Ser verdadeiro vale mais do que ter milhões de seguidores? Muitos perfis nas redes sociais provam que sim. Ao tomarem posicionamentos diante de polêmicas ou temas considerados tabus e fortalecerem movimentos que apoiam e apostarem na diversidade, os perfis criam conexão com seus seguidores, filtrando os que não estão alinhado e construindo uma audiência fiel e satisfeita com aquilo que é produzido.
Este será um dos temas discutidos no 8º Fórum sobre Marketing de Influência e do 3º Prêmio Microinfluenciadores Digitais, que será realizado no dia 6 de março, de forma 100% digital, das 9h às 19h.
Dois dos participantes do painel, os influenciadores Junior Diogo e Juliana Rangel, compartilharam um pouco de suas vivências em relação aos perfis e contaram como encaram a responsabilidade pela transformação positiva nas redes.
Junior Diogo
Ultimamente tenho trabalhado somente como influencer digital no Instagram, mas me formei em Design de Moda há quatro anos e trabalhei em projetos de produção de figurino.
Por conta da minha formação, estou sempre inserindo a moda nos meus conteúdos, principalmente na quebra do padrão de gênero, que ainda existei, na intenção de desmistificar a ideia de que homem não pode usar certas coisas e elementos. Às vezes faço muito mais como uma posição política, para mostrar que podemos usar o que quisermos.
A partir dessa vontade, de querer mostrar para as pessoas a liberdade das coisas e de querer quebrar um pouco o preconceito – principalmente sob a visão do gay afeminado que a sociedade ainda tem, de muito preconceito – foi que nasceu o meu perfil.
Eu sempre tive um apreço maior pelos elementos de roupa e acessórios considerados do gênero feminino, mas passei a vida toda ouvindo que homem usar tais elementos é errado, mas com o tempo fui percebendo que não tem nenhum erro nisso. Então sempre procuro levar para o meu Instagram assuntos e conteúdos com a intenção de desmistificar esse preconceito. Às vezes uso como um ato político de posicionamento.
Minha conversa com audiência sobre esses temas se dá sempre de forma natural, divertida e com um pouco de humor, sempre mostrando o meu verdadeiro “eu”. Gosto muito de utilizar uma forma descontraída e divertida nos meus conteúdos de ativismo, porque vejo como uma forma leve e fácil para o entendimento das pessoas.
O perfil tem me permitido fechar parcerias com algumas marcas. Por exemplo, tive ação com a Piraquê no carnaval de 2020, para uma participação no evento CarnaUol, além da criação de conteúdos. Tive um contrato de 7 meses com a marca Skala, de produtos capilares para produção de um vídeo semanal. E alguns outros.
Acho que o principal desafio de fazer ativismo nas redes está no mal entendimento de algumas pessoas e nos famosos “haters”, que atacam para prejudicar o psicológico do outro. Mas sempre procuro levar esses comentários e atitudes como um fortalecimento; eles sempre me mostram que é preciso continuar para combater cada vez mais o preconceito. E também preciso ter a preocupação de passar de forma transparente as informações dos conteúdos.
Sentir que meu papel está impactando de forma positiva as pessoas que me acompanham e me seguem é muito maravilhoso, gratificante. Porque sempre que recebo comentários de que consegui ajudar e melhorar o dia de uma pessoa, de que estou ajudando a pessoa no processo de auto aceitação e amor próprio, e de quando recebo mensagens de pessoas agradecendo por terem entendido as minhas mensagens e que tal informação ajudou muito para ela se desconstruir do preconceito, me deixa muito feliz e grato, me dá estímulo para continuar.
Juliana Rangel
Minha atividade principal é trabalhar como redatora publicitária, e eu busco usar os conhecimentos publicitários e aplicá-los aos textos no nicho em que eu sou mais forte no Instagram, que é sobre positividade corporal.
O meu perfil nasceu como uma página pessoal de desconstrução do meu próprio corpo, e mulheres se conectaram naturalmente. Percebi que era um trabalho quando a primeira marca fechou um publi, 1 ano depois.
A conversa com a audiência se dá naturalmente, porque meu conteúdo é sobretudo espontâneo. Eu converso sobre meu dia a dia, sobre desconstrução e agora comecei a mostrar outro lado, de humor.
Apesar de conseguir ter ganhos financeiros com o perfil, com a pandemia ficou mais difícil, mas continuamos.
Um caso bem legal é o da marca Ipanema, que está comigo há dois anos e já fiz até comercial de TV pra eles com a Anitta.
Hoje, eu acredito que meu principal desafio é que o meu ativismo body positive não é visto como ativismo, mas como conformismo, e ter que explicar que amar e cuidar do seu corpo como ele é não é desistência, é resistência.
Mas diariamente eu recebo mensagens, e é realmente surreal perceber que meu trabalho faz tanta diferença. Pessoas que foram à praia pela primeira vez, pessoas que terminaram relacionamentos abusivos, pessoas que aprenderam a impor limites. Essas mensagens me motivam e me fazem saber que estou no caminho certo.