A bandeira do ESG dentro e fora das organizações

Iniciativas internas e com a comunidade ampliam o alcance de políticas de sustentabilidade

O voluntariado é uma forma de engajar funcionários para levar o tema da sustentabilidade para fora dos muros das empresas. Internamente, a formação de embaixadores do ESG comprova um propósito coletivo em prol de uma sociedade mais justa e harmônica.

Jaworski: algumas empresas exageram ações positivas

Diversas iniciativas empresariais têm transformado comunidades, mas é preciso antes fazer a lição de casa interna. Rafael Jaworski, diretor de Gente e Gestão no Grupo Romitex, lamenta o fato de “existirem empresas que geram uma comunicação externa muito bonita, positiva de ações e práticas, mas as pessoas que trabalham lá não sentem esse impacto. Tudo o que precisamos fazer para a comunidade deve ser feito antes para os colaboradores”. Uma das formas que as empresas têm para contribuir com a comunidade é levar esses programas para fora, com o apoio da equipe, por meio de ações de voluntariado, fato que é incentivado pela Romitex, segundo ele.  “E não adianta levar uma prática de bem-estar para a comunidade se, na empresa, os colaboradores não sentem esse bem-estar internamente”, ressalta. Outro exemplo de contradição citado por Rafael é a realização de um coffee break completo para atividades com clientes, enquanto, em eventos com colaboradores, é oferecida apenas uma opção de alimentação muito inferior. “Essa incoerência deve ser eliminada quando nos propomos a trabalhar com ESG”.

“Tudo o que precisamos fazer para a comunidade deve ser feito antes para os colaboradores”

Cristina Iglecio: comunicação com colaboradores faz a diferença

Complementando, Cristina Iglecio, sócia-diretora da Kubix Comunicação e Estratégia, lembrou que “quem está dentro é quem vai contar a história”, referindo-se a ações beneméritas das empresas, em que o voluntário pode falar com mais precisão sobre essas ações. Além disso, “o cuidado com as pessoas ganhou muita força nos últimos 10, 15 anos. E uma das questões em constante mudança e aperfeiçoamento é a comunicação com os colaboradores. Durante muito tempo a comunicação interna era considerada algo menor dentro das organizações, algo que tem mudado”. E ainda, recordando um passado recente, houve um tempo em que, nas ações para o público externo, os colaboradores muitas vezes não participavam, nem sabiam o que estava sendo oferecido pela companhia. “O que acontece hoje é completamente diferente, virou a chave, sabemos hoje que temos que ter as pessoas abraçando as causas da empresa. O resultado disso é a produtividade e o engajamento, com um ambiente mais inclusivo”.

“Sabemos hoje que temos que ter as pessoas abraçando as causas da empresa”

Jéssica: investimentos de mais de $ 450 milhões em ESG

Falando da importância das ações para a comunidade, que engajam o público interno, Jéssica Trevisam, gerente de Responsabilidade da Motiva, empresa com 16 mil colaboradores, que tem desafio grande para mobilizá-los e ter uma conexão, diz que “isso significa assumir responsabilidades; construir relações de confiança, tanto interna como externa; e conquistar a licença social para operar”. Por isso, a empresa entendeu tal importância há 11 anos e constituiu o Instituto Motiva, que faz a gestão social da companhia. E já foram investidos mais de R$ 450 milhões em projetos sociais que já beneficiaram mais de 500 cidades onde a empresa está inserida. “Mas o desafio é olhar além dos números, e recentemente lançamos uma nova estratégia de impacto social que foi construída com um amplo processo de escuta com colaboradores, parceiros, comunidade e especialistas. Trabalhamos agora com o tema de comunidade e cidades sustentáveis e estruturamos algumas frentes de atuação: soluções sustentáveis por meio da mobilidade; redução da desigualdade por meio do acesso à cultura e à educação; e qualidade de vida com ações para saúde e esportes. Um projeto ambicioso com a previsão de uma verba de 1 bilhão de reais para transformar esses territórios onde atuamos, até 2035″.

“O desafio é olhar além dos números”

Importância da educação corporativa

Paola Klee: “Fazer conexão entre os pilares do ESG e os valores das empresas”

Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future, deixou claro que, “quando se fala em ESG, fala-se em sustentabilidade e, ao falar de sustentabilidade, não se pode deixar de falar de cultura e propósito. Dentro dessa perspectiva, o RH tem um papel extremamente estratégico”. Deve-se ainda, segundo ela, fazer conexão entre os pilares do ESG e os valores das empresas. “Isso fortalece, tangibiliza e concretiza no dia a dia. Para sair de um aspecto assistencialista para entrar de fato na cultura da companhia”. Mais que uma área, é ter uma intenção, propósitos claros”. E trazendo o que chama de “sustentabilidade social interna”.  Quando as pessoas não vivenciam a prática do ESG no dia a dia, a proposta perde a legitimidade e força, inclusive para programas de voluntariado. É preciso ter pessoas com a capacidade de influenciar redes internas e externas. Representando as empresas nesses propósitos.

“É preciso ter pessoas com a capacidade de influenciar redes internas e externas”

Almeida: enhuma iniciativa é bem-sucedida se não envolver a alta liderança 

Douglas Almeida, executivo sênior de Recursos Humanos, lembrou de sua trajetória em diversas empresas, nas quais sempre procurou integrar diferentes áreas que tocavam temas relacionados ao ESG, não necessariamente com esse nome, “porque o tema ESG é relativamente recente”. Ele recomenda, para quem ainda não tem um programa estruturado, começar de forma simples, trazendo pessoas de diversas áreas que acreditem na causa. Por outro lado, Douglas destaca: nenhuma iniciativa é bem-sucedida se não envolver a alta liderança e ela estiver de fato comprometida e engajada. Tudo isso, envolvendo as pessoas e as lideranças, traz uma adesão bem mais forte aos projetos. “O desafio é mapear quais pessoas estão num nível maior de prontidão, que tenham engajamento, e começar com esses líderes. Se tenho uma equipe com 10 diretores e a metade está engajada com a causa, eu começo então com essas pessoas. O bom é melhor que o ótimo, não é possível envolver a todos ao mesmo tempo”.

“O desafio é mapear quais pessoas estão num nível maior de prontidão, que tenham engajamento”

Kiko Campos: encontrar pessoas que tenham boa reputação dentro da empresa e sejam influenciadores internos

Já Kiko Campos, professor na Stanford University Design School, confirmou que ESG não é algo solitário e sim um propósito coletivo. “E quando está desenhado na estratégia da organização, na estratégia do RH, se conecta com a cultura. E encontrar pessoas que tenham boa reputação dentro da empresa e sejam influenciadores internos. É uma temática importante para o Brasil e tem grande potencial de crescimento por aqui. E falando no envolvimento da alta liderança, diz que deve colocá-los como facilitadores, inclusive participando como protagonistas em campanhas. Outro ponto destacado pelo professor é usar, no começo da implantação, métricas que já existam pela operação, e não criar métricas feitas depois, que você não consegue automatizar e dará muito trabalho para gerar esse indicador.

“Quando está desenhado na estratégia da organização, na estratégia do RH, se conecta com a cultura”

Avanços do ESG

Charmoniks: é possível cuidar do meio ambiente, das pessoas e também dos negócios ao mesmo tempo

A agenda do ESG está avançando nas organizações em geral, avalia Charmoniks Maria da Graça Heuer, gerente geral de RH na Rede de supermercados e hipermercados Condor e gestora do Instituto Joanir Zonta: “Está avançando, mas ainda se aprimorando em algumas empresas. Muitas já perceberam a importância do ESG. O Condor, por exemplo, tem investido bastante nisso, com práticas como o uso de energia solar, programas sociais e reciclagem de resíduos. Isso mostra que é possível cuidar do meio ambiente, das pessoas e também dos negócios ao mesmo tempo”. Ela recomenda como primeiros passos de implantação “entender o que ESG significa. Depois, é preciso planejar bem, envolver os times, criar ações e acompanhar os resultados. O Condor faz isso com ações como o apoio a projetos sociais, eficiência no uso de recursos naturais e programas para reduzir o impacto ambiental. Tudo isso ajuda a empresa a crescer de forma mais responsável”.

“É preciso planejar bem, envolver os times, criar ações e acompanhar os resultados”

Elcio Trajano: “O ESG tem um longo caminho a percorrer no dia a dia corporativo”

Para Elcio Trajano Jr., diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose, “o ESG tem um longo caminho a percorrer no dia a dia corporativo para sua consolidação, mas já sentimos e presenciamos os seus efeitos na prática. Principalmente nos últimos cinco anos, a agenda ESG, de forma ampla, amadureceu bastante, encontrou caminhos para se tornar realmente relevante na estratégia das empresas e se firmar como um arcabouço de ações com impacto direto no planeta, na empresa e na vida das pessoas. Há uma transformação de cenário notória nos discursos e principalmente em ações, e isso se faz muito presente quando falamos em sustentabilidade. Isso fica muito visível no cuidado com as pessoas, no desenvolvimento das comunidades e na integração da produção com o meio ambiente. Esse avanço acontece quando as empresas entendem que ESG não é apenas um conjunto de metas externas, e sim uma cultura que começa dentro de casa, com a valorização dos colaboradores, identificação e fomento da diversidade, garantia do bem-estar e o investimento constante na capacitação e formação contínua. Esse olhar humano é o que faz com que a sustentabilidade deixe de ser um conceito e se torne uma prática real e transformadora nas empresas”.

Sobre os principais passos para implantar o ESG, Trajano diz que  “as adaptações, sobre qualquer tema ou agenda, são válidas e necessárias. Mas é possível enxergarmos alguns eixos comuns que podem permear todas as organizações. Penso que a empresa, em primeiro lugar, precisa ter as pessoas como um dos pilares para o negócio.  Também não há como falarmos em ESG e deixarmos a diversidade de fora. Reconhecer a diversidade demográfica (gênero, raça, etnia, idade, orientação sexual, deficiência, religião) e a diversidade de experiências (trajetórias de vida, formação acadêmica, origem socioeconômica, vivências culturais). Também é preciso  valorizar o papel da liderança, que vai além da hierarquia e se expressa em atitudes cotidianas como os feedbacks, a escuta ativa, a orientação permanente e a compreensão do outro”.

“ESG não é apenas um conjunto de metas externas, e sim uma cultura que começa dentro de casa”

Ana Paula: necessidade de envolvimento das pessoas e ter indicadores

Falando da experiência numa implantação de ESG, Ana Paula Maniá de Matta, gerente de Sustentabilidade no Grupo HDI, diz que “todos os novos projetos, novos/alterações de processos oriundos de sustentabilidade passam por uma avaliação das áreas envolvidas. O time de sustentabilidade leva a necessidade, apresenta uma possibilidade e refina com as áreas envolvidas. Somente com a aprovação dos envolvidos é que o processo vai para aprovação do comitê executivo da companhia”.

 Além disso, “todos os indicadores necessários foram apresentados para as áreas envolvidas e traduzido o que era esperado de dado e evidência. Depois sentamos com todos os pontos focais de cada área para juntos vermos o processo de levantamento do dado e construímos as evidências. Essas sinalizações são feitas pela área de sustentabilidade para o time dono da política e juntos desenvolvemos os novos trechos/capítulos”.

“O time de sustentabilidade leva a necessidade, apresenta uma possibilidade e refina com as áreas envolvidas”

Danila Cardoso: conhecimento e cultura aproximam pessoas

A questão do letramento é um ponto essencial do ponto de vista de Danila Cardoso, diretora de Pessoas na Motiva: “A democratização da educação é uma das expressões mais genuínas da responsabilidade social na Motiva. Acreditamos que o conhecimento e a cultura são pontes que aproximam pessoas, despertam novos olhares e ampliam horizontes. Um exemplo vivo dessa crença é o Programa de Voluntariado da Motiva, que mobiliza colaboradores em iniciativas voltadas à literatura e à promoção da leitura em diferentes comunidades.  O compromisso da Motiva em investir R$ 1 bilhão até 2035 é mais do que uma meta financeira — é um pacto com o futuro. Um futuro em que o desenvolvimento sustentável do país se constrói com pessoas, comunidades e ideias que transformam realidades.  Esse investimento, conduzido pelo Instituto Motiva, será guiado por três grandes eixos estratégicos: Soluções Sustentáveis, Redução das Desigualdades e Qualidade de Vida”.

“O compromisso da Motiva em investir R$ 1 bilhão até 2035”

 


Esse assunto esteve presente durante o 4º´Fórum Melhor RH ESG e Comunicação

Assista aqui ao primeiro dia do 4º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação

Assista aqui ao segundo dia do 4º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação


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