Nem toda descoberta é revolucionária, mas toda revolução começa com uma boa ideia. Quando há propósito no que se faz, até gestos aparentemente simples demonstram sua potência. Na 3ª edição do Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores (PEMCC), as categorias Revolution e Eureka celebraram ações simbólicas que, com estratégia e sensibilidade, provocaram reflexões, renovaram vínculos e apontaram novos caminhos para o futuro. Petrobras e Transpetro mostraram, na prática, como a comunicação interna tem força para transformar a cultura de uma organização. São iniciativas que tocam memórias, acolhem as vivências dos colaboradores e reforçam o orgulho de pertencer.
Bem sabemos que inovar nem sempre significa romper com tudo (e se você não acompanhou nosso conteúdo especial sobre Inovação em Gestão de Pessoas, eis a oportunidade). Muitas vezes, tem a ver com olhar para dentro, rever o que já foi feito e dar um novo sentido ao que antes parecia “ordinário”. É claro que, quando o matemático grego Arquimedes saiu de sua banheira gritando “Eureka!” ao descobrir a lógica do empuxo, viveu-se ali um momento de disrupção. Mas nem toda inovação precisa ser assim. Trazendo para os dias atuais, vemos que, na comunicação interna, inovar está mais ligado à escuta, à conexão entre pessoas e à transformação da cultura organizacional, sempre a partir do diálogo. E é nesse terreno, da escuta, da memória e do acolhimento, que a Petrobras e a Transpetro construíram suas iniciativas.
Petrobras – memória afetiva e cultura que se comunica com propósito
Parece simbólico demais falar desses três elementos. Mas, quando bem traduzidos, eles se tornam tangíveis aos olhos de quem vive a cultura da empresa. Foi esse desafio que guiou a Petrobras ao celebrar seus 70 anos. Em vez de mirar apenas no futuro ou fazer uma retrospectiva convencional, a empresa decidiu resgatar um momento genuíno de conexão vivido por seus funcionários: o recebimento do telegrama de convocação. “O telegrama é algo que traduz a memória afetiva dos petroleiros, é a confirmação de que foram convocados, o primeiro contato oficial com a empresa. E percebíamos que muitas pessoas guardavam boas lembranças e contavam com orgulho sobre o momento em que o receberam”, conta Patrícia Alves, uma das responsáveis pela comunicação interna da Petrobras. Uma ideia simples, mas, como ela bem destaca, capaz de ativar um sentimento profundo de orgulho.

a primeira edição do PEMCC
Entretanto, recriar esse gesto em larga escala exigiu mais do que uma mensagem bem construída. Foi preciso articular emoção, logística e sigilo para que os cerca de 40 mil empregados da Petrobras, espalhados por todo o país, recebessem o telegrama comemorativo exatamente no dia do aniversário da companhia. “A logística foi garantida com total eficiência pelos Correios, o que nos deixou muito felizes. Foi uma operação inédita lá, nunca enviaram tantos telegramas num só dia”, relembra Patrícia.
Já o impacto veio da surpresa de receber algo tão emblemático. “Pouquíssima gente sabia da ação. Não abrimos o que era nem para o pessoal do RH que nos ajudou com a atualização dos endereços.” O resultado foi uma onda espontânea de depoimentos e registros nas redes, conectando a memória do passado – para alguns, nem tão recente – com o sentimento presente de pertencimento.
Nas entrelinhas da comunicação interna com cultura e representatividade
E, aqui, vale uma reflexão importante: em muitas empresas onde a comunicação interna não tem o devido valor, um aniversário institucional poderia se resumir a um simples comunicado. Mas, na Petrobras, a mensagem foi transmitida com intencionalidade e não parou no simbolismo do gesto. A comunicação reverberou. Além do envio físico dos telegramas, um vídeo narrado por empregados da própria companhia ampliou o alcance da ação e trouxe ainda mais sensibilidade à proposta.
Segundo Patrícia, também houve o cuidado de representar a diversidade dos trabalhadores nessa etapa. “Escolhemos empregados que representavam as nossas várias faces: uma com muitos anos de empresa, outro que trabalha com energias renováveis, um professor da Universidade Petrobras, uma empregada com deficiência. E leram trechos do telegrama e foram a voz de todos os empregados lendo aquele texto”, detalha. A peça foi exibida pela manhã e publicada no Workplace. Assim, muitos receberam o vídeo e o telegrama quase ao mesmo tempo, o que potencializou a emoção e gerou um engajamento espontâneo.
Quando a memória vira estratégia e projeta o futuro
Ao mobilizar as pessoas em torno dessa memória afetiva, a Petrobras também acionou uma sensação coletiva valiosa: o orgulho de ser petroleiro. Como enfatiza Patrícia, “o telegrama reforça o orgulho de se trabalhar na Petrobras, uma empresa comprometida com o Brasil desde o início de sua história”. Além disso, como a ação coincidiu com o reposicionamento da marca, que passou a adotar a assinatura “O Brasil é a nossa energia”, foi possível trabalhar elementos como memória, identidade, cultura e presença, demonstrando que uma boa estratégia de comunicação interna não precisa ser complexa para ser potente. Basta ter escuta, timing e um entendimento profundo do que realmente importa. Aliás, revisitar uma lembrança que já pertence às pessoas é também uma forma de apontar para onde a empresa quer ir.
Não à toa, a escolha do telegrama como símbolo dessa reconexão também ajuda a entender o papel da comunicação interna na construção de uma cultura mais vibrante. Para Patrícia, por meio de ações como essa, que mexem com a emoção, é possível potencializar o orgulho de pertencer e reconhecer as pessoas que fazem a história da empresa. “A comunicação interna tem o poder de criar e reforçar vínculos com a companhia e com a marca”, crava. A emoção, nesse caso, não foi um mero efeito colateral, mas parte central da estratégia.

Transpetro – cuidado que comunica, acolhe e transforma
Se na Petrobras a comunicação interna se voltou ao passado para resgatar memórias e reconectar as pessoas à sua história, na Transpetro o movimento foi outro, mas com o mesmo efeito transformador sobre a cultura. Ao ampliar uma iniciativa iniciada em 2010 e levá-la a praticamente todo o seu território operacional, a empresa mostrou como uma ideia simples, construída a partir da escuta ativa, pode resultar em mudanças mais profundas – inclusive de mentalidade.
O que começou como uma sala de apoio à amamentação na sede da companhia virou uma política concreta de acolhimento, hoje presente em 40 unidades no país. E não se trata apenas de oferecer uma estrutura física adequada às mães, mas de transmitir, por meio da comunicação interna, os valores que sustentam uma cultura mais humana e inclusiva.
Cuidado como valor indiscutível
Com a nova gestão da companhia em 2023, as salas de apoio à amamentação foram implantadas em 39 dos 48 terminais da Transpetro, além da sede. Em 2024, a iniciativa deu mais um novo passo e passou a integrar eventos patrocinados pela empresa, como forma de inspirar outras organizações a abraçarem a pauta. Para Lilian Rossetto de Carvalho, gerente de Comunicação Empresarial e Imprensa da Transpetro, a base de tudo é o valor institucional que sustenta essa estratégia. “Cuidado com as pessoas é um dos nossos valores fundamentais, e isso guiou toda a comunicação em torno dessa iniciativa. Ela simboliza um acolhimento genuíno às mães em nossa força de trabalho, promovendo um ambiente de equidade, inclusão e bem-estar”, reflete.

Carvalho, da Transpetro
Valores tão fundamentais como esses funcionam bem em discursos inspiradores, mas só ganham sentido quando se materializam no cotidiano, por meio de ações concretas que mostram às pessoas que a cultura anunciada é, de fato, vivida por elas. Nesse processo, a comunicação interna cumpre um papel essencial: dar corpo ao projeto e apresentá-lo não como um benefício pontual, mas como expressão de algo enraizado na cultura organizacional. “Desde o início, trabalhamos para mostrar que as salas não são apenas um espaço físico, mas um reflexo de nosso compromisso com a responsabilidade social e a humanização do ambiente corporativo”, explica Lilian. A atuação integrada com as áreas de saúde, diversidade e lideranças regionais também foi decisiva para gerar adesão e senso coletivo.
Impacto no ecossistema
Ao levar o projeto também para eventos, a Transpetro tornou visível algo que já fazia parte de sua prática, mas ainda era invisível para boa parte do mercado. Não por acaso, a comunicação interna tratou esse movimento como um marco dentro e fora da Transpetro. Segundo Lilian, isso fez com que a mensagem de apoio à amamentação reverberasse como direito fundamental que não poderia mais ser ignorado. “Essa iniciativa não apenas atendeu às necessidades de nossa força de trabalho, mas também ofereceu um espaço acolhedor para mães visitantes”, explica Em eventos como a Rio Innovation Week, o simbolismo foi ainda mais forte: comunicar, nesse caso, era também ocupar novos espaços. “Passamos a mensagem que cuidar das pessoas está no centro de tudo o que fazemos”, destaca.
Devido ao caráter sensível do tema, foi necessário humanizar a comunicação e torná-la ainda mais empática e inspiradora. Histórias reais de funcionárias que utilizaram as salas foram usadas nesse sentido, também como forma de garantir a representatividade de todas elas. A narrativa foi, então, construída com linguagem inclusiva e respeitosa, em diferentes canais, incluindo e-mail, mural digital, intranet e eventos presenciais. “Adotamos uma abordagem que reconhece a importância da amamentação para a saúde de mães e bebês, mas também a singularidade de cada jornada familiar”, explica Lilian. Ela conta que a comunicação teve apoio direto da alta liderança e foi conduzida em consonância com objetivos da companhia.
Escuta, impacto e transformação cultural
O feedback recebido deixou claro que a comunicação interna acertou no tom e na forma. “Muitos trabalhadores destacaram o quanto a presença das salas representa sensibilidade e cuidado genuíno por parte da empresa”, conta Lilian. Um dos relatos mais marcantes veio de uma funcionária que disse sentir, pela primeira vez, que a empresa estava realmente preparada para acolhê-la como mãe. E os elogios não vieram só de dentro. Nos eventos patrocinados, o cuidado com a identidade visual das salas também chamou atenção. A partir desses comentários, a Transpetro elaborou um manual com especificações técnicas para facilitar a implantação das salas em outros contextos, dentro e fora da organização.
Com o case entre os destaques do PEMCC, fica claro que ouvir, agir e incluir é uma das combinações mais potentes quando o assunto é comunicação interna. Projetos como esse mostram que comunicar também é estruturar políticas mais humanas, daquelas que tocam as pessoas e deixam marcas reais na cultura. Como resume Lilian, “a comunicação interna tem o poder de ir além da transmissão de mensagens e pode ser uma catalisadora de mudanças culturais profundas”. Ao unir gesto e significado, a Transpetro transformou cuidado em prática concreta e prática cotidiana em cultura viva. E mostrou que, na base de tudo, está a escuta: é dela que nascem palavras como pertencimento, representatividade e felicidade corporativa, entre tantas outras que fazem bem aos colaboradores.
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