Cultura do cancelamento, uma forma de linchamento virtual, é tóxica, segundo especialista

Prática acontece nas redes sociais e afeta a saúde mental pela humilhação pública a que são submetidos os indivíduos.

Nos últimos anos é  impossível estar em qualquer rede social e não ter se deparado com o termo “cancelamento”. Cancelar um indivíduo ou marca que, devidos a comentários, ações ou posturas percebidas de forma erradas, se tornaram práticas corriqueiras na Internet.

A palavra Cultura do Cancelamento foi eleita como termo do ano, em 2019, pelo Dicionário Macquarie,  que todo ano seleciona expressões que mais caracterizam o comportamento humano.

Porém, a prática é tida por especialistas como uma forma de humilhação pública que estão submetidos quase todos os usuários das redes. O fato se dá por discordância de pensamentos e opiniões. Além da exposição negativa, a cultura do cancelamento pode causar danos à saúde mental e psicológica da pessoa estigmatizada.

O cancelamento é uma demonstração social de que aquilo que uma pessoa fez ou disse não é aceito, então ela tem que ficar excluindo, não sendo seguida e excluída do convívio, isso é uma demonstração de que algo que a pessoa fez não é aceito pela sociedade. Afirma Ana Luiza Mano, psicóloga e integrante do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática (NPPI), da PUC-SP.

Nos últimos tempos as redes sociais têm sido palco dessa prática pela facilidade no contato entre as pessoas e pela condição de anonimato que as redes criam. Porém, Ana Luiza ressalta que a cultura do cancelar e ataques nas redes surgem da má compreensão da mensagem passada.

O pesquisador John Suler tem estudos que no meio digital as pessoas ficam mais desinibidas. Há uma falsa sensação de anonimato que as redes dão. As pessoas geralmente têm uma compreensão bem específica do que ela lê, e interpreta o que tem mais a ver com o que ela está sentindo. As redes não dão sensação de poder, mas as pessoas compreendem da maneira que querem.

Redes sociais não são nocivas

A especialista ressalta que as redes sociais muitas vezes levam a culpa pela desestabilização emocional. Porém, o que se percebe, segundo ela, é o mau uso do meio, que é usado para compartilhar ataques: “As redes não são ruins ou boas, o problema é o usuário, não a ferramenta. Expressar emoções imediatas, e comentários momentâneos podem ser utilizados para o mau uso. As redes sociais  são movidas pelos compartilhamentos em busca de feedback e likes, assim muitas pessoas associam a ausência de likes em rejeição, o jeito que a rede é desenhada promove um tipo de comportamento do usuário”.

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