. Estes profissionais, diferentemente de todos os demais do mercado financeiro, são remunerados e trabalham diretamente servindo os interesses do seu cliente e não de bancos, seguradoras e corretoras que pagam comissões para seus profissionais e parceiros venderem o que muitas vezes o cliente não precisa.

O planejador financeiro pessoal vai muito além do dinheiro. É preciso lidar com sentimentos, angústias, expectativas, frustrações, mudanças, adaptações, resiliência e foco. Finanças pessoais retratam a necessidade de uma vida melhor, seja para o endividado ou para o afortunado.

Afinal, todos sofremos com dilemas, agonias e dúvidas que vão muito além dos números e que afetam diretamente nossas escolhas diárias. Isso mostra como as finanças pessoais têm tomado uma importância tão grande, que deixou de ser “apenas” uma área da matemática.

Se por um lado a tecnologia e os avanços na saúde, comunicação e transporte nos trouxeram diversos benefícios de qualidade de vida, por outro lado evidenciaram vários problemas da sociedade. Dentre eles as finanças pessoais.

Uma contradição, pois tais finanças pessoais deveriam ser vistas, justamente, como um elemento básico de desenvolvimento, um instrumento essencial para a aumentar a qualidade de vida das pessoas e contribuir para uma sociedade melhor.

Entretanto, a forma precária como as finanças são tratadas geram o efeito contrário. O dinheiro passa a ser motivo de preocupação e não a solução. Quanto mais controle e organização financeira, maior será a capacidade que as pessoas terão em consumir, inventar, desenvolver, estudar, evoluir e assim, todos crescem junto.

Precisamos virar este jogo e o mercado financeiro é corresponsável pelo momento que vivemos em relação às finanças pessoais, mas pode ser o grande protagonista de uma mudança consistente para uma vida melhor.

Vivemos em uma sociedade com profundos problemas financeiros e com grande parte das famílias incapazes de lidar com suas próprias finanças pessoais. Nos últimos anos isso tem se tornado cada vez mais evidente e abriu oportunidade para inúmeras iniciativas, profissionais e tecnologias em finanças pessoais. No entanto, grande parte destas iniciativas ainda são atreladas a venda de produtos e comissões, o que gera um claro conflito de interesses.

Queremos reparar um erro histórico e devolver às famílias a possibilidade de obter uma melhor qualidade de vida e independência com o melhor uso do seu próprio dinheiro, da forma mais simples, objetiva e honesta possível através de profissionais independentes e sem conexão com instituições financeiras.

Embora a carreira de Planejador Financeiro Pessoal não seja fiscalizada, existem milhares de profissionais e entusiastas do mercado financeiro que exercem esta atividade, contribuindo para ajudar milhares de famílias. Com o propósito de transformar a forma que os brasileiros se relacionam com o dinheiro. Fintechs, como o Meu Vista, profissionalizam o mercado, desenvolvendo planejadores financeiros com treinamentos e tecnologia, gerando maior engajamento de usuários.

Com um mercado carente de bons profissionais, ferramentas à mão e dedicação, o profissional planejador financeiro certamente terá um futuro promissor.

 

 Luiz Fernando Schvartzman, é planejador financeiro e CEO da Vista Fintech

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